Acompanhar (na rua, na vida ou nas redes sociais) o trampo do Barba Ruiva é surpreender-se amiúde. Mesmo consciente disso, cai na pegadinha do rapper sul-mato-grossense. Ele me falou que tinha algo novo para mostrar, o EP “Prólogo”. Abri, e fui bombardeado. Mais uma vez, meu amigo Lucas Ribeiro deu razão a arte.
Sua poesia, aquela compartilhada com o vento, escrita e espalhada pelos cantos da cidade, focava-se mais na agressividade digna de um MC habituado a indignação social, o verdadeiro sangue-nos-olhos. Entretanto, nas seis faixas de “Prólogo”, Barba Ruiva voltou-se para si, revelando, inclusive, sua intimidade.
Na faixa “Madrugada”, o artista abriu as portas de sua casa. A gravação inicia-se com um áudio despretensioso de seu pai. Conselhos, conselhos e mais conselhos, de alguém que já viveu muito e só quer o bem do filho. A mensagem de-cair-lágrimas antecede a música, que é sucedida por outro áudio paterno.
A atitude emotiva e introspectiva de Barba Ruiva se estende por todos os lados do EP, que é musicalmente um resgate do que a cultura hip hop precisa manter vivo. O artista contou à Arte Brasileira que “Prólogo” segue a linha boom bap, subgênero do hip hop atuante nas décadas de 1980 e 1990.
O título também é conceitual, e retrata duas questões: Barba Ruiva já lançou outros trabalhos, mas este é o primeiro que mais se aproxima de suas ambições artística; “prólogo” porque revela quem é o ser humano por trás do personagem Barba Ruiva, o artista e o Lucas Ribeiro são colocados de forma sintetizadas. “A mensagem é maior que o mensageiro”, pontua ele.
As faixas “Parábolas” e “Madrugada” estão disponíveis na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
FICHA TÉCNICA
Composição: Barba Ruiva 067
@barbaruiva067
Produção musical: Dj TGB, Exclamação Sonora for Beats, Estúdio Linha dos Versos
@tgb_brunodossantos
@exclamacaosonoraforbeats
@linha_dos_versos
Fotografia: Amanda França
@amanda.rec5
@rec5five
Arte da Capa: Mattenie
@mattenie_
Apoio: Lucas Amarante
@kaslucasamarante
Loja das Fábricas
@lojadasfabricas.ac