A 3ª edição da Revista continua perfeitamente o progresso da 1ª e 2ª. Passos lentos? Já não é bem assim que estamos caminhando. O podcast Investiga permaneceu, chegando ao seu 4º episódio, entre aplausos e até mesmo sendo mencionado em mesas de bares, o que nos faz vibrar, afinal, era este um dos objetivos. As publicações neste portal pularam fronteiras, com pautas bastante diferentes entre si. Por um lado, Os Mutantes com a “Balada do Louco” e a “Terra dos Sonhos” de Silvio Brito, ambos “utopias”, a primeira existencial, a outra social. Do outro lado, uma matéria sobre as garras do Tik Tok contra a dança profissional e uma entrevista com o Conversa Ribeira, trio que une música caipira à outras sonoridades como a MPB. Também inserimos um conto de Lima Barreto, obra de domínio público.
A cereja do bolo, porém, é a estreia do podcast Mosaico Cristológico. Idealizado, produzido e apresentado pelo teólogo Lucas Ribeiro, o programa busca fundamentos na bíblia, mas com uma leitura que, certamente, será alvo de polêmica. Quer coisa melhor, querido leitor? E o primeiro episódio é desafiador para qualquer público: “A Arte Não Precisa de Justificativa”. Você, entusiasta de métricas e regras, se prepare para usar seus argumentos contra Lucas.
Por fim, mais uma tarefa realizada com sucesso. A 3ª edição da Revista é mais uma conquista nossa. Conquista humilde, confesso, mas gloriosa!
Matheus Luzi, fundador e editor da Arte Brasileira.
A Arte Não Precisa de Justificativa – Ep.1 do podcast “Mosaico Cristológico”
Neste episódio de estreia do podcast Mosaico Cristológico falamos sobre a obra de Hans. R. Rookmaaker – A Arte Não Precisa de Justificativa – e a importância de refletirmos a arte unicamente como uma possibilidade dada por Deus, e não limita-la em suas variadas manifestações à partir de um viés religioso ou ideológico.
Com isso, não estamos afirmando que a arte é neutra, podemos e devemos julgar o seu conteúdo, seu significado e a qualidade do entendimento acerca da realidade que está incorporada nela e nunca determinar por preconceito o seu valor, nem por especulação, gosto pessoal ou à partir do meio ao qual está inserida.
O termo “secular” muitas vezes atribuído pelo meio religioso não é nada mais do que uma classificação simplista para excluir ou desvalorizar qualquer manifestação artística que esteja fora da bolha gospel, que é atualmente um termo muito mais relacionado ao mercado do que necessariamente à espiritualidade.
Podcast Investiga: Por que o rock deixou o mainstream brasileiro? (com Dorf)
As novas gerações se assustam quando escutam que o rock já protagonizou o mainstream brasileiro. Não à toa. Atualmente, o gênero perdeu espaço à ponto de novas bandas, artistas e músicas serem cada vez mais raras nos topos de execuções digitais e de mídias como TVs e rádios. Nas mesas de bares, essa “problemática” é assunto recorrente. Cada qual com suas teorias e explicações. Eu, Matheus Luzi, busquei uma delas, a do cantor, compositor e músico paulista Dorf. Neste 4º episódio do Investiga, o artista reflete sobre o porquê o rock deixou o mainstream brasileiro, e ainda nos faz pensar sobre assuntos que rodeiam esta questão.
Podcast Investiga: A história do samba por meio dos seus subgêneros (com Luís Filipe de Lima)
Em 2022, o violonista, arranjador, produtor, pesquisador e escritor Luís Filipe de Lima lançou o livro “Para Ouvir o Samba: Um Século de Sons e Ideias”, pela Funarte. A obra de 320 páginas e 18 capítulo detalha a trajetória do samba por meio dos seus tantos subgêneros, como samba-choro, samba-canção, samba de breque, partido-alto, bossa nova, samba-enredo, entre outros. O livro, então, nos inspirou o convite para que Luís nos apresentasse a linha do tempo deste gênero e movimento musical que é o samba. Nesta entrevista, guiada pelo jornalista Matheus Luzi, Luís Filipe de Lima vai muito além desta proposta inicial, trazendo reflexões sobre o samba e assuntos que o rodeiam. Confira!
Silvio Brito e sua utópica Terra dos Sonhos
Silvio Brito, compositor, cantor e instrumentista, iniciou sua carreira muito cedo, aos 6 anos de idade. Seu primeiro show reuniu um público de cerca de mil pessoas, em Três Pontas (MG). Aos 10 anos de idade, em Belo horizonte, Brito gravou seu primeiro disco. Em 1988, torna público o disco “Terra dos Meus Sonhos”, cuja letra sugere uma sociedade utópica, sem crises, sem violência, sem política, sem hierarquia nem poder. Uma sociedade cuja natureza é a paz e o respeito entre os homens. A música nos sugere a promessa bíblica do Jardim do Éden, em que a vida se resume a desfrutar de um mundo perfeito, cheio de paz e alegria.
Alguns livros que você precisa ler antes de morrer
A morte dá alusão ao fim do mundo, o Apocalipse e até mesmo o fim da vida de uma pessoa, porém essa ideia de morte por outro ponto de vista nos dá perspectivas diferentes sobre a vida. A sua origem vem do latim, segundo os dados, das formas “mortis” e “mors” que também é associado ao verbo “mori”. Este tem como significado o verbo “morrer”. Mas deixemos esse assunto sobre a morte de lado e vamos direto ao ponto de partida, alguns livros que você precisa ler antes de morrer. Não que você vá morrer amanhã, são indicações ótimas para leitura. Já deixando claro que os livros em questão não falam sobre a morte. Aí seria muito irônico, não acham? Ler sobre a morte e ter medo sobre a hipótese de morrer.
“O único assassinato de Cazuza” (Conto de Lima Barreto)
HILDEGARDO BRANDÂO, conhecido familiarmente por Cazuza, tinha chegado aos seus cinqüenta anos e poucos, desesperançado; mas não desesperado. Depois de violentas crises de desespero, rancor e despeito, diante das injustiças, que tinha sofrido em todas as coisas nobres que tentara na vida, viera-lhe uma beatitude de santo e uma calma grave de quem se prepara para a morte.
As “Dancinhas de Tik Tok” são inimigas da dança profissional?
Os avanços tecnológicos e suas devidas popularizações presenciadas desde o final dos anos 1990 e início dos anos 2000 se fragmenta em várias questões. Aqui, irei mencionar duas: (1) a vida e seus processos se tornaram mais descomplicados e rápidos, mudando a maior parte do que se fazia até então na vida cotidiana e (2) estas próprias descomplicações e rapidez geram contestações por diversos setores da sociedade, com, inclusive, mobilização de classes sociais/profissionais e de governos Brasil afora.
E quanto mais se desenvolve tais tecnologias, mais soluções e problemas aparecem. Enquanto existia o monopólio de redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter, uma dessas problemáticas ainda era inimaginável, mas o acaso (ou não) a fez brotar de uma nova plataforma que se popularizava entre 2019 e 2020, o Tik Tok. Controlada pela empresa chinesa ByteDance desde 2017, a rede social trouxe consigo sua marca, a característica que indiscutivelmente é associada a ela: as famosas “dancinhas do Tik Tok”.
CONTO: A Confirmação do Segredo de Confissão (Gil Silva Freires)
Matar é fácil, até mesmo porque é a arma quem faz o serviço. A mão é apenas o instrumento da vontade do freguês ou de uma desavença pessoal. Difícil é conseguir conforto espiritual depois do ato.
Jeremias tinha matado ás dezenas e a carga era incomensurável. Essa culpa acumulada nos anos de pistolagem fez com que ele, pela primeira vez, quisesse buscar expiação na casa de Deus. O padre Alberto era muito respeitado nas redondezas e não havia ninguém mais confiável para ouvir sobre seus atos violentos.
ENTREVISTA – Conversa Ribeira e seu Brasil profundo
Três artistas de cidades interioranas, Andrea dos Guimarães (voz), Daniel Muller (piano e acordeão) e João Paulo Amaral (viola caipira e voz), se juntaram há mais de duas décadas como trio Conversa Ribeira para cantar o Brasil profundo, a música caipira e a cultura e tradições do povo caipira. O trio se destaca por alguns bons motivos, e aqui citarei dois deles: (1) mesclar a música caipira aos outros gêneros e movimentos musicais como a MPB e (2) garimpar canções sertanejas das mais valiosas, das populares às menos conhecidas.
As várias versões da “Balada do Louco”
No documentário “Loki – Arnaldo Baptista” (2008), o ex-mutantes Arnaldo Baptista é definido como “a própria personificação” do eu lírico de “Balada do Louco”, o que não é exagero em nenhum ponto. A música lançada em 1972 no disco “Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets” é assinada pelo próprio Arnaldo em parceria com Rita Lee, cantora que muito em breve deixaria a banda.
Os versos de “Balada do Louco” são metafóricos, obviamente. E, graças às metáforas, é possível vê-la e senti-la de diversas formas. Alguns a denota cunho social, existencial, político e por aí vai. Mas é certo que a canção fere padrões, fere o que é “normal”, o que é “loucura”, o que é “certo” e “errado”, etc. Arnaldo, porém, acaba convencendo sua verdade, afinal “Louco é quem me diz e não é feliz”, gerando reflexão intimas da alma.
Continue a leitura e conheça as versões
CONTO: O Grande Herdeiro e o Confuso Caminhoneiro (Gil Silva Freires)
Gregório era o único herdeiro de um tio milionário, seu único parente. Não tinha irmãos, perdera os pais muito cedo em um acidente automobilístico, era sozinho no mundo. Mas não dava a mínima pra essas coisas de família. Queria mesmo era que o tio morresse logo e lhe deixasse toda a grana.