Um toque para afundar num mar raso. Jurei para mim mesmo que haveria volta, e acabei dando voltas em promessas vazias e ruins — Há um grande enigma da humanidade; saber sobre o amor e como ele pode machucar um coração — Isso soa engraçado? Pois eu ri com essa ironia feita por algumas pessoas que em sua grande maioria, separa-se como diferente apenas 15% da multidão, e claro, em seu caso raro. O casamento atual é construído por base erradas, sem solidez, sem estrutura correta; percebe-se a grande falta de comunicação entre os casais, os “te amos” não ditos acumulam na maior decepção; traição. Típico de novela que registra essa infeliz cena, diversas e diversas vezes tratando-se como algo normal e não anormal dando mais certeza aos fins dos casamentos construídos por longos anos, terminam-se como um fim de uma estação outono para inverno, é como uma festa de São João que inicia-se para pôr seu fim cinco dias depois — julgue-me por ser essa mulher revoltada que pensa de maneira menos sútil para não agradar aqueles que colocam suas crenças em erros desnecessários que machucam o(a) companheiro(a).
O egoísmo é mais claro que qualquer outra luz, mais forte, mais terrível que o próprio sol onde o(a) próprio(a) cidadã(o) fica cego mesmo irradiando esse brilho que soa mal, que cheira igual carniça para urubu sobrevoar e alimentar-se dessa carcaça inútil que permanece viva mesmo após tantas atrocidades cometidas. Ele grita todos os santos dias, e nenhum desses dias foram santos — “Vou me jogar no chão e fingir de morto”, que se dane. Anteontem, um Homem bateu em minha porta, olhos castanhos claros, pardo, disse-me sobre as correspondências, entregou-me, “o correio sempre entrega lá, não que eu esteja incomodado, sabe? É que tenho algo mais importante pra fazer, um exemplo desse é dar uma cagada” a voz dele me incomodava de tão insuportável que era, ele é casado com uma mulher a qual apanha todos os dias após o mesmo vir de noitadas, sempre com sua cerveja horrível na mão, rodopiando pela rua, mais aparentava ser algum demônio do que alguém de fato. Seu cheiro era de um gambá misturado com perfume da Aton. Por que tem homens são assim? Tão imundos, tão miseráveis, tão rudes consigo mesmo ao ponto de agredir alguém que diz amar tanto.
Odeio ser interrompida em meu processo diário, a querida solidão e a diversão de notar o quão vazia estou. E nunca será de fome. A última vez na qual fiz amor faz nove meses e foi horrível. Tentei casar, mas o filho da mãe me deixou em cima de um altar, decidiu voltar aos cabarés comer as piores putas. Pegou HIV e está em uma cama de Uti, no respirador, em seu estágio final. Preferiu a morte do que a consciência limpa, negou-me para aceitar cavar sua própria cova — e de fato, analisando profundamente, essa é a realidade de milhares de pessoas, vivem infelizes em um casamento arruinado, fracassado, pois os métodos foram fáceis de serem destruídos. A minha querida geração que não tem cimento e bloco, apenas água, lama e pó, tudo aqui veio momentâneo para voltar igual liquido, sem “oi”, apenas “não suporto mais”, deseja-se terminar por tudo. Até pelo fato de alguma briga comum, corriqueira para aprendizagem. Infelizmente somos culpados pelos nossos fracassos, e se não seguirmos em frente isso nos destruirá demasiadamente com prioridade no interior. Quantas vezes você viu todos curtirem a praia, todos viam um dia ensolarado, mas em você havia uma chuva forte que te impedia? Quantas vezes em um quarto o choro perdurou como uma música clássica tocada em um violoncelo, seu drama em cada toque traz a resolução atual, a princípio, morre-se mais cidadãos por meio do desamor do que pela própria morte física. Se tivéssemos visão raio X ao andar na rua, veríamos muitos corações aos pedaços, com fita isolante em cada pedacinho, tentando levantar depois de tantas decepções. Ah se pudéssemos ver. A melancolia seria mais aceitável.
Então meu caro Neruda, te escrevo como uma revoltada que precisa de sua resposta imediata sobre essa humanidade perdida. Porém, caso seu silêncio seja ensurdecedor, prefiro-o. Grata.
Com raiva, muita raiva.
Maltite Moraeu.
Luan FH. (autor).