A arte é uma paixão nascida na infância. Sua avó materna na tentativa de deixá-la quieta por algum tempo, sempre lhe dava tintas, pincéis e tecidos, ficando pintando por horas. As cores e o cheiro da tinta ficaram gravados na artista.
Na década de 90, a artista com seus 20 anos, fez sua primeira incursão, mais séria no mundo das artes. Participou de salões de arte, em Santos e região da baixada santista – SP, sendo premiada pela NACLIP – Núcleo de Arte e Cultura do Litoral Paulista.
Depois afastou-se das artes e dedicou a família.
Há dois anos voltou a pintar e dedica seu tempo a criar e aprender arte. Tem obra exposta no jardim da orla de Santos – SP, no projeto Muretas de Santos. Foi convidada a realizar, uma exposição individual na Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos. ‘Fluxo’ foi recorde de visitações, e foi prorrogada até o último dia 28 de julho.
A SEGUIR, CONFIRA A ENTREVISTA QUE FIZEMOS COM A ARTISTA.
Você enxerga a arte nacional contemporânea?
Sim, nossos artistas estão presentes em diversas galerias e museus internacionais, o que me faz crer que somos criativos e talentosos. Vários leilões internacionais têm participação de obras brasileiras e temos também, muitos colecionadores com obras de brasileiros, assim como uma das maiores feiras de arte do circuito mundial, a SP-Arte.
Para você, o que as galerias e museus deveriam fazer para estimular a visitação e a produção artística como um todo?
Divulgação e incentivo. É preciso desmistificar o elitismo da arte. Valores accessíveis, dia com abertura noturna, visitas guiadas para adultos e crianças com linguagem simples e que leve o público a pensar, a querer conhecer mais, acredito que são os primeiros passos.
O recorde de público da exposição da Tarsila, no Masp, se deve em grande parte a isso ela é conhecida do público, estudamos na escola. Conhecimento gera curiosidade, vontade de saber mais.
E os governantes e a própria população, o que deveriam fazer?
O governo poderia investir mais em leis de incentivo, na desburocratização e leis menos severas para importação e exportação de obras, facilitando o intercâmbio entre galerias e museus. A população está entendendo que a cultura e a arte são acessíveis e tem correspondido com isso. Acredito que as pessoas querem mais arte e para isso a educação para a arte é muito importante também, ela parte da história passada e futura, ela retrata o momento vivido por um povo.
Qual sua visão da arte brasileira para o futuro próximo e a distância?
Sou bastante otimista e acredito que o mundo digital, as redes sociais, aproximaram a arte das pessoas. A arte brasileira ganhou o mundo e precisamos solidificar internamente também. Temos crítica e curadoria de excelente nível e artistas muito dedicados e talentosos. Estamos presentes em galerias, feiras, leilões e coleções aqui e lá fora.
O cenário artístico brasileiro está ligado, direta ou indiretamente com a arte gringa?
O mundo hoje é globalizado e digital temos informações dos quatro cantos do mundo o tempo todo nas mãos, assim como passamos todos por um momento conturbado mundialmente, então creio que as influências são mútuas, estamos antenados um nos outros, vivemos no mundo da visualização. Claro que assim como cada lugar no mundo, o Brasil tem sua identidade, como povo, modo de vida, tropicalidade e acolhimento que se retratam na nossa arte e fazem o nosso diferencial.
Como a chegada dos europeus ao Brasil influenciou na arte brasileira como um todo? Levando em consideração a arte indígena, você acredita que se a colonização não tivesse acontecido, o Brasil teria uma identidade artística muito forte e diferenciada?
Com certeza os europeus trouxeram consigo hábitos e gostos que influenciaram a construção da América como um todo, arte, moda, arquitetura, música, etc.
Com o tempo cada colônia acabou incluindo suas próprias referências e desenvolvendo características singulares, vindas dessa mistura.
Sem a base europeia, não sei se nossa identidade artística seria forte, mas diferenciada com certeza, as cores vivas são um grande exemplo disso nas obras brasileiras.
Você tem alguma(s) história(s) ou curiosidade(s) interessante(s) que envolva essa pauta?
Sim. Houve um congresso em Nova Iorque ano passado, com participantes de vários países e fui convidada a dedicar algumas obras aos palestrantes o que eu realizei com dedicação. No evento de entrega todos destacaram as combinações de cores e o estilo brasileiro de criar obras com elegância e qualidade artística. E hoje sou muito grata de ter uma obra minha na sala de uma das palestrantes na ONU.
Fique à vontade para falar algo que eu não perguntei e que você gostaria de ter dito.
Gostaria de agradecer ao santista pela presença na exposição “Fluxo”, que encerrou nesse domingo após sua prorrogação graças ao grande número de visitações e a Pinacoteca Benedicto Calixto pelo convite e pela honra de expor minhas obras.