26 de janeiro de 2025

O “Discaço” de Tetel Di Babuya para o mundo

O diretor e produtor musical Bob Karcy, do selo nova-iorquino Arkadia Records, soube muito bem qual o valor de uma paulista, nascida em Araçatuba, interior de São Paulo. Ela, que dedicou seu tempo à música, em especial, ao violino clássico, descobriu que, com a força da união, poderia habilitar-se em outra frente: como cantora e compositora, o que deu muito certo. Seu nome artístico é Tetel Di Babuya e sua história no universo dos sons é antiga, tanto quanto estudiosa, já que é formada na área pela USP e UNESP, quanto na prática, em concertos orquestrais.

Fora do modelo instrumental, Tetel apaixonou-se por grandes intérpretes, cantoras do Brasil e do Mundo, como Elis Regina e Amy Winihouse, e outras tantas. O ano de 2022, um aparente pós-pandemia, é o cenário temporal que assiste Babuya “sair do armário” de vez. O motivo: o disco “Meet Tetel”, um trabalho de onze faixas autorais, sendo a maioria já antecipada no formato single. Elogiado pela imprensa internacional e percebido por uma importante playlist editorial do Spotify, o conteúdo do trabalho é do tipo que nos força a deturpar a língua portuguesa e dizer “um discaço!”.

O que Tetel tem neste lançamento é um mix de vários gêneros musicais, algo que transcende fronteiras entre países. A artista faz de “Meet Tetel” um aconchego para o jazz, MPB, bossa nova, blues, pop e clássico, numa atitude que posiciona a música brasileira e a internacional no mesmo patamar. Essa sonoridade (inesperada e harmoniosa, acredite) acompanha letras sobre amor. Engana-se, porém, os que pensam em clichês. Não é bem isso. Tetel sabe falar de um tema comum, mas de um forma inovadora.

O disco está disponível em todas as plataformas digitais. Você pode escutá-lo por aqui mesmo:

CRÍTICA INTERNACIONAL:

“Quando você pensa que já ouviu tudo o que o Brasil tem a oferecer, aparece Tetel Di Babuya, uma artista de impressionante originalidade e talento virtuoso como vocalista, violinista e compositora.” – Mark Holston, JAZZIZ, LATINO.

“Tetel Di Babuya exibe uma voz atraente, um estilo versátil e um entusiasmo consistente. As letras de Tetel são às vezes espirituosas e às vezes melancólicas. Elas cobrem uma ampla gama e diferentes estágios de romance e amor. ‘Meet Tetel’ é uma estreia impressionante para a cantora… um belo set, disponível na Arkadia Records.” – Scott Yanow, Jazz Times e LA Jazz Scene.

FAIXA A FAIXA NAS PALAVRAS DA ARTISTA

1 – Lullaby of Loveland

“Lullaby of Loveland” foi escrito como uma homenagem aos standards de Jazz que eu amo, neste caso Lullaby of Birdland por George Shearing. É a primeira música que escrevi. Acho que são músicas sobre amor verdadeiro, para outra pessoa também, sim, mas principalmente para si mesmo. Foi inspirado na canção de Amy Winehouse, “October Song”, do álbum “Frank”. Nessa música, ela também cita a melodia e letra de “Lullaby Of Birdland” e canta sobre seu pássaro, Ava, que havia morrido. Seu pássaro estava morto, mas agora ele iria cantar no céu… com Sarah Vaughan. 

2 – For One Man Only

Essa é uma canção sobre a minha entrega total a outra pessoa, algo que, pelo menos pra mim, não é sempre fácil. É minha versão do “na saúde, na doença”, ou seja, amar alguém sobre todas as coisas. Nessa música toquei o violino usando um slide de guitarra além da forma tradicional do instrumento pra trazer uma sonoridade sonhadora pra canção.

3 – Clean Cut

“Clean Cut” é uma canção que escrevi musicalmente inspirada na trilha sonora do filme “Shaft”. A letra é cantada do que parece ser a perspectiva de uma femme fatale. ALERTA DE SPOILER: É realmente sobre meu gato diabético de 14 anos que estava em uma situação emocional ruim e precisava de uma dose de carinho em sua autoestima machucada de pantera doméstica.

4 – Upright Lad Blues

“Upright Lad Blues” é a prova definitiva de que devo reclamar do meu parceiro. Nesse caso, reclamar por não ter do que reclamar. Quando a pessoa é tão legal que dá raiva. Como diz o nome, é um “blues para um cara correto”. Acho que o arranjo deu uma sonoridade que lembra um pouco Ray Charles, que eu adoro.

5 – Mea Culpa

Literalmente escrevi essa canção em uma noite na qual briguei com meu parceiro. Eram 4 da manhã e ele foi dormir. Sentindo-me deprimida, precisava da música como algo que me animasse. A abertura da Bossa Nova tem um clima mais melancólico, e então o Samba o tornou otimista e positivo e esperançoso, apesar do sarcasmo da letra. 

6 – All and More

Acho essa música a mais doce e singela do álbum. É uma música pra ouvir quando se quer sentir bem e relaxar. O som da caixinha de música no início é a canção francesa “Sous Le Ciel De Paris”, que pra mim evoca um sentimento de felicidade nostálgica.

7 – Not About Love

 Eu queria escrever uma música sobre um tópico diferente e mais incomum. Tentei por algumas semanas e não consegui encontrar nenhum outro tema dentro de mim. Eu estava procurando por algo bem-humorado. Então pensei, porque a melodia de “Not About Love” era mais simples e direta, talvez as letras pudessem ser mais complicadas. Fiz como uma canção de cabaré contando histórias, pensando em como seria divertido tocá-la ao vivo. 

8 – Hello, Hon’

“Hello, Hon’” é uma música estilo Big Band inspirada em Count Basie, Duke Ellington e outros gigantes do Jazz da era das Big Bands. Ninguém deve levar minhas letras muito a sério; eu realmente não fico em casa o dia todo sem fazer nada além de pensar no meu amado. Também encontro tempo para cuidar dos meus gatos. 

9 – Você

“Você” foi a última música que escrevi para o álbum “Meet Tetel”. Queria me desafiar a escrever uma boa música afirmativa com sentimentos positivos de relacionamento, e queria boas oportunidades de solo para os músicos. Um desafio pessoal. Sempre fui uma grande fã de Antonio Carlos Jobim e Vinicious de Moraes e fiz essa música como uma singela homenagem ao estilo musical desses mestres da música brasileira.

10 – Willow, Don’t You Weep

“Willow, Don’t You Weep” é o tipo de música que você escreve quando precisa de ajuda para se convencer de que não é um perdedor completo. Não escrevo músicas há muito tempo, mas rapidamente percebi que compor uma música é muito mais barato e mais eficaz do que sessões de terapia. 

Depois de uma briga boba com meu amado marido, fui para o Spotify e comecei a ouvir meus standards de Jazz favoritos para tentar me recompor. O standard “Willow, Weep For Me” com Nina Simone começou a tocar e eu pensei comigo mesmo: “Esta com certeza é uma ótima música, mas devo admitir que não está me fazendo nenhum favor no departamento de sentir-se menos perdedor”. 

Então, decidi escrever minha versão tributo, onde as letras pareciam um pouco mais “girl power” e um pouco menos “it’s man’s/willow’s world”

Espero que goste, espero que faça você se sentir bem e forte quando as coisas ficarem difíceis. Eu sei que me sinto muito melhor comigo mesmo depois de escrevê-la, gravá-la e agora compartilhá-la com todos vocês.

11 – Someone To Watch Over Me

Este standard de George e Ira Gershwin é o único não original no álbum “Meet Tetel”. Meu amor por Ella Fitzgerald (assim como por Nina Simone, Billie Holiday, Dinah Washington e Sarah Vaughan) me inspirou a fazer minha versão desse clássico com muita gratidão ao legado que essas incomparáveis cantoras deixaram.

FICHA TÉCNICA

Produtor Executivo: Bob Karcy para Arkadia Records

Produzido por Bob Karcy, Tetel Di Babuya, Igor Sarudiansky

Gravado no Arsis Studio, São Paulo, Brasil 2021

Engenheiro de Gravação, Mixagem e Masterização: Adonias Souza Junior

Música e Letras: Tetel Di Babuya

Arranjos musicais: Daniel Grajew

Fotografia: Igor Sarudiansky

Tetel Di Babuya: voz e violino

Daniel Grajew: piano, acordeão e Rhodes

Nilton Leonarde: baixo acústico, baixo elétrico e violão

Emilio Martins: bateria

Richard Fermino: sax, trompete e trombone

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Crédito da foto de capa: Igor Sarudiansky

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