(Cena da personagem “Tati” interpretada por Daniela Vasconcelos)
O pesquisador Eduardo Cesar Soares apresentar com exclusividade na Arte Brasileira uma série de indicações sobre filmes do cinema brasileiro dos anos 1960 e 70. “A possibilidade de analisar e indicar grandes produções cinematográficas me fez rever e conhecer ainda mais filmes desse período, que atualmente é quase nula em nossa TV é também na mídia em geral”, conta Eduardo.
O período foi recheado por mudanças e grandes acontecimentos. É por isso também que o colunista acredita que “Nesse momento, houve efervescência na cultura e história no Brasil. E não poderia ser diferente no cinema. Temos grandes obras em todos os gêneros do cinema”.
A INDICAÇÃO
“Tati, a garota” foi lançado em 1973 sob direção de Bruno Barreto. O filme venceu o prêmio acional de qualidade no mesmo ano, e indicado ao prêmio Golden Prize, no festival de cinema de Moscou, também em 1973.
O longa apresenta os problemas de Manuela, mãe solteira (Dina Sfat) que sai da Penha e vai morar em Copacabana com Tati (Daniela Vasconcelos), filha de seis anos que quer saber quem é seu pai. Neste recomeço a falta de dinheiro deixa a mãe em sérias dificuldades, o que a faz tomar medidas extremas.
Graças a plataforma Youtube, foi possível encontrar facilmente a obra na íntegra, o que parece ser um tanto difícil em se tratar de um longa não tão conhecido dentro do cinema nacional. Confira:
O filme Tati, podemos destacar como o primeiro longa dirigido por Bruno Barreto, então com 18 anos. O drama baseado no conto Tati, a garota, escrito por Aníbal Machado, apresenta a migração interna no Rio de Janeiro dos anos 70, como possível forma de melhoria de vida. O personagem vivido por Dina Sfat, então abandonada pelo marido, sem estrutura alguma e tendo que manter uma filha de seis anos busca melhor condição de vida saindo do subúrbio carioca, em direção a Copacabana.
Tudo isso visto pelo ponto de vista de uma criança, suas amizades, seus sonhos, suas dificuldades, e como as outras crianças a enxergam por não ter pai, ou pelo menos o pai presente. O filme aborda de forma objetiva o cotidiano de muitos brasileiros e suas dificuldades com filhos, contas, renda, trabalho, acesso a saúde e educação. Além de apresentar em teoria parte de uma “elite” que não valoriza ou reconhece a mão de obra, no caso do filme de uma costureira, onde clientes de Copacabana contratam seus serviços, porem não pagam por isso.
O elenco do filme é incrível, composto por nomes como Dina Sfat, Hugo Carvana, Wilson Grey, Vanda Lacerda, Zezé Macedo, a eterna dona bela, Fabio Sabag, Iara Amaral, e não posso deixar de elogiar o trabalho da pequena Daniela Vasconcelos, que interpretou a Tati com excelência.
Por Eduardo Cesar Soares (Colunista)