16 de janeiro de 2025
Além da BR

Playlist “Além da BR” #155 – Sons do mundo que chegam até nós

Além da BR

Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”.

Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 155ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes da playlist.

Zoe Moff – “Bestia Göce” – (Argentina) – [MINI ENTREVISTA]

O que essa música diz ao mundo? “Bestia Göce” é um disco com som futurista que investiga as enormes estruturas de poder e as injustiças sociais do nosso tempo. Com refrões cativantes, vibrações futurísticas e grooves funky, o EP combina sem esforço elementos de Hip-Hop e World Music, extraindo influências de artistas como Ana Tijoux, Clipping e Feli Colina.

Como e por que a música surgiu? O último disco de Zoe Möff, “Bestia Göce”, é o culminar de três anos de exploração de paisagens sonoras, quebra de fronteiras e uma jornada profundamente introspectiva moldada por movimentos sociais significativos. Surgiu por volta de setembro de 2023 e culminou totalmente em fevereiro de 2024.

O que a capa da música representa? A capa do álbum visualmente impressionante foi criada pela icônica designer argentina Ina Mathov, apresentando uma fotografia capturada por Gabrielle Rodriguez. É uma foto da Artista Zoe Moff deitada nua com seu violão. Representa a agressão da nudez em conjunto com coisas mundanas como um violão e uma janela. Representa esta “besta” em Bestia Göce.

Quais são seus comentários sobre o som/musicalidade dessa música?

Produzido por Zoe Moff e projetado por Tibu Gracia, duas vezes indicado ao Grammy Latino, nos estúdios “La Bestia” na Cidade do México durante fevereiro de 2024, o EP reflete a dedicação de Moff em criar uma identidade sonora distinta. “Bestia Göce” foi verdadeiramente um empreendimento internacional, refletindo a formação intercultural do artista enraizado na Argentina e influenciado pela World Music.

O que essa música diz sobre o seu país, a Argentina? Esta música se inspira em influências musicais como Seru Giran, Sui Generis e artistas argentinos modernos como Feli Colina. Diz que a nossa cultura nunca desiste, está sempre a lutar pelos nossos direitos e pelas injustiças sociais, e a história da música ser política continua.

Sobre Zoe Moff: Moff é uma artista argentina queer cuja música desafia a categorização tradicional. Inspirando-se na música experimental, no jazz e no hip-hop político, Moff cria uma fusão sonora de funk, hip-hop e lirismo ativista. A sua abordagem de mudança de género visa explorar os meandros da música, tanto como forma de arte como como meio de dizer algo significativo.

Respostas Zoe Moff

Tigre X9T – “Petro” – (Rpública Dominicana) – [MINI ENTREVISTA]

O que a letra da música diz e qual sua mensagem? Nessa música estou basicamente dizendo aos rappers que fazer rap não é apenas rimar palavras. Coloque também linhas de duplo sentido ou piadas. No rap hispânico isso quase não existe. Por exemplo, nesta música há três versos curtos que dizem:;

aquele que conduz como uma voltagem chegou

O motorista chegou

Fluxo que leva luz.

Aqui digo as duas formas da palavra “dirigir”, a primeira refere-se a dirigir eletricidade, a segunda é dirigir um carro. Ou seja, estou à frente na condução do gênero. E a terceira linha começa com “flow” referindo-se a 2 coisas. Fluxo de eletricidade que acende as luzes ( continuando com a base elétrica das linhas anteriores) e Fluxo de batidas em uma pista. Estas 3 linhas têm 3 significados diferentes. A música tem 32 compassos nos dois versos e mais da metade são como este exemplo.

Como e por que surgiu esta canção? Eu escrevi essa música há um tempo atrás, mas não tinha uma faixa. Recentemente consegui um home studio e aprendi a fazer faixas. E essa é a faixa dessa música. E tenho mais vindo. Tenho músicas românticas e perreos que estou fazendo. E vou gravar em breve.

O simboliza a capa do single? A música se chama Petro. Como Petróleo. E a capa me representa prestes a explodir como óleo em fogo.

Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar? Aos poucos vou melhorar. Este é apenas o começo. Quero agradecer pela oportunidade de colocar minha música na sua plataforma que seu público gosta.

O que esta música diz sobre seu país, a República Dominicana? Essa música diz que na República Dominicana há muito talento e só restam oportunidades para encontrá-lo.

Respostas Tigre X9T

Panini Project – “Queerdo” – [MINI ENTREVISTA]

Se tivesse que apresentar rapidamente esta música para alguém, o que diria? ‘Queerdo’ é o segundo single de pré-lançamento da banda austríaca Panini Project, uma banda de rock alternativo que mistura elementos progressivos com elementos pesados ​​e eletrônicos em seu álbum de estreia ‘Near-Life Experience’.

Qual a ideia da letra, o que a música diz? A fusão das palavras ‘queer’ e ‘esquisito’ descreve um estranho, que na música luta com a perda de uma pessoa muito próxima. Consequentemente, ele lida com a sua própria mortalidade e questiona cada estrutura do seu ser e do mundo, o que leva a uma alienação massiva.

Como esta canção surgiu, o que a inspirou? A música foi escrita em estado de coma de choque e raiva depois que minha mãe morreu de câncer. Neste momento parecia a forma mais adequada de lidar com a situação.

O que esta música diz sobre seu país, a Austria? Essa é uma pergunta muito interessante. Acho que a Áustria é um país onde as pessoas são bastante introspectivas, cínicas e de orientação neoliberal, o que muitas vezes leva ao isolamento e ao individualismo. Eu me senti muito só e isolado antes, durante e depois do processo de escrita.

Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar? O insight pessoal mais curioso foi que, em qualquer situação de vida terrível, você é responsável por seu próprio processo de cura e deve garantir que você mesmo conseguirá tirar sua mente da miséria.

Respostas Panini Project

Midnight Zephyr – “One Step (At A Time)” – (Austrália) – [MINI ENTREVISTA]

Resumindo, que música é essa? Para nós, essa música funciona como uma ponte entre nossa primeira música, “Walls“, que era uma música alternativa de hard rock, e nosso segundo lançamento, “Tonight“, que é descolado e mais pop. Essas duas músicas soam tão diferentes, e nos orgulhamos do fato de podermos explorar tantos gêneros, ao mesmo tempo em que soam como nós! Então essa foi a música perfeita para reunir fãs novos e antigos

Indo mais fundo, o que dizem as letras e qual é a sua mensagem? A música é sobre viver o momento. Cada afirmação positiva nos versículos é sempre equilibrada com outra afirmação para trazê-lo de volta à terra. A vida também é assim, onde você não pode ter o bem sem o mal e o mal sem o bem. Portanto, ser capaz de parar, absorver tudo e estar no presente é muito importante. Fazer a música soar tão divertida e positiva, com letras contrastantes foi importante e ajuda na mensagem que estamos tentando passar.

Em que situação nasceu a música e como foi o momento? Este foi um filho que originalmente trouxe para o grupo. Tinha parte de um refrão e a letra do primeiro verso estava pela metade, mas foi o suficiente para se ter uma ideia. Nosso vocalista principal, John, gostou muito porque ele adorava música alternativa e pop punk, então decidimos trabalhar nisso e finalizá-lo juntos. Depois que terminamos, achamos que era bem cativante e mostramos ao resto da banda. Nosso guitarrista Aaron gostou muito, mas nosso baterista Leroy odiou! Acho que ele aprendeu a gostar agora, já que é tão cheio de energia. Mas assim que John e eu trouxemos o primeiro rascunho, todos tiveram uma palavra a dizer sobre a música, então é um esforço colaborativo.

O que a capa simboliza? A capa mantém um esquema de cores semelhante ao da nossa música “Tonight”, que achamos importante porque “One step” e “Tonight” são os singles principais do EP que lançaremos no final do ano. De certa forma, é bastante literal porque você pode ver alguém prestes a dar um passo, mas de outra forma é uma metáfora porque você nem sempre sabe o que está por vir. E isso também é mostrado pelo quão desfocada parte da arte também.

O que essa música diz sobre a Austrália? A música é realmente enérgica e positiva, o que eu acho que é uma forma bem australiana de ver a música. Alguns de nossos maiores artistas são roqueiros como ACDC, mas também há um movimento punk underground muito legal acontecendo. Essas bandas punk fazem os melhores shows porque você nunca sabe o que vai acontecer a seguir! Mas todos na banda também amam praia, então tentamos tirar alguns sons exuberantes de nossas guitarras, inspirados em bandas de surf punk dos anos 90.

Respostas de Nick Seroukas, baixista e co-vocalista da banda

Penya – “Ligia” (Antonio Carlos Jobim Cover) – [MINI ENTREVISTA]

Se você tivesse que apresentar rapidamente essa música para alguém, o que você diria? O lirismo suave da bossa nova amplificado com os sons modernos do soul urbano e do trap.

Como você percebe essa música, a bossa nova e a música brasileira? Essa música é o culminar de uma vida inteira estudando e atuando como pianista de jazz. Paralelamente tenho produzido artistas da área de Neo Soul/Funk/R&B. Utilizar o que aprendi com os gêneros modernos na música pela qual me apaixonei tem sido uma  paixão pessoal minha.

Como você descobriu ‘Ligia’ e a música brasileira? Descobri Ligia em um sampler de jazz que encontrei na coleção de CDs dos meus pais quando criança. Foi minha primeira introdução ao jazz e à bossa nova. Destacou-se como um transbordamento de angústia existencial, amor e paixão. Stan Getz realmente sabia como expressar cada grama de alma através de seu saxofone, especialmente naquela música. A partir dessa música mergulhei no restante de suas colaborações com Jobim e Gilberto. Astrud tem uma quietude como vocalista que não tenho certeza se conseguirei encontrar, mas ainda a admiro de longe e desejo um dia alcançá-la.

Que elementos únicos sua versão traz em comparação com a original? Claro, como mencionei antes, minha versão tem um estilo de produção moderno, especialmente na forma como eu sintetizei especificamente cada som de bateria, baixo e solo a partir de uma síntese modular. Mas além do aspecto mais original estão as novas letras. Eles não são uma tradução direta, mas capturam os temas do original, especialmente através da minha recente experiência pessoal de querer o que nunca poderei ter.
Há alguma informação interessante sobre este lançamento que você gostaria de destacar? Penya: Gostaria de destacar a natureza única das letras. Emessência, o poema é uma afirmação suprema através de uma litania de negações. O que existe na música, como disse Jobim, é o seguinte: “algo que você nega tanto que acaba virando uma afirmação, uma afirmação suprema de amor”.

Respostas Penya

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.