(Por Márcia Kohatsu)
A cantora, compositora, atriz e ativista Raissa Fayet lança “Capim”, segundo single da trilogia “Zoiúda” produzida por Kastrup, com participação de Russo Passapusso. A canção faz uma crítica ao impacto que os vícios e costumes do cotidiano causam no planeta. O clipe tem inserções em poesia-sinalizada em libras e mostra de forma divertida, porém irônica, a cultura desenfreada de consumo atual.
“’Capim’ tem várias simbologias, assim como ‘Zoiúda’, porém são mais sobre o cotidiano: o aprisionamento nos vícios do tempo e das rotinas. Ações que fazemos sem refletir sobre, desde comer carne, fumar, dormir com o celular e por aí vai. Como vamos conseguir sair dessa roda sistêmica que nos aprisiona?”, reflete Raissa. “Carinho na galinha, comendo a galinha, cigarro, carro, bituca de cigarro no chão, remédio, consumo, plástico, resíduos misturados… são várias formas de impacto”, avalia.
O CLIPE
Gravado na Ilha do Mel (PR) e em Curitiba (PR), com participação da comunidade da ilha, tem algumas inserções em libras, feitas por Rafaela Hoebel (atriz e ativista surda) e Jonatas Medeiros (tradutor intérprete e ativista), além de sua mãe, a astróloga Adriane Fayet, e alguns amigos. Sua principal referência estética é o clipe “Like Sugar”, da americana Chaka Khan.
“A roda cármica gera o roubo do tempo, enquanto isso temos que levar a vida repetindo o cotidiano dentro desse sistema abusivo. A impermanência do tempo e a repetição dos padrões seguidos, os vícios das rodas produtivas… Trazemos tanto lixo de tão longe pra saciar uma ausência de alma”, explica Raissa.
Dentre tantas simbologias, como comer dinheiro e vomitar moedas, além do bicho lixo, tem o bicho pet com um escafandro, que simboliza o plástico nos oceanos.
TRILOGIA “ZOIÚDA”
No início de 2019, Raíssa entrou em estúdio para gravar seu novo trabalho, uma trilogia produzida por Guilherme Kastrup (produtor dos discos “Deus é Mulher” e “A Mulher do Fim do Mundo”, que ganhou o Grammy Latino na categoria de melhor álbum de música popular brasileira em 2016, ambos de Elza Soares).
O EP “Zoiúda” será lançado no segundo semestre deste ano e conta com participações de Russo Passapusso e alguns integrantes do Bixiga 70, além de grandes músicos como Du Gomide (sitar, guitarra, rabeca, viola e vozes), François Muleka (baixo e vozes), Maurício Fleury (guitarra e teclado) e Guilherme Kastrup (percussão e bateria).
“Essa trilogia é um chamado para uma reflexão de novos hábitos, de uma nova consciência. Somos os bois do sistema, vamos nos libertar, entender que tudo que precisamos para sobreviver vem da terra, água, ar e o alimento, estarmos atentos para iniciar na prática a mudança. Abre o Zóio!! Zoiúdaaaa!! Pra matar os mal do mundo!”, define Fayet.
SOBRE RAISSA FAYET
Sua pesquisa musical flutua passando pela cultura popular brasileira, através de suas vivências com etnias indígenas e quilombolas, até as músicas nômades ciganas, tuaregs, africanas, com groove, suingue. Suas letras falam sobre espiritualidade, fé, conexão com a natureza, cura, amor, de uma forma política e essencial.
Em 2015, por intermédio de Christian Lohr (tecladista de Joss Stone, produtor de artistas internacionais como Mick Jagger e Sting), gravou com Gregor Meyle uma versão bossa nova da música “HeuteNacht”, sucesso no iTunes que resultou na participação de Raissa na tour de Gregor. O duo, em português e alemão, tem arranjo de cordas e a participação de músicos renomados, como Antônio Sánchez, autor da trilha do premiado filme “Birdman”.
No mesmo ano, ganhou o prêmio de melhor letra no Festival Botucanto, em Botucatu (SP), com a música “Lavar a Louça”. Em fevereiro de 2016, foi selecionada como um dos talentos da América Latina para participar do Red Bull Music Academy Bass Camp, junto com Russo Passapusso, representando o Brasil na edição que ocorreu no Chile.
Em 2017, lançou o mini documentário e o single “São Jorge”. Gravado durante o XIII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, o audiovisual narra a jornada criativa do disco “RÁ”, lançado nesse mesmo ano. Em julho, Raissa participou do Encontro de Culturas pela segunda vez, sendo destaque no palco principal ao lado de grandes nomes da música brasileira.
Entre 2017 e 2018, apresentou o show “RÁ” em diversos festivais do Brasil, incluindo Semana Internacional da Música (SIM-SP, 2017), Festival Psicodália (SC, 2018), Festival Internacional da Música do Sul (FIMS-PR, 2018) e Rio Creative Conference (Rio2C, 2018). Em 2018, foi escolhida para participar do Núcleo de Música do SESI-PR, sob a orientação dos curadores Isaac Chueke, Vadeco Schettini e Alexandre Kassin. Também foi convidada a participar de rodas de conversas e bate-papos sobre Música como Tecnologia Social e Ambiental (Paiol Digital, 2019), “Do It Yourself” (Women Music Event – Festival Subtropikal, 2017) e Gestão de Carreira (Festival Sonora, 2017).
No início de 2019, Raíssa entrou em estúdio para gravar a trilogia “Zoiúda”, produzida por Guilherme Kastrup (produtor dos discos “Deus é Mulher” e “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares,). O EP será lançado no segundo semestre deste ano e conta com participações de Russo Passapusso e Bixiga 70.