A peça IVANOV é uma das pérolas do autor russo Anton Tchekhov (1860-1904), escrito em 1897, e curiosamente, é o primeiro texto teatral completo de Anton. Agora, o espetáculo está nas mãos do famoso diretor Ary Coslov com algumas adaptações como a redução do número de personagens. O elenco conta com Sheron Menezes, Isio Ghelman, Marcio Vito, Mario Borges, Marcelo Aquino e Mayara Travassos.
Abaixo veja a sinopse da peça:
Nicolai Ivanov (Isio Guelman) é um homem ensimesmado com seus conflitos interiores, sufocado pelas pressões sociais e econômicas do mundo em que vive. Oprimido pelo amor de Anna, sua esposa doente (Sheron Menezes), a quem não ama mais, e assustado com a paixão fulminante e envolvente da jovem Sacha (Mayara Travassos), Ivánov, inerte e sem fé, não consegue escolher uma direção a seguir. Mais tarde, viúvo e prestes a se casar com Sasha, compreende que se deixou levar mais uma vez pelos acontecimentos, e decide dar um basta.
Para levar até você mais detalhes dessa peça, conversamos com o diretor Ary Coslov que nos deu alguns Feedback sobre a produção de IVANOV. Veja:
Para começar, gostaria que você falasse um pouco da sua trajetória como diretor de uma maneira geral e também como diretor desse espetáculo.
Estive sempre ligado ao teatro, comecei minha carreira como ator em 1963 e passei a dirigir em 1977. Faço televisão desde o início dos anos 60, entrei para a TV-Globo como ator em 1976 e comecei a dirigir em 1979, função que exerço até hoje. Sempre consegui equilibrar meus trabalhos na TV e no teatro embora, claro, me sinta mais integrado ao teatro, mesmo gostando muito da TV. Já dirigi mais de 25 peças, já fui premiado – em 2009, pela direção de “Traição” de Harold Pinter – a agora, dirigindo “Ivanov”, de Anton Tchekhov, realizo um desejo de muitos anos.
Você fez alguma adaptação no texto original do autor russo? Se sim, quais foram as adaptações?
O texto de “Ivanov” tem, originalmente, 14 personagens mais alguns figurantes, o que é muito complicado para quem produz teatro hoje em dia no Brasil. Fiz uma adaptação reduzindo a peça para 6 personagens mas procurando não perder o foco principal, que é a trajetória do personagem-título, Nicolai Ivanov. Embora tenha feito cortes, por outro lado acrescentei algumas falas de “Tio Vânia” e “As Três Irmãs”, absolutamente compatíveis. Acredito que deu para compensar os cortes.
Como aconteceu a escolha do elenco?
O Ìsio estava nesse projeto comigo há alguns anos. Na verdade, eu pretendia fazer o papel, mas isso foi há mais de 30 anos, quando me apaixonei pelo texto. O tempo foi passando e agora já não dá mais para eu fazer um personagem de 40 anos. Adoro o Ísio, então era natural que ele fizesse agora o papel, para o qual ele é perfeito. Com o Marcelo Aquino e o Mário Borges, que são muito meus amigos e com quem já trabalhei algumas vezes, a escolha ocorreu naturalmente. Admiro muito o Márcio Vito e sempre quis trabalhar com ele. A Mayara foi minha aluna num curso na CAL e foi minha assistente de direção em duas montagens recentes, achei que ela poderia fazer muito bem a Sacha. A Sheron Menezzes é uma paixão antiga, já tinha trabalhado com ela na TV e agorta surgiu a oportunidade de chamá-la para fazer teatro, num papel perfeito para ela.
Já faz algum tempo que você quer montar esse espetáculo. Qual sua relação pessoal e profissional com esta peça?
Como já disse, lí o texto pela primeira vez há mais de 30 anos e venho tentando montá-lo desde então. Tchekhov é o maior dramaturgo da história do teatro, talvez superado apenas por Shakespeare. “Ivanov” foi seu primeiro texto longo completo, e nele já estão todas as características marcantes de sua obra, que atingiria o climax com suas peças posteriores, “Tio Vânia”, “A Gaivota”, “Jardim das cerejeiras” e “As Três Irmãs”. Sou apaixonado por Tchekhov. E acho “Ivanov” um texto fantástico.
A história da peça foi escrita no século passado, mas para você, essa história existe alguma afinidade com a atual situação mundial?
Tchekhov era um gênio, ele conhecia a alma humana como poucos e transpôs isso para suas obras, suas peças, seu contos. E a alma humana continua a mesma, apesar de todos os avanços tecnológicos, de todas as revoluções, de todas as guerras, conflitos, escândalos etc.. Isso faz com que sua obra permaneça atual. Em “Ivanov”, parece que ele está falando do homem de hoje, com todas as suas inseguranças, suas ânsias, seus desejos irrealizados.
Como aconteceu a montagem do cenário? E a trilha sonora, como é?
Já trabalho há muito tempo com o Marcos Flaksman, começamos a fazer teatro juntos, há mais de 50 anos. Ele me entende e eu tenho total confiança nele. Acho que ele fez um cenário simples mas belíssimo, bem como a Beth Filipecki, figurinista, com quem já trabalhei muito na Globo. Ela é maravilhosa. Tivemos ano passado uma experiência teatral incrível, dentro da TV-Globo, para o público interno, numa montagem que eu dirigi de um texto de Joel Pommerat, com atores jovens, e ela fez os figurinos, excepcionais. A trilha musical é bastante diversificada, vai desde Chopin, balalaikas, até rock russo contemporâneo, passando por Chet Baker, Nina Simone e até mesmo Paulinho da Viola.
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SERVIÇO
O espetáculo estreou no dia 13 deste mês, e vai até o dia 18 de junho deste ano, e está em cartaz no Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro aos sábados e segundas (21h) e aos domingos as 20h. A indicação é para maiores de 12 anos. A peça tem duração de 80 minutos e os ingressos estão custando R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia).
FICHA TÉCNICA
Texto: Anton Tchekhov
Direção: Ary Coslov
Adaptação: Ary Coslov
Assistente de direção: Marcelo Aquino
Elenco / Personagem:
Isio Ghelman / Ivánov
Marcelo Aquino / Lvov
Marcio Vito / Lebedev
Mario Borges / Borkine
Mayara Travassos / Sacha
Sheron Menezes / Anna
Outros
Cenário: Marcos Flaksman
Figurino: Beth Filipecki
Desenho de luz: Aurélio de Simoni
Trilha sonora: Ary Coslov
Assistente de produção: Renata Valois
Direção de produção: Celso Lemos
Assessoria de imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany