O pesquisador Eduardo Cesar Soares apresenta com exclusividade na Arte Brasileira uma série de indicações sobre filmes do cinema brasileiro dos anos 1960 e 70. “A possibilidade de analisar e indicar grandes produções cinematográficas me fez rever e conhecer ainda mais filmes desse período, que atualmente é quase nula em nossa TV é também na mídia em geral”, conta Eduardo.
O período foi recheado por mudanças e grandes acontecimentos. É por isso também que o colunista acredita que “Nesse momento, houve efervescência na cultura e história no Brasil. E não poderia ser diferente no cinema. Temos grandes obras em todos os gêneros do cinema”.
SINOPSE OFICIAL
Zé do Burro (Leonardo Villar) e sua mulher Rosa (Glória Menezes) vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador(BA). Um dia, o burro de estimação de Zé é atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal.
Com o restabelecimento do bicho, Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucies de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba.
A CRÍTICA
“O pagador de promessas” foi um divisor de águas no universo do cinema nacional. Escrito por Dias Gomes e dirigido por Anselmo Duarte com grande elenco composto por nomes como Dionísio Azevedo, Roberto Ferreira, Geraldo Del Rey, Othon Bastos, Leonardo Villar, Glória Menezes, entre outros, o filme retrata o drama de personagem Zé do Burro e toda sua trajetória para pagar sua promessa, e dessa forma apresentado críticas à sociedade e suas contradições.
O roteiro é objetivo e de forma compreensível aborta fatos impenetráveis na sociedade brasileira até então, como o papel da imprensa na sociedade, repressão, conservadorismo, sincretismo religioso, fundamentalismo religioso, reforma agraria, no trato da mulher e seu real papel na sociedade brasileira e como muitas pessoas ou organizações se moldam de acordo com sua necessidade.
(Igreja na qual se passa as principais cenas do filme)
Filme indispensável para amantes do cinema nacional, como praticamente toda obra de Dias Gomes. O filme foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 1963, vencedor da Palma de Ouro do festival de Cannes em 1962, e também foi vencedor no festival internacional de São Francisco (EUA), em 1962.
O filme foi gravado no estado da Bahia, e suas principais cenas foram produzidas na igreja do Santíssimo Sacramento, localizada no centro histórico da capital baiana, a igreja tombada como patrimônio histórico em 1938, está sendo restaurada.