Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Esta é uma lista de novidades mensais, com músicas novas, quentes, diferentes. A seleção é eclética, serve para todos os gostos.
É importante ressaltar: que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra; essa lista é atualizada diariamente, até o encerramento do mês.
Edu Guimarães – “Homenagem – D. Lídia e S. Júlio” – (single)
De Santo Antonio de Jesus, interior da Bahia, o músico, compositor, arranjador, professor e produtor musical Edu Guimarães tem neste single o formato ideal para homenagear D. Lidia e S .Júlio, casal contribuinte à cultural regional do recôncavo baiano. O som rico em criatividade e arranjo tem uma causa à parte. “Convidei 6 mulheres instrumentistas para gravarem essa faixa juntamente comigo, considero uma discussão urgente e pertinente que é a falta de representatividade da Mulher no cenário da música instrumental.”, diz ele.
O lançamento é mais um de sua discografia solo, que totaliza 3 discos, 6 singles e um EP, material lançado a partir do álbum “Memórias do Brasil pela Sanfona”, de 2018. Antes, no entanto, o cara já era reconhecido no meio musical, atuando como instrumentista em palcos ao lado de nomes como Nelson Sargento, Rolando Boldrin, Améria Rabello, entre tantos outros, além de realizar turnê internacional com o Núcleo de Samba Cupinzeiro e ter participado de mais de dez festivais e prêmios. Por fim, vale dizer que o artista tem seu nome em fichas técnicas de mais de 60 álbuns.
O pop/MPB de Bárbara Silva e Hugo Branquinho
A cantora-compositora brasiliense Bárbara Silva, que faz parte do movimento “nova MPB”, tem seu nome grifado nas plataformas. Escutada por milhares de fãs mensalmente, Bárbara lançou neste mês de junho o seu segundo single de 2022, “Deixa Eu Entrar”, uma canção que une o pop e a MPB.
Ao lado dela no vocal, está a participação do mineiro Hugo Branquinho. Juntos, com produção musical de José Cândido, e com os instrumentistas Duda Lazarini e Franco Júnior, levam uma mensagem de romantismo, sensualidade, entrega e paixão.
A canção fará parte do primeiro álbum da artista, intitulado “Coisas Vazias Ficam Pra Trás”, que será lançado ainda neste ano.
Ouça na nossa playlist “Brasil Sem Fronteiras…”, “MPB – O que há de novo?” e “Pop Nacional”
Luciana Zogbi – “Worry” – (single)
Nascida no Brasil e com ascendência libanesa, Luciana Zogbi iniciou sua exposição no Youtube, plataforma na qual publica covers, o que gerou para ela quase 3 milhões de inscritos, com assinantes em vários locais do globo. Assim, recentemente, Luciana sentiu que seria o momento de não só cantar, mas de compor o que iria cantar. Dessa forma, nasceu publicamente a cantora e compositora que aqui está destacada, uma mulher do mundo, viajante em busca do ideal para a sua música e humanidade.
O novo single da artista, intitulado “Worry”, é um bom caminho para entender o universo sonoro e poético de Zogbi. Fica a dica!
Um disco dedicado à essência e obra de Pixinguinha
Ao longo da produção de “Cartografias” (2019), trabalho que levou o clarinetista, saxofonista e compositor Caetano Brasil (@caetanobrasil) a indicação ao Grammy Latino 2020, iniciou-se a “gestação” de um álbum instrumental dedicado à obra do grande Pixinguinha. Batizado como “Pixinverso – Infinito Pixinguinha”, o disco de 10 faixas é um diálogo entre a sonoridade de Pixinguinha e de Caetano, que explorou os laços entre o choro, o jazz contemporâneo e o wolrd music.
As releituras são divididas em duas partes, uma réplica no modelo de discos do século XX, o lado A e B. No primeiro, Caetano soa familiar, principalmente nas músicas “Carinhoso” e “Rosa”. No B, um garimpo tão genial quanto as pedras encontradas, a exemplo de “Quebra-cabeça”, música gravada pela primeira vez.
O lançamento é graças à uma equipe sofisticada e criativa de músicos. Assim, o trabalho tem características únicas e inspiradoras, com calma produzido e idealizado, capaz de balançar corpo-e-alma, assim como sensibilidade musical inesperada.
Faixas disponíveis na playlist “Música Instrumental Popular Brasileira”
Noturnall e Ney Matogrosso – “O Tempo não Para” – (single e clipe)
A canção “O Tempo Não Pára”, lançada por Cazuza originalmente em 1988, não tem tempo e nem barreiras para ser regravada. É isso que demonstra a versão da banda de heavy metal brasileira Noturnall (@noturnall) com Ney Matogrosso (@neymatogrosso), uma união inesperada, mas assertiva e gloriosa.
A novidade é um fragmento do quarto disco de estúdio da Noturnall, “Cosmic Redemption”, que será lançado no segundo semestre de 2022.
Lilian Monteiro – “Profundo” – (single)
O novo single da cantora gospel Lilian Monteiro, “PROFUNDO”, é uma faixa importante do novo EP da artista, que inicia um “novo tempo em seu ministério”.
Autoral, a música foi escrita a partir de um sonho. Lilian estava em um barco, de onde avistou golfinhos entre as ondas do mar. Os animais a convidavam para um mergulho com eles. Tendo em sua fé de que isso era uma mensagem divina, ela escreveu o quanto “quer ir profundo com Deus”.
Em jus ao título da canção, esse lançamento é profundo de ponta a ponta, em termos de versos, arranjo e vocal. A sinceridade artística de Lilian é de apertar-o-peito.
Paulo Córdova – “O que eu sempre quis” – (clipe)
Há três características importantes sobre o brasiliense Paulo Córdova. Ele é formado em História pela UnB e Bandolim pela Escola de Choro Raphael Rabello, e um agitador cultural reconhecido regionalmente. Seu “ministério” iniciou em 1993, quando numa Kombi Tartaruga promoveu sarauas de poesia, encontros musicais e arte, muita arte.
Como músico, Paulo também é destacado, incluindo o recebimento do título de “Ser musical do cerrado”. Desde 2010, o cara comanda o programa “Nas cordas do Choro”, na Rádio Cultura FM 100,9 mhz Brasília DF, dedicado ao chorinho. A partir de 2017, Paulo passou a concentrar-se nas atividades de cantor, compositor, produtor e professor de música. Foi produtor, integrante e fundador da banda Fejião de Bandido.
Toda essa conversa sobre as atividades culturais de Paulo é o caminho que encontrei para apresentar sua música “O que eu sempre quis”, lançada em 2021 e novamente promovida devido ao lançamento do clipe. Nesta música, todo o amor do artista e agitador cultural, que balançou o universo artístico de Brasília, é solto ao ar. “O que eu tento dizer é sobre a necessidade de compor, colocar pra fora um sentimento, e a satisfação de ‘tocar’ o coração das pessoas…”, diz ele.
A música, definida por Paulo como de “sonoridade pop do cerrado brasileiro”, é, nitidamente, a urgência em declarar amor à arte, a que o possibilita seus sentimentos transbordarem. Além disso, Paulo nos dá também mais um sentido para a canção: “A origem é de músicas consagradas que falam sobre a passagem do tempo, como ‘Tempo Perdido’, ‘Certas Canções’, ‘Tempo Rei’ e ‘Tempo Mano Velho’, além da minha urgência de colocar meus sentimentos para fora. O conceito da música é sobre o tempo, que nunca para e não volta jamais.”
Ao todo, o catálogo digital de Paulo Córdova conta com outros dois singles: “Vagalume Tum Tum” e “Carrossel de Sentimentos”.
“O que eu sempre quis” disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…” e “Carrossel de Sentimentos” na playlist “Pop Rock Nacional”.
Cabrallis – “Cabrallis” – (disco)
Desde criança, a artista Giovana Cabral já idealizava um projeto musical, no qual teria a possibilidade de expor-se artisticamente. Acontece que essa criança cresceu, e somente no processo pandêmico que ela sentiu a coragem necessária para realizar esse sonho. Nasceu, então, a Cabrallis. No entanto, o real nascimento do projeto, o parto que pode ser visto pelo mundo acontece agora em 2022, com disco homônimo de 10 faixas.
As canções deste trabalho, segundo a cantora-compositora, representam “um personagem com uma ideia incomum de transformação de uma era”. A estética sonora é ambiciosa: propõe uma nova roupagem para a indústria musical brasileira, ao apostar na união da música mundial com tudo que é de rico na cultura brasileira.
Sobre a mensagem do álbum, Giovanna comenta: “Este álbum trata de descobertas particulares e intrínsecas do ser humano. Cada faixa retrata cada descoberta de acordo com a evolução do ser e sua complexidade.”
Vale dizer que entre as canções, apenas uma está na língua portuguesa, trata-se de “Entender”. Essa, recomendo que seja a primeira ser escutada, já que é um bom caminho para preparar o ouvinte para as demais músicas.
Boa aventura no universo Cabrallis.
Faixas disponíveis nas playlists “Brasil Sem Fronteiras…”, e “Pop Nacional”.
Dieguito Reis – “Verão Na Cidade Sem Mar” – (disco)
Acostumado a viver o verão na Bahia, o baiano Dieguito Reis experimentou a energia de Ubatuba, litoral de São Paulo, em uma comunidade Quilombola. Ao retornar para casa, na grande São Paulo, uma capital sem mar, Dieguito extrapolou os limites da criatividade, com ideias aquém da realidade. A partir disso, surgiu o que hoje se chama de “Verão Na Cidade Sem Mar”, disco lançado por ele no recente dia 6 de maio.
O que vemos nas faixas deste álbum, é, portanto, o reflexo do que Dieguito encontrou na boa receptividade da comunidade Quilombo da Fazenda. Com letras armadas socialmente, os versos são espelhos do cotidiano em SP, em meio ao caos. A proposta, então, é que, mesmo assim, possamos ter fé no ato revolucionário que é o amor, em suas mais diferentes formas de expressão.
Quanto a musicalidade do disco, temos que lembrar do primeiro EP solo de Dieguito, apresentado ao mundo em 2018. Desde lá, o cantor-compositor se entrega a um mix que reúne o rap, soul, indie e R&B.
Ouvir Dieguito é uma experiência ímpar, distante do som-comercial, mas pop. Assim, dar o play em “Verão Na Cidade Sem Mar” é ter a oportunidade de creditar as invenções musicais do artista. A viagem proporcionada pelas 9 faixas deste trabalho é longa, segura e bem aventurada.
Vamos nessa?
Faixas disponíveis nas playlists “Pop Nacional”, “MBIA – Música Brasileira Indefinida e Alternativa”, e “Brasil Sem Fronteiras…”
Luana Bayô – “Tambú” – (disco)
Depois de iniciar sua discografia com “Deusa”, em 2018, Luana Bayô lançou 9 singles e um disco, este apresentado recentemente. Intitulado “Tambú”, o álbum é o espelho da paulistana nascida e criada no bairro do Campo Limpo. “Mulher, negra, cantora, compositora e educadora” são características igualmente compartilhada por ela e pelas dez faixas do disco.
Se a palavra “Intérprete” nos direciona para uma cantora que, além de cantar, interpreta, essa deve ser um título para Luana. Sua interpretação, no todo, é de uma artista acostumado cedo com o canto, a poesia, o samba dos terreiros e a boa pedagogia. Afinal, Luana tem em “Tambú” muitas aulas, com lições sobre a música e cultura afro-brasileira e popular brasileira, e vários assuntos de utilidade pública.
O clipe que aqui apresentamos é “Chefe da Macaia”, faixa composta por Luiz Antônio Simas e que é de grande importância para o álbum de Luana. É também um bom caminho para conhecer as demais canções. Boa aventura!
Disponível nas playlists “O Samba do Século XXI”, “Brasil Sem Fronteiras…” e “MPB – O que há de novo?”
Lilian Monteiro – “Cantaremos Santo” (single)
Em seu novo single autoral, a cantora e compositora gospel Lilian Monteiro expressou a sua fé na volta de Jesus Cristo. Escrita durante processo de devoção e estudos da Escatologia (o fim do mundo segundo a bíblia), “Cantaremos Santo” é sobre amor divido, salvação, vida eterna e a respeito do retorno de Cristo e o dia em que as doutrinas cristãs afirmam que todos os homens cantarão como um único povo.
Com produção de Jhonny Essi, a música é o 2º single que a artista revela do seu próximo EP, que terá outras 4 faixas. O single chegou acompanhado de clipe, que foi gravado em Lisboa (Portugal), onde a cantora mora atualmente.
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Cadu Pereira – “Antes do Nada” – (single)
Mais de um milhão de views acompanham os dois álbuns lançados por Cadu Pereira, artista há mais de 20 anos no cenário nacional, em várias posições fonográficas. Entretanto, apesar disso, Cadu pontua que seu instrumento é a caneta. Ela, a caneta, tem o seu efeito de glória em “Antes do Nada”, seu novo single, o primeiro de outros seis ainda por vir em 2022.
Ao lado de instrumentistas experientes e marcantes na música brasileira, Cadu canta aquilo que compôs em um provável delirio filosófico, uma viagem aos tempos em que o homem era baby, nos primórdios da humanidade.
Ou seja, em “Antes do Nada”, Cadu se faz braços fortes a empurrarmos para a parede, a fim de desvendar (ou apenas questionar) o início da comunicação, cultura e vida humana. Ele nos deixa intrigados com esta obra-mestra, com perguntas aquém das possibilidades de respostas assertivas.
O cantautor tenta descrever: “O primeiro homem sabia tudo sobre a nossa origem, mas não sabia processar nada. Talvez ele soubesse as verdades das questões que buscamos hoje. Ele teve essa necessidade de se expressar. Hoje, olho no espelho, procuro esse cara em mim e descubro que o melhor é falar menos cada vez mais”.
É fácil perceber que a mensagem de Cadu é de difícil digestão, o que a faz merecer várias audições. Assim, pode ser possível decifrar a mente do artista.
Boa aventura, querido leitor!
Disponível na playlist “Pop Rock Brasileiro”
O Grito – “Estrela Vermelha” – (single e clipe)
Um resgate do brasileiríssimo álbum “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos, alinhado ao moderno, é o tom de “Estrela Vermelha”, a aposta da banda carioca O Grito para 2022. É o que você vê neste vídeo.
Com áurea rural-hippie e estética samba-rock, posso dizer, sem dificuldades, que a canção é experimental, e junto ao clipe produzido Fellipe Mariano ganha sua plenitude. É um lançamento jovem, não-comercial, mas pop e quente. É essa a linha do trio formado em 2015 com proposta de explorar diversas e inesperadas possibilidades, mas baseado no que eles chamam de rock/mpb.
Além de “Estrela Vermelha”, o catálogo digital do grupo é integrado por 3 EPs, 1 álbum e outros 10 singles.
“Estrela Vermelha” está disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Gia Aver – “Dias Melhores” – (single)
A nova música de Gian Aver tem o dom de sonoramente anunciar “dias melhores”. Rica em simplicidade, mas sofisticada em termos de instrumentação e poesia, com traços da bossa nova e MPB, a canção é sobre “esquecer” o passado e celebrar tempos de ouros que estão porvir.
Profética, “Dias Melhores” é adequada para os dotados de esperança, que gostam da famosa good vibes. Aperte o play e deixe sua vida mais leve, mais feliz. É isso que indicamos por ora!
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Elis Lucas – “Abacate Verde Esperança” – (single)
Um inquietante e despretensioso café da manhã principiou “Abacate Verde Esperança”, o novo single da cantautora Elís Lucas. O momento da manhã, aparentemente de leveza e recomeço, para ela soou doloroso, com memórias do atual governo brasileiro, ao qual a letra ataca, ainda que metafórica e poeticamente.
Os versos embriagados de referências, como as que faz para os músicos Castello Branco e Lau e Eu, são o espelho de uma artista homossexual que teme por sua vida e da população brasileira. Entretanto, a mensagem pesada e de rebeldia tem seus ares de serenidade, uma das sensações do canto e dos arranjos da música, que remontam à MPB.
Posso dizer, portanto, que este lançamento é um grito, que é levado ao mundo com aquele gosto-mel de esperança apropriada para muitas interpretações.
O single, produzido por Arielly Porto, é o terceiro da carreia iniciada em 2021.
Disponível na playlist “MPB – O que há de novo?”
Marco Vilane – “Palavra e Meia” – (faixa do disco “Da Boca Pra Dentro” – clipe)
O cantor, compositor, instrumentista e poeta baiano Marco Vilane tem a sua elegância a parte, o seu jeito-ímpar de fazer arte. Ele faz a poesia nordestina encontrar-se com muita coisa boa da tradição da música popular brasileira, algo para dançar o corpo e a alma. Esse jogo sonoro e poético foi explorado em cinco singles e dois discos, sendo “Da Boca pra Dentro” lançado recentemente.
Julgada como peça destacada do álbum, “Palavra e Meia” é a nona faixa e que pode ser usada como gatilho para você se aventurar em Marco Vilane. A música é uma parceria criativa do artista com Alex Sant’Anna. Juntos, escreveram uma canção otimista, de provocar alegrias e boas intenções para o presente o o futuro.
Uma gentileza para nossos corações, é o que posso dizer de “Palavra e Meia”. O disco merece o mesmo elogio. Confira e descubra as emoções que Vilane tem a te proporcionar.
Faixas disponíveis nas playlists “Pop Rock Brasileiro”, “Brasil Sem Fronteiras…” e “MPB – O que há de novo?”
Belle – “Quero Fugir” – (single e clipe)
“Quero Fugir”, canção autoral da jovem Belle (@bellemusica), vai contra à “perfeição” imposta pela sociedade contemporânea, e seu desejo de se libertar dos padrões e das suas próprias exigências.
A música, que faz parte do próximo EP da artista baiana, é fruto da percepção de Belle de que suas inseguranças são originadas por esse conflito entre ela e suas imperfeições, e que aceitar-se é sinônimo de um pedaço de felicidade.
Na letra, ela ainda questiona a sua geração, a respeito dessa relação doentia com a busca inalcançável busca pela perfeição, muitas vezes algo explícito e implícito nas redes sociais.
“Quero Fugir”, portanto, é de auto aceitação e felicidade com o que realmente somos. É um convite de liberdade.
Disponível nas playlist “Pop Nacional” e “Pop Rock Brasileiro”
Joice Terra – “De(Vagar)” – (álbum)
Agraciada pelo produtor Peter Mesquita (@peter_mesquita) e outros companheiros musicais, a mineira Joice Terra (@joiceterraoficial) pede para “ir devagar” em seu disco de estreia. A palavra entre aspas é quase que o mesmo nome do álbum, e representa também o sentimento de maré calma que as nove faixas provocam.
Lançado em abril, “De(Vagar)” é plural. Não somente quanto a sonoridade, ao qual Joice não se limitou. A pluralidade do trabalho é também sentida nas temáticas. Joice explora sua infância, homenageia seus pais, alegremente canta um amor de “lonjura”, fala da inconstância da vida e suas possibilidades, versa sobre o azar/sorte, desacelera os passos, pede calma e coragem.
Além desses temas, está a faixa de abertura, “Tem Que”. Polêmica e provocativa, a letra ataca a perfeição imposta pela sociedade, mas simboliza os extremos da vida (o bom e o ruim), algo que prepara os ouvintes para as outras 8 faixas.
“De(Vagar)” é brasileiro, de raízes vivas e de encontro ao novo.
Faixas disponíveis nas playlist “O Samba do Século XXI”, “Brasil Sem Fronteiras…”, “MPB – O que há de novo?”
Binarious – “O Amor Faz Encontrar” (single e clipe)
Logo no EP de estreia, em 2019, a banda Binarious já disse muito sobre o que eles tem para o mundo. Temas como sonhos, esperança, sexualidade, ciência e filosofia são pautas recorrentes em suas letras. Marcam presença poesia sempre à altura e uma sonoridade com foco no pop, rock, punk e até no eletrônico.
Essa ímpar estética artística da Binarious se estenderá com a chegada do novo EP, previsto para este ano. Antes, lançaram dois singles do projeto, “Arco-Íris” e “O Amor Faz Encontrar”.
“O Amor Faz Encontrar” disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Leandro Matioli, Nelton Matioli – Faixa “Revirado” do disco “O Todo ao Redor do Meu Vazio” –
O dueto de Leandro Matioli e Nelton Matioli tem bons frutos em “Sua Última Música”, faixa autoral de encerramento do disco “O Todo ao Redor do Meu Vazio”, recém lançado pelos artistas.
“Sua Última Música” é uma peça alternativa, distante do comercial e irmã do experimentalismo. Propõe um dualismo a respeito de um tema comum na vida humana: o estranho dia da morte. Assim, esta canção é sinônimo do indescritível encerramento do curto período que temos na Terra.
Os versos, magicamente, são acompanhados por uma sonoridade que altera entre a tensão e a leveza, justamente na missão de dizer que a morte é tensa e sem destino reconhecido, mas também um processo natural, inevitável.
Esse trocadilho poético-sonoro é levado por uma estética que une a música brasileira, jazz fusion e o rock progressivo. Por fim, a canção facilmente caberia como trilha teatral. É, portanto, uma música cênica.
Faixas disponíveis nas playlists “MPB – O que há de novo?”, “MBIA – Música Brasileira Independente e Alternativa” ,
Tetel Di Babuya – “For One Man Only (Meet Tetel)” – (single)
A fatia volumosa das canções e poesias românticas se ocupam no desastre, nas paixões findadas. Este, porém, não é o caso de “For One Man Only”, novo single da paulista Tetel Di Babuya.
De melodia suave e que muito lembra a elegância-áurea das cantoras de rádio do século XX, a composição solitariamente assinada por Tetel é uma carta de amor ao seu marido (e melhor amigo), juntos há mais de 16 anos. É o que ela contou à Arte Brasileira:
“Diferente de um ‘fogo de palha’ ou paixão de adolescente, amar alguém por quase duas décadas envolve muitas questões mais complexas sobre individualidade, lealdade e resiliência, e ‘For One Man Only’ é sobre isso: amar profundamente alguém apesar dos momentos em que realmente odiamos essa pessoa com todo nosso coração. [risos]”.
O single, produzido em parceria com Bob Karcy, antecede o próximo álbum da artista previsto para estrear em junho, com dez canções majoritariamente autorais.
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
FICHA TÉCNICA: Produtor Executivo: Bob Karcy para Arkadia Records / Produzido por Bob Karcy, Tetel Di Babuya, Igor Sarudiansky / Gravado no Arsis Studio, São Paulo, Brasil 2021 / Engenheiro de Gravação, Mixagem e Masterização: Adonias Souza Junior / Música e Letras: Marcela Sarudiansky / Arranjos musicais: Daniel Grajew / Fotografia: Igor Sarudiansky / Tetel Di Babuya: voz e violino / Daniel Grajew: piano, acordeão e Rodes / Nilton Leonarde: baixo acústico, baixo elétrico e violão / Emilio Martins: bateria / Richard Fermino: sax, trompete e trombone.
Biquini – “Quanto Tempo Demora Um Mês” – (single)
Agora é oficial que a Biquini não tem mais o “cavadão” no nome, modificação já em andamento desde 2000, quando o grupo se tornou um quarteto. Assim, chega o primeiro lançamento da banda, uma releitura leve de “Quanto Tempo Demora Um Mês”, canção lançada originalmente em 2005.
O registro tem produção do galês Paul Ralphes, assim como as demais que integram o novo álbum. Previsto para os próximos meses, o trabalho tem versões mais tranquilas para as canções favoritas do público, faixas conhecidas e do lado B.
Disponível na playlist “Pop Rock Brasileiro – Lista Dinâmica e Atualizada”
Gio Lazza – “Cada um Com Seus Poemas” – (disco)
A música popular brasileira e as referências internacionais do indie se encontram na carreira solo do ítalo-brasileiro Gio Lazza. Esse casamento originou o nome “Indie MPB”, usado pelo músico em suas redes sociais como forma de definir sua sonoridade.
Recentemente, Gio lançou um EP, sucessor de outros dois álbuns. Com sete faixas, o trabalho tem em poetas brasileiros os que norteiam suas letras. Paulo Leminski, Carlos Drummond, e muitos outros, plantaram uma semente poética agora também colhida por Gio, mas ao seu total-modo.
Assim, o paranaense abre sua intimidade ao mundo, com temas sempre acobertados pelos sentimentos e percepção próprios. Sua música, como um todo, pode ser resumida assim: “o cotidiano da vida com um olhar voltado para si”.
Faixas “Cada um Com Seus Poemas” disponível na playlist “Brasil Sem Fronteira…” e “Oração” na playlist “MPB – O que há de novo?”
danilomedeirosmusica, Padmé Trio – “Gibraltar” – (single)
A sofisticação e a elegância são duas coisas inegáveis ao se ouvir “Gibraltar”, a nova lindeza de Danilo Medeiros, ao lado do Padmé Trio. Atualmente residente em São Paulo, o brasileiro tem no jazz, na música BR e nas profundas poesias a sua carta neste lançamento.
Essa carta é a primeira página de “ANDRAJO”, disco que Danilo promete lançar em breve, e que também pode ser apreciado com outro single, “Alma de Ginasta”, o lançamento mais recente de Danilo com Mirella Cereli.
Disponível nas playlists “MPB – O que há de novo?” e “Brasil Sem Fronteiras…“
Gandhi Martinez – “Sentimento” – (álbum)
O sétimo álbum autoral do cantor e compositor Gandhi Martinez é o primeiro com investimento na cultura popular. Muito próximo da ideia conceitual da MPB, o disco “Sentimento” tem quinze faixas embebedadas de melancolia, de poucos instrumentos, mas de postura firme e rica quanto a elaboração instrumental.
Segundo Gandhi, as canções de “Sentimento” são para os dotados de sensibilidade, sendo somente eles capazes de sentir o que a letra, harmonia, canto e melodia oferecem.
Faixa “Sem Ti” disponível na playlist “MPB – O que há de novo?”
Nubn, Ramiro Pinheiro, Mark Aanderud – “Os Grilos (Crickets Sing for Anamaria)” – (single)
Canção descolada gravada por Marcos Valle, “Os Grilos”, recebe agora uma versão graciosa do NUBN, duo eletrônico brasileiro radicado em Barcelona, com o saxofonista Júlio Marks e a cantora Marina Ribeiro.
A releitura faz desta obra-prima da música brasileira um local de mesclar o universo das batidas eletrônicas, mas sem que o tom bossanovista, brasileiríssimo, e tropical caia de lado.
MC Paulin da Capital, DJ GM – “Mandrake na Voz” – (álbum)
À margem das cotidianas letras do funk, o MC Paulin da Capital antecipou seu novo álbum (já lançado) com duas canções, as que irei apresentar resumidamente.
- “Nada É Por Acaso” é um hino de superação, de uma vida doce para o artista e para sua família. Citações leves a bíblia, lições morais, lutas diárias, e conquistas materiais são abordadas como símbolos da vitória.
- “Quem Me Protege Não Dorme (Papatracks#8)” é voz de resistência da favela. Usada como um pedido de paz, a canção tem versos de quem venceu e de quem confia “naquele que promete e não falha”.
A forma que o MC faz vibrar no disco “Mandrake na Voz”, assim como em lançamentos anteriores, o fez ser enquadrado no chamado “funk consciente”, corrente do gênero que vem ganhando cada vez mais espaço na cena.
Yuri Villar, Carlos Malta, Pandeiro Repique Duo – “Samba Maltês” – (single)
“Samba Maltês”, recente single do saxofonista Yuri Villar, é um dueto de sopros com o multi-instrumentista Carlos Malta, ambos acompanhados pelo Pandeiro Repique Duo. Como fontes da composição e produção, a liberdade musical de Hermeto Pascoal e o samba carioca.
A música, com sua áurea traduzida na capa assinada por Pedro Pamplona, é de sensação inexplicável e indefinida, com tom de um nítido Brasil tropical, diversificado e riquíssimo.
Disponível na playlist “Música Instrumental Popular Brasileira”
O Tetraedro – “Substrato” – (faixa do álbum “Geleia”)
Sendo um mix de rock, psicodelia e jazz, “Substrato” é difícil de dizer o que é. Em meio a essa indefinição conceitual, a obra também tem outra característica a ser pontuada: alternância entre protagonismo instrumental e vocal.
Em um espaço de exatos 4 minutos, a banda tem letra filosófica, de difícil digestão, e sem muita relação com o rock frenético que a acompanha. Contracenando, temos instrumentos que atuam como personagens centrais além da voz, tendo a guitarra na posição de protagonista.
“Substrato” tem semelhanças com a áurea ousada e estrutural do rock de Os Mutantes. A partir dessa comparação, posso dizer que é uma música distante do comercial, e amiga fiel do experimentalismo.
Barba Ruiva 067 – “Prólogo” – (EP)
Acompanhar (na rua, na vida ou nas redes sociais) o trampo do Barba Ruiva é surpreender-se amiúde. Mesmo consciente disso, cai na pegadinha do rapper sul-mato-grossense. Ele me falou que tinha algo novo para mostrar, o EP “Prólogo”. Abri, e fui bombardeado. Mais uma vez, meu amigo Lucas Ribeiro deu razão a arte.
Sua poesia, aquela compartilhada com o vento, escrita e espalhada pelos cantos da cidade, focava-se mais na agressividade digna de um MC habituado a indignação social, o verdadeiro sangue-nos-olhos. Entretanto, nas seis faixas de “Prólogo”, Barba Ruiva voltou-se para si, revelando, inclusive, sua intimidade.
Na faixa “Madrugada”, o artista abriu as portas de sua casa. A gravação inicia-se com um áudio despretensioso de seu pai. Conselhos, conselhos e mais conselhos, de alguém que já viveu muito e só quer o bem do filho. A mensagem de-cair-lágrimas antecede a música, que é sucedida por outro áudio paterno.
A atitude emotiva e introspectiva de Barba Ruiva se estende por todos os lados do EP, que é musicalmente um resgate do que a cultura hip hop precisa manter vivo. O artista contou à Arte Brasileira que “Prólogo” segue a linha boom bap, subgênero do hip hop atuante nas décadas de 1980 e 1990.
O título também é conceitual, e retrata duas questões: Barba Ruiva já lançou outros trabalhos, mas este é o primeiro que mais se aproxima de suas ambições artística; “prólogo” porque revela quem é o ser humano por trás do personagem Barba Ruiva, o artista e o Lucas Ribeiro são colocados de forma sintetizadas. “A mensagem é maior que o mensageiro”, pontua ele.
As faixas “Parábolas” e “Madrugada” estão disponíveis na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Diego Tavares, Lara Aufranc – “Antes de Me Deixar” – (single)
O dueto entre Diego Tavares e Lara Aufranc no single “Antes de Me Deixar” casa o primeiro com voz sussurrada à dela no sensível formato melódico, integrando-se a um arranjo minimamente sútil.
É uma combinação leve, que embala uma letra sobre o fim de um relacionamento. Por um lado, a tristeza, do outro, a entrega ao amado de qualquer forma, como quem pede “só mais um pouquinho”.
A música carrega em seus genes um pouco de cada coisa: nova MPB, indie e rock. Esse mix te aguarda, só segura o coração porque a mensagem é forte, mas também descontraída.
Vamos pro play?
Disponível na playlist “Pop Rock Brasileiro – Lista Dinâmica e Atualizada”
Haroldo Bontempo, Mariana Cavanellas – “Brasil, 17H” – (single e clipe)
Se algum leigo insistir que o Brasil-séculoXXI é produtor demasiado da “lixo sonoro e poético”, eu responderia com “Brasil, 17H”, o novo single de Haroldo Bontempo em dueto vocal com Mariana Cavanellas.
Em defesa da bossa nova, da MPB, e do intuito jovem, a canção, composta solitariamente por Haroldo, é poética ao nível Vinicus de Moraes. Esse jogo de palavras, arranjos e vozes é o exemplo ideal do próximo disco de Bontempo, programado para este ano.
Os versos de “Brasil, 17H” estão na sequência, na íntegra:
Ai, se não fosse assim
Tão triste Eu não iria ter
Esse enorme prazer
Em vê-las cantar
Esse blues num bar
Ou nessa prisão
Que é o meu coração
Pela imensa paixão
Em ser feliz (Em ser feliz)
Não vai pra lá Vem pra cá, vem pra cá
Vem me buscar Meu banho de mar
Limpeza do meu ser
Vem me buscar
Meu feliz cantar
Meu triste viver
Vem me buscar
Meu banho de mar
Limpeza do ser
Vem me buscar
Meu feliz cantar
Meu triste viver (Eu bem que queria ter)
Eu bem que queria ter
Incentivos pra sonhar
Motivos para acreditar em mim
Mas vem você
Com o que eu não sei fazer (o que eu não quero)
O que eu não quero (o que eu não posso)
O que eu não posso
Eu não consigo
E lá se vai
Mais um carnaval
Mais um temporal
Mais um fim de tarde (Mais um fim de tarde)
Mas não vão me privar
De um banho de mar
Limpar o meu ser
Não vão me privar
De feliz cantar
Meu triste viver
Não vão me privar
De um banho de mar
Limpar o meu ser
Não vão me privar
De feliz cantar
Meu triste viver
Não vão me privar
De um banho de mar
Limpar o meu ser
Disponível nas playlists “Brasil Sem Fronteira…” e “MPB – O que há de novo?”
FICHA TÉCNICA (CLIPE) —> Animação e direção: Gabriel Rolim – Rollinos / Filmagens do pôr do sol: Dan Pimentel, Chrys Oliveira, Haroldo Bontempo, Victor Frabi e Walter Nazário / (FAIXA) —> Estevan Barbosa – Bateria / Haroldo Bontempo – Arranjos, backing vocal e violão / Ingrid Máximo – Baixo acústico / Leonardo Marques – Percussões, captação, produção, mixagem e masterização / Lucca Noacco – Piano e teclado / Mariana Cavanellas – Vocal / Lançamento YB Music.
Raphael Costa – “Das Construções” – (Álbum)
“Das Construções” é tão conceitual que resolvi adotar uma das canções: “Onde Vai Você”. Sintetizá-la é, esteticamente, mais-ou-menos o mesmo que descrever resumidamente o álbum como um todo.
É o seguinte: reduzida a violão, guitarra e voz, no íntimo e aconchegante próprio lar de Raphael, a música tem a genética do romance, de energia até nostálgica, mas adaptada às expectativas das novas gerações, com o som bossanovista-MPB travestido sutilmente de ideal good vibes.
É interessante, devo pontuar, como Raphael soube resgatar boas referências brasileiríssimas sem desligar-se do novo.
Indo além: o trabalho está disponível em vídeo no Youtube. Por lá, você sente a coisa-toda. Se os ouvidos escutam, as pupilas sem saída brilham, de tamanha que é a simplicidade e perfeição que avistamos.
A música está disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…” e outras três faixas do disco na playlist “MPB – O que há de novo?”.
Ramiro Pinheiro, Ana Rossi – “Outra Era” – (single e clipe)
O violão brasileiríssimo de Ramiro Pinheiro, artista deslocado com sucesso para Barcelona (Espanha), se encontra com a voz evoluída, bem trabalhada e de elegância nacional de Ana Rossi. O encontro acontece na releitura mais leve e melódica de “Outra Era”, canção lançada em 2001 por Fagner, composta por ele e Zeca Baleiro.
É um atípico lançamento refinado, de-outros-tempos e que não seria difícil ser aprovado pelos criteriosos crivos dos mais exigentes críticos musicais. Perdoe-me a ousadia, mas acredito que, se vivo, até Zuza Homem de Mello teria dificuldades em recusá-la.
A técnica de Ana e Ramiro são evidentes. Entretanto, acima está a sensibilidade que nos faz orgulharmos do nosso país, dos nossos artistas e dos ritmos aqui nascidos e cultivados.
Aplausos, muitos aplausos!
Disponível na playlist “MPB – O que há de novo?”
SATURNINA, JÉF – “Antídoto” – (single)
Mais uma música adaptada ao século XXI. Dito como pop rock, a canção “Antídoto” tem a genética do romantismo, da sofrência, mas também do movimento good vibes, com letra que finda o relacionamento, deixando apenas o “renascer” e o “já passou”.
A música é interpretada ao lado de Jéf, que também assina a composição. O dueto é, vendo de longe, uma combinação efetiva. Tem como lei principal a obediência a compreensão do quem é apenas passageiro.
Disponível na playlist “Pop Rock Brasileiro – Lista Dinâmica e Atualizada”