6 de outubro de 2024
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Por que Sid teima em não menosprezar o seu título de MC?

Sobre seu primeiro single de 2022, ele disse que “quis trazer outra veia musical, explorar outros lados, brincar com outros temas”, mas eu digo que é o mesmo Sid… seu âmago não mudou!

O rapper brasiliense MC Sid é assim sempre: luta constante rumo ao rap de verdade, o da ideia. Como ponte entre o rap, a sociologia, a filosofia e a honestidade, Sid é duas vertentes: o social e o moralismo, híbridas em boa parte, mesmo que poucos percebam.

A paralisação dos caminhoneiros em maio de 2018, a perturbação política e o desespero por combustíveis, foram pais e mães de “Brasil de Quem?”, clipe na marca superior a 12 milhões de views. Era, então, o seu ataque de sinceridade real. A qualquer humano sensível, a intenção de ego era claramente inexistente.

Em janeiro deste ano, o vencedor de 2016 do Duelo Nacional de MCs simulou seu próprio Funeral. Mas… Calma! É apenas o nome de sua nova música, inapropriada para os falsos se comoverem. Porém, qual a ligação entre o Sid hino involuntário das greves e o artista além da sociopolítica?

Irei responder…

Sid é moral. Suas letras, seu fazer artístico, seu posicionamento é baseado na defesa da ideologia libertária, sem ceder as vaidades e ao mercado. O exemplo prático de sua didática é “Assalto a Mão Letrada”. Em 2 minutos, somente aulas de como escrever rap e agir diante dele, e do que ele espera dos próximos artistas.

Destaca-se os versos “Ontem eu liguei pro meu produtor e perguntei quanto ia sair um videoclipe foda / eu falei fica em paz, vou gravar no celular e vai ficar da hora”. Na sequência, outro tapa: “Quer saber a verdade? / Foda-se minha produção / é a letra que muda a mentalidade”.

A mesma essência deste tema, e muito mais detalhada, se escuta no disco “Poesias e Frustrações”, arremessada em 2019 pelo cara. [Aqui você encontra uma entrevista completa sobre]

Ainda não entendeu, né?

Esse pequeno resumo contendo duas canções é o gosto especial para compreender o Funeral de Sid. Em síntese, a letra e o clipe que a acompanha é sobre o hipotético dia que o corpo do MC é velado. Na ocasião, os presentes são familiares, amigos, um padre, sua recíproca amada esposa e um artista aliado.

Corta-se “recíproca” e “aliado”, já que que os dois personagens são traidores, egoístas e ambicioso. Essa genialidade Einstein é o gancho escolhido para, enfim, levar sua mensagem: “Aqui ninguém é real”, estampada no refrão, e a confissão da coroa (o status) o fazer rei, mas que as coisas não deveriam ser assim.

Depois de seis parágrafos desde a pergunta, faz-se a melhor oportunidade para responde-la: seria possível um país desonesto, corrupto, de políticos distantes de seu propósito, de população sedentária politicamente se a moral pregada por Sid fosse uma prática verde e amarela?

Não.

Comentário de última instância

o clipe de “Funeral” não saiu barato, o que coloca Sid em contradição ao assalto a mão ladrada que fez, apesar de qualquer besta saber que há uma parcela de simplicidades que não se acomodam ao que já é grande.

No vocabulário coloquial digo “tô nem aí!”. Pois isso não muda a cor de sangue nos olhos do MC. E, caso, entre os leitores esteja o próprio, não faça desta a última crítica positiva de você, querido Sid!

Jeito fácil demais de se aprofundar no ser humano Sid

Todas as sensatezes de Sid também estão em seu perfil do instagram, assim como em todos os podcast e entrevistas que participou.

Um bom exemplo é esta postagem na qual descreve a sua fracassada tentativa kurtiniana de fugir da fama.

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FICHA TÉCNICA DE “FUNERAL”

(MÚSICA)

Letra: Mc Sid

Produção Musical: Ugo Ludovico e Pedro Senna

Produção Executiva: Henrique Franzosi

Gravação: Ninehouseone

Mixagem: André Nine

Masterização: Brendan Duffey.

(CLIPE)

Direção: Gabriel Zago

Direção de fotografia: Gabriel Zago

Produção Executiva: Henrique Franzosi

Coordenação de produção Fabiano Monteiro

Assistente de câmera: Raphael Boás

Produção de Set: Tâmara Noleto

Edição e cor: Gabriel Zago

Realização: @opinion.rec

Chefe de Maquinário: Victor V2

Assistente de Elétrica: Tio Nerd

Pré Produção: Carol Kluge

Diretora de Casting/Arte/Figurino: Marina Frechiani

Roteiro: Marina Frechiani

Imprensa/Still/Arte: Mariana Negreiros

Transporte/Contra Regra: Rafael Araujo

Elenco: não tive acesso.

FONTES

– UOL – https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2018/06/12/rappers-dispara-contra-todos-em-hino-dos-caminhoneiros-foram-geniais.htm#:~:text=Um%20das%20promessas%20do%20rap,Nacional%20de%20MCs%20em%202016.&text=Suas%20refer%C3%AAncias%20v%C3%A3o%20desde%20Racionais,da%20nova%20gera%C3%A7%C3%A3o%20do%20rap.

– REVISTA ARTE BRASILEIRA – https://revistaartebrasileira.com.br/sid-poesias-e-frustracoes/

– RELEASE DA ASSESSORIA DE IMPRENSA DO ARTISTA

– FICHA TÉCNICA COLETADA POR MEIO DA DESCRIÇÃO DO CLIPE NO YOUTUBE

Crédito da foto da capa: cena do clipe (divulgação).

Crítica de Matheus Luzi, finalizada no dia 28 de janeiro de 2022, sob encomenda para o módulo 2 do curso “Quem Vai Ler Isso?”

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.