madrugada
o silêncio carrega um bêbado na rua
minhas sílabas de menino apalavrado
arrebentaram o estômago
no chão
e agora eu desabo desperdícios;
desafogo
desesperos
mastigo cutículas rubricadas de adeus
todas as vidraças estão sujas de janeiro;
madrugada
e a avenida principal
passa em minhas margens
atropelando com nojo
uma doce eucaristia de
solidão;
preciso de um pistoleiro que possa assassinar meu pai
a faca enfrrujada da cozinha me fez promessas de cesária
teu olhar me pariu covardia;
amanhã prometo trocar minha alma
num moedor de desespero.