(Obra “Lustre” – Crédito: Stefânia Sangi)
Os aviões sempre voaram no corpo e alma do artista plástico e empresário Marcos Amaro, sob intensa influência de seu pai, Rolim Amaro (1942-2001), ex-presidente da TAM Linhas Aéreas.
É assim, que ele produziu uma série de obras com o nome “Diálogos com Meu Pai”, cuja a obra “Lustre” é pauta nessa reportagem e entrevista. O trabalho marca o regresso do artista ao Brasil após temporada na Bélgica.
“Lustre” é complexo, conceitual, e ao mesmo tempo, mágico aos olhares sensíveis. Os materiais usados se resumem a objetos simples, e com isso, Marcos Amaro vai na própria contramão quando ainda em lembranças de seu pai, expressava suas memórias em peças corpulentas, ou seja, de grandes proporções físicas.
Com gesso, tinta, areia, cimento e outros produtos rústicos, Marcos Amaro embarca várias ideias em “Lustre”. Isso e muito mais você confere em nossa entrevista especial por texto e no vídeo acima publicado pelo próprio artista em seu Canal do Youtube.
SOBRE O ARTISTA
Nascido na capital paulista em 1984, Marcos Amaro é e sempre foi um apaixonado pela arte. É empresário, mecenas e artista plástico. Formou-se em economia pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), e em Filosofia pelo Instituto GENS de Educação e Cultura.
Além de membro do conselho da TAM Linhas Áreas, teve destaque no ramo óptico brasileiro como representante nacional da marca Suiça TAG Heuer e da Francesa Alain Mikli, e como proprietário da rede Óticas Carol, entre 2008 e 2013.
Em seu lado artístico, realizou inúmeras exposições e em grandes museus e centros de cultural pelo Brasil. Participou de feiras internacionais, como a SP-Arte, Art Basel e Art Zurich. À frente da fundação Marcos Amaro (FMA) e do museu Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA), tem como objetivo apoiar projetos de arte e cultural.
E mais: Marcos é sócio das empresas V2 Investimentos, LogBras e Galeria Kogan Amaro, e idealizador do Museu da Escultura Contemporânea Latino-Americana (Mescla). Atualmente, é conselheiro do Instituto de Arte Contemporânea (IAC), do Museu Brasileiro da Escultura (Mube), do Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (MACS), da Fundação Instituto Iberê Camargo e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).
A escultura “Lustre” é penetrante e até inquietante, na minha opinião. Porém, quero ouvir de suas próprias palavras, o significado dessa obra.
Sempre gosto de dar a chance do espectador interpretar de acordo com sua própria subjetividade. Todavia, procuro fazer o trabalho com meus sentimentos mais sinceros. Isso é o mais importante para mim.
Julgo interessante você nos contar o contexto dessa obra, o momento de criação.
Quando voltei da Bélgica, depois de dois anos, fiquei muito distante do meu ateliê. E acabei reencontrando minhas maquetes de avião. A partir daí, entendi que queria fazer meu trabalho com uma amplitude maior. Com a tragédia, com a perda do meu pai, existia ali uma violência no meu trabalho. E passei a entender tudo isso de uma maneira mais madura. Comecei a acolher esses objetos e de utilizar o tempo como uma ironia. Foi o caso do “lustre”.
O que “Lustre” representa para você e para o universo artístico como um todo? E dentro da série “Diálogos com meu Pai”, qual a importância dessa obra?
O trabalho do artista é bastante autobiográfico. Hoje me sinto seguro de estar falando desse lugar íntimo. Isso tem a ver com a minha história. Há uma necessidade muito grande de aceitação dos artistas, que vem desse lugar mais íntimo. Tudo que eu faço tem um pouco dessa energia. Mas é muito preliminar, me sinto maduro nas instalações e esculturas, mas sou um estudante ainda na pintura.
Não sei se você saberá responder com exatidão essa pergunta. Como o público (artistas, especialistas e comunidade geral) enxerga “Lustre”? Quais são os comentários a cerca dessa obra?
É Sempre muito difícil falar da opinião do outro. Por isso que o artista é aquele que cria independente do significado que vai despertar no outro. Pode provocar uma reação ou outra. Me preocupo mais do porquê eu faço o trabalho.
Detalhe o processo de criação da obra, e o sentimento de esculpi-la.
Esse lustre fazia parte da minha casa. Com essa memória de objeto comecei a usar óleo de aviação, gesso, massarico. Esse processo de derreter que foi dando essa tonalidade. Depois veio a ideia de colocar as ampolas de penicilina.
Você tem alguma(s) história(s) ou curiosidade(s) interessantes que envolvam essa obra?
Fiz uma série desses trabalhos. Uma máquina de costura, altímetro de avião. Trata do intervalo contemporâneo. O lustre se repete no meu trabalho. Cada um de nós tem um significante que reaparece no trabalho. No meu caso é do lustre, tem que a ver com a finitude das coisas.