18 de abril de 2024
Música

Como compositor, produtor e intérprete, Manoel Magalhães lança primeiro disco solo [ENTREVISTA]

 

O nome CONSERTOS EM GERAL, realmente faz jus a ideia de Manoel Magalhães nesse seu primeiro álbum solo, com 9 faixas autorais, e produzido pelo próprio artista. CONSERTOS EM GERAL faz uma alusão ao ofício do compositor, que muitas vezes acaba sendo esquecido.

“Esse é um trabalho de xamã e acho que se tem uma coisa do século XX que não podemos dar por encerrada é a canção. Eu cresci viciado nisso e faço questão de tentar fazer as minhas para produzir algum efeito também nas pessoas.”, comentou o músico.

 

Abaixo, você vê na íntegra uma entrevista que fizemos com Manoel.

 

 

Esse é o seu primeiro trabalho solo. O que pretende levar com ele, musicalmente e poeticamente?

O primeiro disco solo é um grande salto no escuro. Você não tem outras pessoas pra dividir a responsabilidade, mas também tudo vira uma tela em branco. Você pode pintar a sua própria história de qualquer jeito. Eu quis muito com esse disco resgatar o conceito da canção de rádio, de três minutos, que conversa com todo mundo, que não é de nicho, é um brinquedo que diverte e educa. Eu queria trazer temas complexos como o sonho e a sugestão do destino para um contexto dos relacionamentos amorosos, tema que qualquer um pode acessar. É muito e é pouco ao mesmo tempo.


Explique para nós o conceito do título (CONSERTOS EM GERAL).

É uma alusão às lojas que consertam tudo. Sapato, roupa, televisão ou batedeira elétrica. É uma brincadeira sobre o compositor de música popular ser uma espécie de curandeiro universal, que serve pra curar dores afetivas, rancor, saudade e melancolia. Música, pra mim, serve pra isso.

 

Como foi produzir suas próprias músicas? E como foi esse momento?

É uma aventura pra quem tem coração forte, não recomento, na verdade. É tão mais fácil ir à praia, ler todos os livros do Henry James ou assistir debates esportivos na televisão. Eu sofri muito fazendo esse disco, você nunca sabe se as suas escolhas estão caminhando pra algo que te agrade de verdade, se a colaboração dos outros está ajudando ou atrapalhando o processo. Mas, no fim, com o disco realizado, a alegria é maravilhosa. Dói, mas é transformador.

 

Nas gravações, você contou com participações de grandes músicos, não é?

Sim, o Clower Curtis, que produziu o disco comigo, já é um grande músico. Tocou vários instrumentos e acrescentou muito ao álbum. A talentosa cantora e amiga Vivian Benford também participa de várias canções, entre elas, QUANDO ELA QUISER, e CAMPOS. Além deles, tive a sorte de contar com um time de primeira da música brasileira atual: Antonio Guerra, pianista e acordeonista, Marcelo Cebokin no saxofone, Aquiles Moraes no trompete e Mateus Ceccato no violoncelo.

 

É verdade que as músicas do álbum estão sendo trabalhadas desde 2014? Como foram os momentos de criação das faixas?

Sim, desde 2014 eu trabalho nessas músicas. Pensei e repensei bastante alguns detalhes delas e fui tentando construir um registro abrangente dessa época da minha vida. As nove músicas são como retratos de coisas que eu pensei num passado muito remoto e que voltaram nesse período. As letras podem parecer literais, mas não são. Não são histórias fechadas, claras, são junções de temas que vivem no meu imaginário já há 20 anos. A passividade do fim em PRA GRAVAR NA SUA SECRETÁRIA ELETRÔNICA, o sonho como narrativa em CAMPOS, que tem citações ao Truffaut, ao Tom Zé e ao John Coltrane, todos eles identificados com esse significado onírico do desejo. Cada parte forma um todo que é marcado pelos assuntos que atravessam a minha cabeça e eu não tenho possibilidade de verbalizar em diálogos humanos normais.

 

 Tem alguma história ou curiosidade que queria nos contar a respeito do álbum?

A história que eu queria contar é que tive medo de começarem a achar que esse disco era uma lenda urbana. Meus amigos perguntavam: “E o disco?” E o pânico de não terminar nunca quase me dominou. Felizmente, está aí e até agora sou todo alegria pelo rumo que ele está ganhando. 

 

 

 

 

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.