Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Esta é uma lista de novidades mensais, com músicas novas, quentes, diferentes. A seleção é eclética, serve para todos os gostos.
É importante ressaltar: que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra; essa lista é atualizada diariamente, até o encerramento do mês.
“O toque amoroso de gin” do cantor e compositor Bruno Del Rey
– Em linhas gerais, o que é o single “O toque amoroso do gin”? O single é o segundo lançado (o primeiro foi “Dead soul”) como prévia do álbum “O que serve de motor”, meu disco de estreia que será lançado em março de 2023. Liricamente, é um desabafo da alma sobre seguir ou não o fluxo da vida.
– Em qual contexto essa canção surgiu? A canção surgiu no final da pandemia em 2021 e foi uma junção de influências pessoais e experiências de amigos próximos que me inspiraram a sentir e sintetizar a letra dessa maneira.
– Como você poderia definir a sonoridade do single? Minha música é extremamente influenciada por Soul e Blues, especialmente o Soul da década de 60. Nessa canção especificamente, a influência do Blues é mais pungente, revestida também por uma camada Jazz forte na linguagem e no instrumental escolhido. As raízes são as mesmas, Blues, Jazz, Soul… o sopro de vida veio do mesmo lugar.
– Por fim, apresente-se aos leitores do Lupa na Canção. Olá, leitores do Lupa na Canção. Sou Bruno Del Rey, artista Sergipano radicado em São Paulo. Meu trabalho é mergulhado em referências do Soul e da música da década de 60. Sou apaixonado pela estética retrô e trago isso fortemente em minha sonoridade e visual. Espero que curtam “O toque amoroso do gin” e que também possam se conectar com outras canções do meu universo RetroSoul. Grande abraço!
Respostas de Bruno Del Rey
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
As reflexões sobre a vida urbana no novo single de Érica Lima
– A música fala da situação de pessoas em situação de rua. Quais são suas reflexões sobre isso e como essas reflexões/angústias tornaram esta música realidade? “Cidade” me permitiu compartilhar reflexões, angústias, experiências, mas também esperanças, no que tange à nossa vida em comunidade nos centros urbanos. Na canção falam a cidade, como que constatando e contando as transformações pelas quais ela passa, quanto também duas outras figuras centrais, a mulher em situação de rua e o fotógrafo. E, também, através deles, falamos nós, cidadãos que vivenciamos esse coabitar, coexistir, repleto de dores, amores, injustiças, lutas e projeções para um futuro mais solidário, menos desigual, mais esperançoso. A cidade muda de horizonte, a situação de quem vai parar em situação de rua se transforma na hostilidade urbana, mas também pelo encontro. Encontro que também transforma o fotógrafo, que é tocado, que enxerga o que não via e tem seu horizonte mudado. O intercâmbio de locus enunciativo na canção permite, claro, muitas outras interpretações. Afinal, lançada no mundo, a canção, agora, não tem significado só para mim, mas também para quem a ouve.
– Quais são suas considerações a respeito da sonoridade e arranjos da música? A música, com esse piano que a inicia, convida a uma imersão numa história que já se coloca num tom pungente, algo que solene, um pouco épico, dramático e cresce até o arranjo de cordas, que nos traz não só a dor, mas também a esperança da transformação que acontece com as personagens. A voz, num crescendo interpretativo também, nos conduz à beleza e força do que é dito, ouvido e sentido, até a delicadeza final das últimas palavras cantadas com suavidade.
– Há alguma história ou curiosidade interessante sobre o lançamento? É marcante, no lançamento, presenciar a transformação na face, no corpo, nas expressões de quem ouve a canção pela primeira vez, ao aflorar de uma emoção não esperada. Talvez pelo contraponto com a canção anterior, mas, que é dançante e alegre (sem deixar de ser contundente). Talvez pela própria força de “Cidade”.
– O que “Cidade” diz sobre você, sua carreira artística? “Cidade” diz muito sobre minha proposta pra música, na vida pessoal e profissional. Intensidade, significado, alcance de questões sociais e fundamentais para o Brasil de hoje me interessam e me guiam. Ousar ir aonde a canção, a obra pede é mais importante do que tendências de mercado. Mas também a liberdade de experimentar conforme meu sentimento e desejo na hora da criação. Inclusive para navegar águas menos profundas em outras canções se eu quiser. Liberdade é a palavra.
Respostas de Érica Lima
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Álbum de estreia de Matheus Nicolau elogiado pela Billboard é relançado neste 2022 com nova roupagem
Há dez anos, o jovem cantor e compositor Matheus Nicolau lançava seu álbum de estreia, muito bem recebido, sendo, inclusive, elogiado pelo respeitado jornalista Pedro Só, na edição de dezembro de 2011 da revista Billiboard. O trabalho, que uniu rock, MPB, jazz e blues em 16 canções autorais, recebeu uma nova versão neste 2022, com o nome de “Todas as Flores Têm Espinhos? – 10 Anos”. É esse disco que, por agora, indicamos com orgulho!
Disponível nas playlists “Brasil Sem Fronteiras…”, “Novidades do Rock Nacional” e “MPB – O que há de novo?”
A bela bossa de Antonio Resende no single “Solitude Bossa” – [MINI ENTREVISTA]
– Primeiramente, peço que se apresente aos leitores da coletânea Lupa na Canção. Sou compositor, produtor e músico de Belo Horizonte, Minas Gerais. Trabalho principalmente com trilhas sonoras em diversos estilos. Jazz e Bossa Nova sempre fizeram parte do meu gosto musical.
– Comente, de uma maneira geral, o single “Solitude Bossa”? É uma música calma, alegre, com um leve toque de mistério e grande influência das Bossas clássicas dos Anos 1960. A letra é em inglês e fala da alegria de estar bem consigo mesmo e da vontade partilhar bons momentos com quem amamos.
– O que você traz de referência nesta música, musicalmente falando? Comente a sonoridade como um todo também. Grande influência de Tom Jobim e João Gilberto, com uma sonoridade tipo Bossa/Jazz, violão de nylon, piano, arranjos de cordas e uma levada de bateria que mistura a Bossa Nova clássica com o swing do Jazz.
– Há alguma curiosidade relevante sobre o lançamento? Eu fiz uma versão instrumental e iria inicialmente usar a música apenas como trilha sonora. Ao tomar banho, me veio a ideia de fazer uma letra em inglês. Gostei muito do resultado final e resolvi lançar nas principais plataformas digitais. Espero que possa transmitir essa alegria calma a todos que ouvirem.
Respostas de Antonio Resende
echoing nightmare – “butterflies” – [MINI ENTREVISTA]
– Primeiramente, se apresente! echoing nightmare é meu projeto “one woman band” (todos os instrumentos, vocais, letras e arranjos por lynn).
– O que nos diz a letra de “Butterflies”? Sobre mudanças que fiz quando comecei a me aceitar, e as dúvidas que apareceram junto a essas mudanças (ex.: “estou me tornando livre, ou nunca estive presa como pensei?”)
– Qual a identidade sonora desta música? Como você a definiria? A primeira ideia era fazer uma música completamente acústica, mas na gravação do álbum (que vai sair em 13 de janeiro de 2023) eu optei por um arranjo um pouco mais elaborado. Não sei dizer se foi uma influência, mas estava (estou) ouvindo bastante xtc, especialmente “apple venus volume 1” e “nonsuch”.
– Há alguma história ou curiosidade interessante sobre o lançamento? Quando eu escrevi essa letra (2020), na mesma época em que comecei essas mudanças, inúmeras borboletas apareceram em minha rua, e embora isso não fosse incomum, a enorme variedade de cores era. esse fato serviu de inspiração para essa música.
Respostas de echoing nightmare
Thiago Leal e sua faixa existencial “TUDO EU!!!”
Os momentos de reflexões “feitas com a cabeça no travesseiro” pelo jovem cantor e compositor Thiago Leal se tornaram música, no single existencial “TUDO EU!!!”. Questionamentos profundos e uma sonoridade pop de fácil digestão são os alicerces desta música que pertence ao primeiro EP autoral do artista, “Do Quarto Pro Mundo”, previsto para ser lançado até o final do ano.
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Belita e Bruno Chelles cantam o Brasil tropical em single escrito para a Copa do Mundo
Cantora e compositora ítalo-brasileira, Belita é uma artista que nitidamente se orgulha de suas origens. Filha de uma mãe baiana e um pai italiano, ela marca presença no mercado fonográfico digital desde 2018 quando estreou com o single “Waves”. Desde então, Belita fez 19 lançamentos, incluindo um álbum e um EP. Com caráter pop e contagiante, o repertório de Belita ganha agora o single e clipe “Pindorama”, a nossa indicação de hoje.
A canção, um feat vocal com o cantor Bruno Chelles, parece extravasar as origens brasileiríssimas de Belita, à começar pelo título da música. Na letra de “Pindorama”, Belita desenha coisas-do-Brasil quando canta, como exemplo, “Quem me descobriu tentou levar todo meu ouro”, um protesto em referência clara à colonização europeia. As tantas boas palavras de “Pindorama” se completam com as imagens do clipe, um casamento de beleza incontestável.
Por fim, vale dizer que “Pindorama” é um lançamento especial para a Copa do Mundo deste ano. Um jeito incrível de aumentar a moral do Brasil em meio ao torneio. Confira!
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
A imprevisibilidade do tempo em evidência na faixa “Eu Sei Que Tudo Vai Mudar” de Marcos Lucatelli – [MINI ENTREVISTA]
– Primeiramente, apresente-se aos nossos leitores! Olá a todos, sou o Marcos Lucatelli, músico, produtor e compositor. Sou de São Paulo e lancei recentemente o álbum “Canções de uma vida sem destino”.
– O que diz esta música? Qual sua mensagem? “Eu sei que tudo vai mudar” foi composta num período que passei em Chapada dos Guimarães no Mato Grosso, quando a pandemia nos obrigava a uma reclusão. A música chegou pra mim através do piano, numa manhã em que acordei cedo para correr e depois de um café, sentei ao piano e a melodia surgiu. A letra veio depois e acabou falando das possibilidades que a vida nos dá. Que as coisas mudam constantemente e não temos como controlar o nosso destino. Somos o resultado de nossas escolhas e das escolhas de todos.
– Fale sobre o álbum “Canções de uma vida sem destino” do qual esta música faz parte. “Canções de uma vida sem destino” é álbum com 11 canções. Com arranjos meu e produção musical de Fabio Pinczowski, tem participações especiais de Isadora Canto, Mauricio Detoni e Breno Ruiz. O time de músico é formado por Marco Mibach (Bateria) Edson Barreto (Baixo), Estevão Moreira (Baixo e Viola), Simone Julian (Flautas), Wellington Sancho (Percussão), Marcelo Freitas (Sax) e Paulinho Viveiro (Trompete). O disco tem uma sonoridade moderna e vintage ao mesmo tempo, com uma busca intensa por explorar os mais variados timbres de teclados, sintetizadores e instrumentos acústico. Fabio Pincz é um alquimista dos timbres, e o seu estúdio, o “12 Dólares”, tem um grande acervo para ser explorado. O disco tem uma unidade como álbum, mas ao mesmo tempo, eu enxergo dois lados claramente, como se fosse um álbum de vinil. O Lado A é mais solar, com as músicas “Eu sei que tudo vai mudar”, “A gente vive”, “Num papo de prazer”, “Falso Dilema”, “Algo Inusitado” e “Numa Manhã”. Já o lado B é mais dark, com “Te vi”, “Sem você”, “Tudo parece não ter fim”, “Elogio ao amor” e “Tudo vai passar”. Mesmo assim, o lado B acaba de forma esperançosa com a música “Tudo vai passar”. “Canções de uma vida sem destino” é um álbum que mergulha profundamente no ser, no existir, explorando suas angustias, suas delicias, seus prazeres, suas dores e seus sonhos.
– Você teria, além de “Eu Sei Que Tudo Vai Mudar”, outra faixa em especial do disco? Tenho sim, algumas faixas que gosto bastante e gostaria de destacar. “Num papo de prazer” foi a última canção que compus para o disco e ela veio depois de um jantar com amigos, onde comemos “Cacio e Pepe” (Queijo e macarrão). Foi uma noite adorável e fiquei com aquele desafio na cabeça, como fazer uma música com as palavras “Queijo e macarrão”. Assim ela surgiu! Destacaria também as músicas “Sem você” com uma letra muito intensa e um incrível arranjo do piano de Breno Ruiz, e “Falso Dilema” com a participação Mauricio Detoni na voz e um belo arranjo de sopros.
Respostas de Marcos Lucatelli
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Monica Casagrande “Abre Caminhos” em novo single
– Primeiramente, se apresente. Afinal, quem Mônica Casagrande? Sou uma pessoa que encontrou na arte uma forma de se expressar e de se curar. E, minha expectativa ao dividir minhas músicas com o mundo é de ajudá-las em suas próprias batalhas. Quando recebo um direct ou comentário no Instagram de alguém dizendo que minha música a tocou e a ajudou a enfrentar/entender algo, é quando me sinto mais feliz.
– A música surgiu após o término de um relacionamento abusivo. Como foi construir “Abre Caminhos” a partir dessa experiência? Foi muito difícil. Eu cantava os primeiros versos e começava a chorar. Diferente de outras músicas que eu acabo fazendo em um supetão de improviso e inspiração, essa eu levei meses. Acredito que foi porque, por meio dela, que eu finalmente consegui finalizar essa história dentro de mim. E eu entendi que ela estava pronta, quando cantava para amigas próximas, ainda à capela, e elas também choravam e diziam que se identificavam com aquilo. Foi quando entendi que eu não estava só e nem elas mais. A música por fim, me abriu espaço para poder dividir essa experiencia e dar espaço pra mais pessoas que passaram por isso, se abrirem também.
– Achei, no mínimo, curiosa a sonoridade do single. O que você pode considerar sobre? Muito dessa cura que falo acima, vem dos meus estudos sobre espiritualidade, nesta eu trago elementos de religiões afro-diaspóricas, especificamente o candomblé, onde no refrão saúdo Ogum e Iemanjá, assim, como no final da música, Exu. Foi assim, que junto com meu produtor Alexandre Elias, buscamos trazer elemento de discos de artistas que também eram muito conectados a essas religiões, como Afro Sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes, Maria Bethânia e toda obra de Clara Nunes, por isso também convidamos Reginaldo Vargas, que trabalhou com Maria Bethânia por anos a fio, para trabalhar a percussão da música e por fim do disco todo.
– O que “Abre Caminhos” diz sobre seu novo EP e sobre sua carreira musical? “Abre Caminhos” fala sobre Amor Próprio, a primeira forma de amor que acredito que precisamos reaprender, para conseguimos amar de forma consciente.
O que acontece com a gente, depois que quebramos tantos paradigmas e não queremos mais viver de acordo com as ordens sociais? Quando finalmente conseguimos atravessar e sair a “caverna de Platão”, pra parar de viver de ilusões? Redescobrir e redefinir o AMOR, foi o primeiro passo que eu dei nessa jornada em busca pelo conhecimento, e é sobre isso que eu quero falar nesse novo trabalho. O amor pelo nosso próprio corpo, que nos abriga e move por aí; pelo outro, que podemos trocar e aprender tanto; pela terra, grande mãe. A Conexão com o todo.
Encruza Miramar: As encruzilhadas e as escolhas realizadas me levaram pra este Miramar. Agora ouso começar a navegar por águas desconhecidas, onde os paradigmas sociais são deixados em terra firme, e o amor passa a ser a bússola que me levará de encontro as respostas que minha alma busca.
Respostas de Monica Casagrande
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
“Rooster”, da Alice In Chains, em versão brasileira por M E R O S, Mary More e Gui Caiaffa
– Primeiramente, apresente-se! Olá pessoal! Meu nome é Helder, mas na música escolhi ser chamado de M E R O S. Sou brasileiro, vivo em Singapura, e faço música como forma de extravasar a criatividade represada, trabalhando com outros artistas e gente incrível através de colaborações e parcerias.
– Por que gravar esta música da Alice In Chains? Alice in Chains é uma banda muito especial pra mim, ela talvez seja a banda que mais me influenciou até hoje desde que comecei a tocar e ter banda (20 anos atrás). “Rooster” foi originalmente escrita por Jerry Cantrell em 1992 (está fazendo 30 anos esse ano), e o tema principal da faixa ainda se faz relevante. A “Rooster” de 1992 fala sobre a Guerra do Vietnam, da relação pessoal do Jerry Cantrell e seu pai, que serviu o exército Americano e lutou na guerra.
Hoje, em pleno 2022, vivemos novamente em um período de guerra, com conflitos, extremismos, medos e angústias, e a impressão que fica é de que os aprendizados não duram pra sempre, as experiências são cíclicas e eventualmente revivenciamos os mesmos problemas anteriormente contornados. Então quis traduzir um pouco disso na minha versão de “ROOSTER”.
– O que vocês consideram ter trazido de diferente nesta versão? “ROOSTER” de 2022 fala dos mesmos temas, mas os aborda de uma lente contemporânea e com mais camadas, trazendo um pouco da complexidade que estamos nos acostumando a viver nos tempos atuais. Mas acho que as óbvias diferenças são o fato de termos utilizado duas vozes distintas (eu e a Mary More dividindo os vocais) e o Gui Caiaffa adicionando uma levada completamente moderna ao som na batera (ele, por sinal, faz um trabalho incrível de inclusão social, acessibilidade e promoção da bateria como instrumento para todos).
Respostas da M E R O S
Heitor Neves questiona: “Quantos de Mim?”
– De que se trata a letra de “Quantos de Mim?” e por que você diz ter “se jogado na loucura comedida”? A letra de “Quanto de Mim?” na verdade foi escrita em dois tempos. Primeiro havia criado toda a estrofe e segundo verso. Retratava na época a tradicional luta do “eu” contra ele próprio, buscando vencer aqueles detalhes que temos dentro de nós e que acabam atrapalhando nossos sonhos, nosso caminhar… Por exemplo, me livrava de alguns vícios na época, e ficou bem aparente essa minha briga com os hábitos que me prejudicavam. Mas a letra do refrão não me veio…
Depois de mais ou menos um ano, quando já estava gravando os instrumentos do trabalho que lanço hoje, finalmente me surgiu a ideia de interpretar essas “partes de mim que me atrapalham” como outros seres. Assim, acabei chamando os pesares e as dificuldades que eu mesmo me ponho de “outros de mim mesmo.” Essa conclusão final da letra, me permitiu não só concluir o refrão, mas também mudar o arranjo, colocando elementos psicodélicos sutis que ficam cada vez mais presentes no andar da canção. Digamos então que cedi à loucura, mas de maneira bem comedida. De repente, no futuro, abuse mais dessa característica.
– Qual, afinal, a mensagem? A mensagem que tentei passar é o questionamento. Para me tornar o que suponho que quero, quantas características minhas do presente deixarão de existir no futuro? Quantas novas partes vão surgir? Quantos por cento do “eu do presente” estará no “eu do futuro”.
– O que é o single musicalmente? Comente a sonoridade e arranjos. Essa música (melodia e ritmo) foi criada como uma grande homenagem ao rock de Brasília. Cantando na noite de São Paulo, sempre gostei muito de cantar Legião, Capital e toda a galera de lá. Esse clima folk/rock, penso eu, é o que eu mais tenho dentro de mim, por mais que componha forrós, reggaes e tal… Porém, não gostaria de fazer o que já foi feito por outros. Adicionei a viola caipira, o “walking bass” (linha de baixo mais comum em outros ritmos, como por exemplo uma parte do jazz), os elementos psicodélicos, as dobras de voz, o vocal feminino, tem até umas vozinhas de “Alvin e os Esquilos” escondidas no refrão. Fui experimentando, mas não quis perder a sonoridade folk/rock. De repente a tal “loucura” foi comedida de mais [haha].
– “Quantos de Mim?” diz o que sobre você e sua carreira musical? “Quantos de Mim?” grita para mim e para o mundo que minha carreira musical é a minha vida. Eu respiro música, componho toda semana, penso nos arranjos quando deitado na cama para dormir, salvo toda ideia nova que me aparece… Por certa preguiça, eu já quis fugir desse caminho/sonho. Agora, não mais.Essa música foi o meu quarto lançamento desse ano, e particularmente a que eu mais tenho “carinho”.
– Quem é Heitor Neves? Essa pergunta é difícil pra qualquer pessoa. Quando feita pra um artista, confuso e prolixo como eu, se torna aterrorizante. Mas fugindo de todo o texto e questionamentos que faria pra contextualizar minha resposta, creio que dizer que sou uma pessoa que tenta, é uma boa definição.
Respostas de Heitor Neves
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…” e “Novidades do Rock Nacional”
O som solar, pop e jovem de Julio Meloni no single/clipe “Visão Sideral”
Baseado no pop rock e pelo indie-pop da atualidade, o cantor e compositor Julio Meloni é estreante, mas coleciona mais de 200 composições, todas inéditas. Esse “silêncio” quebrou-se quando Julio lançou seu primeiro single, “Visão Sideral”, que antecedeu outros dois lançamentos, os singles “Ainda Descubro” e “No Bar da Lua”.
A estreia de Julio com “Visão Sideral” mostrou um artista solar, bem intencionado, abrangente, criativo e pop. A música é apropriada à aqueles que gostam de balançar o corpo, mas, ao mesmo tempo, carrega uma letra inteligente, ajudando a quebrar assim aquela velha ideia de que o dançante se limita a letras clichês e sem profundidade. O lado jovem e pop de Julio e de “Visão Sideral” é reforçado com lindas cores no clipe que acompanha a canção.
Ao seguir este caminho, Julio parece estar nos trilhos certos!
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Ela mora no Qatar, mas sua brasilidade sobrevive e vive!
Luciana Maya é uma cantora e compositora brasileira que mora no Qatar há 13 anos, mas sua brasilidade permanece quente. Prova disso é o seu novo single autoral, o moderno samba “Chuva”. Segundo ela, este, que é o seu quarto lançamento, é “uma composição às coisas boas: aos amores, às igrejas, aos amigos e às conquistas”. A voz de Luciana em “Chuva” é acompanhada por um instrumental rico integrado por guitarra, flauta, teclados, baixo, bateria e percussão. Vamos ouvir, brasileiros e brasileiras?
Disponível nas playlists “Good Vibes – Lançamentos” e “Brasil Sem Fronteiras…”
A riqueza e a diversidade rítmica de “Sabiá”, disco de estreia de Caio Lang [MINI ENTREVISTA]
– Apresente-nos, em linhas gerais, o álbum “Sabiá”. “Sabiá” é meu disco de estreia como músico e compositor, produzido ao longo da pandemia de Covid-19. As canções vão do choro-canção ao forró e do folk à fanfarra – essa variedade de ritmos, texturas e sonoridades é resultado da mistura de referências diversas e também da bagagem de cada pessoa que compôs o projeto.
“Sabiá” foi gravado em Campinas (SP) pelo Vitor Oliveira do estúdio VAWO, e no meio do processo me mudei para Paris (França), onde gravei as vozes. O disco é um lançamento do selo Cantores del Mundo, e é distribuído pela InGrooves Brasil.
– Aprofunde-se na sonoridade e temáticas das faixas. As seis canções lançam um olhar descomplicado à vida, sempre na tentativa de revelar a poesia do cotidiano a partir de imagens da natureza – por isso pássaros, frutas e flores são elementos centrais do universo do disco.
Tem algo de inesgotável e universal nessa relação humana com a natureza, e no ato de se enxergar como natureza. Esse é o fio condutor. Por isso, histórias de amor, de desilusão, de recomeço; todas podem ser contadas a partir de um sabiá que faz seu ninho, ou de um pé de jasmim que cresce junto com a gente – e por aí vai.
– Indique algumas faixas do álbum para o público ter uma direção. A primeira que indicaria é “O Revoar”, que parte de uma brincadeira entre o português e o francês (“au revoir” quer dizer “até mais”/”até a próxima”), e se transforma em uma grande fanfarra de despedida – é também a música de encerramento do disco, e surgiu comigo cantando no chuveiro. “Quarta-Feira” nasceu em uma madrugada passada em claro, quando apenas o violão faz companhia aos pensamentos, e o canto dos pássaros às 3h da manhã lembra que já passou da hora de dormir. A letra fala de desilusão, mas principalmente de esperança, e da promessa para si mesmo de que as coisas vão mudar. Afinal, “é dia de ter amanhã”.
Em “Bananeira” (parceria com Elisa Alves), trazemos uma mensagem simples, como um conselho de avó: peça de cada um aquilo que cada um pode lhe dar – mas talvez você se surpreenda com o que o outro tem de fato a dar. Além de convidar a essa reflexão, o arranjo convida quem ouve a batucar e cantar junto.
– “Sabiá” tem referências/inspirações em outras músicas, trabalhos musicais e de outras áreas do conhecimento humano? O disco foi concebido em um momento muito especial da vida, em que vivi nos arredores da Unicamp (Campinas) em uma casa cheia de árvores frutíferas, horta, e animais. Isso marcou muito as composições, assim como as pessoas que rodearam esse momento. Também sou apaixonado por aprender outras línguas, o que de alguma forma deu origem à letra de “O Revoar”, com seus jogos de linguagem entre português e francês.
Tivemos uma preocupação grande em criar um universo visual para o “Sabiá” – por isso, além da arte de capa, a ilustradora Rafaela Pascotto criou uma ilustração para cada música – todas podem ser vistas como capas dos singles, e nos visualizers do Spotify. As referências musicais são várias, como arranjos de trabalhos de Gil, Lenine e Djavan, e as composições de artistas como 5 a Seco e o uruguaio Jorge Drexler.
– Quem é “Caio Lang”? A semente da música foi plantada por três discos que tocavam sempre no carro do meu pai: “Eco”, do Jorge Drexler, e os “Acústico MTV” do Lenine e do Eric Clapton. Desde então sou apaixonado por canção, e me divirto criando as minhas.
Hoje me entendo músico e compositor, embora a interdisciplinaridade me interesse mais do que ser lembrado por uma coisa só. As pessoas costumam achar curioso que minha formação é em engenharia, e que me especializo em Inteligência Artificial – mas para mim a graça é justamente essa, o caldeirão de referências e estímulos.
Sou nascido em São Paulo – embora tenha sido em Campinas, na Unicamp, que as primeiras canções começaram a desabrochar, e que “Sabiá” tomou forma graças às pessoas maravilhosas que a universidade me fez encontrar – como o Alu Santo (co-produtor do disco), o Juan Fernandes (arranjador) e quase todos os instrumentistas.
Respostas de Caio Lang
Disponível nas playlists “MPB – O que há de novo?” e “Brasil Sem Fronteiras…”
EP de estreia do duo Conexão Planetária tem “uns parafusos a menos”
O Conexão Planetária, duo carioca formado pela cantora Mariana Moulin e pelo guitarrista Marco Lima, é gracioso e bastante criativo em EP homônimo lançado no início deste mês. O lançamento, que é a estreia do projeto, tem quatro faixas com “uns parafusos a menos”, o que é um elogio para dizer o quão aquém do comum é.
Com o pop rock como alicerce, as músicas parecem dialogar com as “coisas da vida”. A faixa-título, por sua vez, relata as aparições de corpos celestes nos céus de uma pequena cidade e que, ao final do evento sobrenatural, “tudo voltou ao normal”. Isso com uma sonoridade jovem e com boas sacadas nas letras. Há também a sensação de que o EP é genuíno, uma obra daquelas que não parecem ter nascido para o comercial, mas sim de uma necessidade quase que puramente artística. É, por causa de vários aspectos, um trabalho fácil de digerir.
O EP “Conexão Planetária”, produzido por Marco e Lourival Franco, está disponível nos aplicativos de áudio e a faixa “Garota do Cabelo Colorido” em clipe no Youtube.
Disponível nas playlists “Novidades do Rock Nacional” e “Brasil Sem Fronteiras…”
MV Bill e seus camaradas vão de trap e drill music em novo EP
“Dr. Drill”, o novo EP e décimo terceiro projeto do rapper MV Bill, é de cunho social, com críticas ardentes e até conselhos sábios, como acontece na faixa “Soldadrill”. Lançado oficialmente no Dia da Favela (4/11), “Dr. Drill” conecta duas vertentes do rap: o trap e o drill. Nas cinco canções do EP, MV Bill está bem acompanhado, uma vez que conta com as colaborações de Rashid, Major RD, Froid, Lord ADL, Rod 3030, DJ Erik Skratch, Insane Tracks e T-Rex.
Todas as músicas também estarão disponíveis no Youtube em formato de clipe entre novembro e dezembro.
Faixas disponíveis na playlist “Novidades do Rap Nacional”
Jova – “A fantasmagórica fantástica história de amor de Adoniran e Nair (FFHAAN)” – [MINI ENTREVISTA]
– Achei incrível a ideia da letra, a narrativa. De onde veio essa inspiração? Sempre fui apaixonado por essas duas figuras, Adoniran e Nair (achava eles parecidos). Lembro quando era criança escutava o Adoniran e ficava fascinado como ele descrevia SP e os amigos.. as histórias. A Nair sempre presente em programas humorísticos e novelas. Quando chegamos nos anos 00 muitas fanfics apareceram (selena e faustão e afins) e na minha cabeça sempre shippava eles como uma casal. Dai comecei a imaginar essa história deles se encontrando no pós vida mesmo e fiz a música.
– O que esta inusitada letra e a sonoridade do single revelam de sua personalidade artística? Tem muita coisa de memória afetiva, aquelas músicas que passavam na MTV da madrugada e que relaxavam. Pelo momento que a gente tá vivendo queria trazer uma música leve e também aproveitar esse momento antes do lançamento do novo EP para experimentar outras estáticas de letra.
– Há alguma curiosidade/história de destaque em relação a este lançamento? A letra e arranjo nasceram juntas a partir do riff, quando fomos finalizar o Schirmer deixou com uma pegada mais fantasmagórica com os shynts analógicos. Foi super divertido fazer tudo.
Respostas de Jova
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Zé Geraldo e Francis Rosa – “O Poeta e o Violeiro” – (álbum)
O discaço “O Poeta e o Violeiro”, lançado pelo mineiro Zé Geraldo e pelo paulista Francis Rosa, é o retrato de um Brasil interiorano, de violas, de simplicidade, mas também a fotografia mais bem focada deste Brasil folk/caipira de Zé, Francis e dos tantos companheiros que os ajudaram a construir essa obra.
“O Poeta e o Violeiro” é integrado por 11 faixas, cada qual com aura própria, mas dão sempre no mesmo lugar, um bem aventurado lugar. Entre releituras e autorais/inéditas, vários personagens importantes da música regional e brasileira, como Xangai que declama, Ricardo Vignini que dedilha a viola, Guito que canta, e outros nomes tão relevantes.
A música chegou aos streamings em 21 de outubro, mas também foi lançada em vinil e CD. “O Poeta e o Violeiro” é um lançamento do selo Sol do Meio Dia.
Álbum indicado ao Grammy Latino / “O Selenita” da NDK ganha versão ao vivo
O álbum “O Selenita”, lançado pela banda paulista NDK @ndkoficial em 2020 foi um dos indicados ao Grammy Latino daquele ano. Dito como um disco de 16 faixas autorais que “levam o ouvinte em uma viagem pelo espaço sideral”, o trabalho produzido por Alexandre Chapola e Nill, é agora um álbum também em versão ao vivo, com show gravado em Jundiaí (SP), com recursos do ProAC.
A gravação ao vivo, que já está disponível no Youtube, tem direção assinada por Rhodes Madureira e mixagem/masterização realizada por Alexandre Chapola. O lançamento é do selo Marã Música @maramusicamkt
Seis faixas disponíveis em “Brasil Sem Fronteiras…” e “Novidades do Rock Nacional”
O eterno “Carcará” de João do Vale em versão 2022
Ícone da MPB e da resistência política/artística, o maranhense João do Vale completaria, se vivo, 88 anos neste 2022.
Preto retinto e semianalfabeto que buscou ainda jovem estadia no Rio de Janeiro, João do Vale compôs mais de 400 canções, e uma delas, “Carcará”, tornou-se eterna e símbolo contra o golpe militar de 1964. Isso porque neste ano, uma das respostas contrárias ao golpe foi o show “Opinião”, com Maria Bethânia e Nara Leão cantando “Carcará”.
Atual, a canção ainda ecoa em estúdios de gravações e palcos pelo país. Há alguns dias e em referência ao governo Bolsonaro, uma nova versão de “Carcará” chegou ao mercado musical. Trata-se da releitura do cantor Gabriel Vale, neto de João do Vale.
A gravação tem produção de Tuninho Villas, e é um lançamento do selo Casa Com a Música em parceria com o Sindicato Nacional dos Compositores Musicais (SINCOM). A versão, que adiciona elementos modernos da música brasileira e tem participações especiais, é, em essência e intuito, uma homenagem à grandiosidade de João do Vale!
Disponível na playlist “MPB – O que há de novo?”
YVY MARAEY – “Olé” – [MINI ENTREVISTA]
– Primeiramente apresenta-se! – O que YVY MARAEY nos diz? Qual sua mensagem? Mesclando ritmos brasileiros ressonantes, o artista YVY MARAEY oferece uma voz fresca e cheia de alma. Nascida entre Berlim e Brasil, Yvy tem uma reverência pelo mundo natural e pela cultura indígena equilibrada por uma juventude efervescente que influencia sua escrita de músicas. Com uma mistura única de elementos europeus, antípodas e latinos, o som de YVY é descontraído e leve, mas enraizado em grooves fortes que fazem você querer se mexer.
A cantora e compositora sempre se sentiu um pouco deslocada passando a maior parte de sua infância crescendo na Alemanha com herança brasileira. Com sua música ela está se conectando com sua parte brasileira e encontrando um lar nos ritmos brasileiros bem como na filosofia das culturas indígenas vivendo em harmonia com a natureza porque estar na natureza sempre a fez se sentir em casa.
– Como você considera a sonoridade e arranjos da música? A música “Olé” foi produzida pelo talentoso artista Noah Slee. Uma grande influência foi a majestosa dupla Ibeyi. Noah estabeleceu a seção rítmica usando nada mais do que uma cadeira, duas notas de dólar americano como shakers, as costas de uma guitarra velha e um ventilador batendo e raspando a estrutura rítmica básica. Camadas vocais densas são uma assinatura das produções de Noah e colocamos em camadas cerca de 30 faixas vocais diferentes que pintam essa plataforma evocativa profunda para a melodia brilhar em cima”
– Até que ponto a canção registra suas origens? Crescer entre dois países completamente diferentes inspirou YVY MARAEY a unir diferentes gêneros de música e criar algo novo. Uma das grandes inspirações de YVY tem sido o belo trabalho de seu pai brasileiro trabalhando com indígenas do Brasil. Ele dirige filmes documentários sobre os Povos Indígenas no Brasil, como os Guarani, etnia de minhas origens por parte de pai.
Também o nome da cantora YVY MARAEY vem da tribo Tupi Guarani e pra ela é muito importante iluminar a bela cultura dos povos indígenas que vivem em harmonia com a natureza. No videoclipe a seguir de Olé YVY está usando joias tradicionais indígenas que sairão no dia 11.11.22.
Passando a maior parte de sua infância na Alemanha longe de suas raízes brasileiras, YVY sempre se sentiu em casa na natureza e por isso sente uma forte conexão com a filosofia dos povos indígenas.
Respostas de Yvy Maraey
Caio Bars e Zé Guilherme – “Se Não Chover”
Há poucas semanas, o cantor e compositor Caio Bars mostrou, mais uma vez, sua irreverência lírica e musical no single “40”, que foi também destaque aqui no Lupa na Canção. O volume de “aquém do comum” do single “40” considero ser ainda menor do de “Se Não Chover”, seu novo lançamento. Nesta canção, Caio é companheiro de voz com o também cantautor Zé Guilherme. Os dois cantam uma letra, embalada sonoramente pela nostalgia e por elementos nitidamente brasilieiríssimos, que se refere a “rever um velho amigo, sentar pra tomar um café e rir de um tempo que passou”, como diz o próprio Caio.
Enfim, tanto “40” quanto “Se Não Chover” são músicas de um artista aparentemente despreocupado com as regras do mercado, mas, ao mesmo tempo, bem intencionado em abraçar a linguagem pop, ou seja, de fácil digestão para todos. Caio Bars, sua sonoridade sempre amigável e seu desprendimento de temáticas comuns merece o nosso respeito!
Disponível nas playlists “Brasil Sem Fronteiras…” e “MPB – O que há de novo?”
Pura Atração – “Irreversível” – [MINI ENTREVISTA]
– É possível um resumo de “Irreversível”? O que é esta canção? “Irreversível” é um pagode romântico, forte e intenso que relata a crise de um casal, com arranjos do próprio grupo com um adicional de orquestra neste trabalho.
– Explique para nós quem é o grupo Pura Atração. O Pura Atração é um grupo de pagode formado no bairro da Barra Funda em São Paulo, tem uma carreira musical a mais de 15 anos. Teve como padrinho e mentor “Rikardinho” que fez parte do Grupo Refla (RIP), foi regravado por grandes artistas. Lança constantemente trabalhos autorais e inéditos com sua identidade, sempre pensando em fazer o melhor da música e entretenimento para seu público.
– O que o grupo Pura Atração representa na cena do pagode? Por mais que o grupo já tenha uma grande trajetória, este novo trabalho vem mostrar o que é o Pura Atração, um grupo cheio de ideias e vontade de fazer boas músicas. O grupo representa aquilo que é de mais honesto e sincero na cena do pagode, fazer música boa a cima de qualquer suspeita.
Respostas do integrante Jonata Luis
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Med Zentorno – “Roteiro”
Tudo indica que “Roteiro”, uma das novas canções de Med Zentorno disponível no álbum “Novela” (2022), é aquém do mercado musical brasileiro. Segundo o próprio artista, “Roteiro” é uma “versão mais artística de uma música de bregadeira”. Com sonoridade diferente, com elementos pop e da música popular e de sensibilidade quanto ao fazer artístico, “Roteiro” é mais uma canção de amor. A letra é sobre um relacionamento que está se findando, e a pessoa que ainda ama não aguenta mais fazer tudo pela outra.
Essa estética de “Roteiro” segue a ideia de “Novela”, o álbum que “leva a música brasileira a outros patamares e ao seu extremo, indo de diversos ritmos típicos brasileiros e usando elementos nunca antes vistos em músicas desse tipo, e ‘Roteiro’ acaba por ser a música mais pop do disco, a porta de entrada pra esse universo denso, misterioso e extremamente brasileiro de ‘Novela'”, diz Med.
O trabalho agora faz parte de uma discografia recente do cara, que iniciou seus lançamentos em 2019 com o single “O Mundo (Remix)”. Depois, entregou outros quatro singles e, somando-se a “Novela”, dois álbuns.
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
DOM com partiicpação de Kyekyeku – “ESSA MISTURA” – (single)
– O que “Essa Mistura” diz sobre você (um artista brasileiro na França)? Minha base musical está fundada na música popular brasileira: Samba, Choro, Bossa Nova, Baião, etc. Sou carioca e sempre tive a oportunidade de participar e assistir diversas manifestações culturais brasileiras no Rio de Janeiro e também degustar de diversos artistas de outros países.
Depois de 6 anos morando na França, mas precisamente na região de Landes na costa atlântica, mudei completamente a minha visão sobre como apresentar minha música para o público europeu e brasileiro. “ESSA MISTURA” é o resultado dessa minha experiência cultural e chega aos ouvintes como uma bela síntese sonora dos meus encontros, minhas vivências e influências musicais europeias.
– Reflita sobre a letra de “Essa Mistura”. Peço também que comente a sonoridade do single e conte alguma história ou curiosidade interessante sobre o lançamento. Compus esta música em parceria com meu amigo Amin Nunes, que é descendente de Libaneses. Tudo já estava misturado desde o início! Quando ele me apresentou o refrão da música eu fiquei apaixonado pela onomatopeia « Biribiri baragadá borogodó » pois além dela ter um beat silábico maravilhoso, ela me remetia a célula rítmica do pandeiro. Logo em seguida foram surgindo os versos sobre deuses do Candomblé (Yansã), os Nagôs (tribo africana trazida para o Brasil durante a século XVIII), culminando na magia e energia que uma roda de Samba é capaz de emanar. Sinto essa música como um chamado dos meus antepassados africanos, a letra dela representa a reunião de todos esses elementos intrínsecos ao povo brasileiro e a participação do artista ganês Kyekyeku enriquece e africaniza ainda mais “ESSA MISTURA”.
A impecável produção musical do músico francês Victor Vagh foi fundamental na criação dessa intersecção cultural. Experiente produtor e conhecedor da música brasileira, ele me surpreendeu com seu bom gosto tocando piano e adicionando elementos sonoros contemporâneos capazes de cativar meus ouvintes europeus e brasileiros.
Respostas de DOM
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
A vibrante versão de “As Rosas Não Falam”
Sophie Charlotte e Letícia Colin, atrizes que dão vidas às protagonistas da novela “Todas As Flores” (Original GloboPlay) gravaram as vozes de uma versão vibrante de “As Rosas Não falam” (Cartola, 1976). A releitura é a faixa de abertura da novela, que estreou em outubro, e chegou no mesmo mês às plataformas de streaming.
A trilha sonora de “Todas as Flores” ainda inclui gravações de Chico Buarque, Duda Beat, Maria Bethânia, Gilsons, Marina Sena, Paulinho da Viola e Xande de Pilares, entre outros nomes.
Disponível nas playlists “Brasil Sem Fronteiras…” e “MPB – O que há de novo?”
Caco Mendes – “Morena Cá” – (Faixa do álbum “Sou Eu”)
– Quem é “Morena Má”? Faça uma leitura plena da música. “Morena Má” é a personificação do que nos é irresistível. Pode ser uma pessoa, um vício, um prazer que chega e domina o racional e inunda o querer. É muito difícil resistir aos desejos, mesmo tendo ciência de suas consequências. Acredito que todos temos algo ou alguém que nos arrebata e nos domina sem medida. Minha “Morena Má” é o tocar, o criar, o viver música.
– “Morena Má” é uma das faixas de “Sou Eu”, seu primeiro álbum. Comente sobre o disco. É um álbum eclético, mas que bem me representa e apresenta. Viajo por vários sons, ritmos e formatos. Vou do jazz ao rock, do blues ao samba. E este caldeirão sonoro, levado por meu violão, transmite a brasilidade que muito me influenciou e me encanta.
Dividi a produção com o querido e saudoso amigo Arthur Maia. Foram momentos inesquecíveis de troca musical e amor pela música. Conto também com a participação de músicos importantes da cena brasileira e com a beleza dos vocalizes de Amelinha.
– Apresente-se aos nossos leitores. Caco Mendes é? Sou aquele compositor e instrumentista que canta suas canções. Um Cantautor. Sou mistura de ritmos, pura intuição. Acredito na música que arrebata e toca a alma; minhas canções falam por mim.
Respostas de Caco Mendes
Faixas disponíveis em “MPB – O que há de novo?”, “Brasil Sem Fronteiras…”, “O Samba do Século XXI” e “Mais do que apaixonados!”
Madame Ralph – “Descompasso” – (single+clipe)
– O que os versos de “Descompasso” nos dizem? Qual a mensagem? “Descompasso” parte de um “valor”. O de que, pra gente viver nesse mundo sendo honesto sobre ele, temos que admitir e se expressar sobre sua destruição ativa pela humanidade, falar sobre o esgotamento da vida na Terra. Lutar contra ela sabendo que já perdemos muito e cada minuto importa. E que somos menos que um grãozinho de areia nisso tudo: a Terra vai enterrar todos nós que nos importamos – e mesmo os que não se importam – com ela. “Descompasso” expressa como saber disso é doloroso; como é ainda mais difícil viver a já insana rotina da exploração capitalista no neoliberalismo sabendo que se trata de um mundo condenado; como a falta de sentido das coisas que fazemos no dia-a-dia pode gerar uma sensação de distância de si mesmo. Esse adormecimento do que é vital pra se sentir parte do próprio corpo e, portanto, de se sentir vivo, é o “Descompasso”.
– Qual foi a inspiração para você compor esta música? Indo pra faculdade um dia, passei por uma esquina pelo qual sempre passava e pensei na quantidade de coisas horríveis que eu tinha sentido ali durante minhas piores crises de ansiedade e depois esquecido. Foi a partir daí que a música veio, meio fechada nessa ideia de expressar aquilo que a gente se força a esquecer. No meu caso é justamente essa ansiedade e esse medo que habitam o “fundo” dos meus pensamentos, mesmo que eu não esteja 100% consciente deles o tempo todo. Escrever é uma forma de tentar lidar com isso. Essa é a inspiração – prefiro até chamar de necessidade – pra escrever “Descompasso” e também pra todo o EP.
– Comente sobre o lyric vídeo. Gosto bastante do formato do lyric video, e queria unir uma proposta mais “agressiva” com a brincadeira de uma letra aparecendo como um Karaokê. Não é uma música animadora, que se cantaria nesse contexto, então acho que deu um clima irônico. Achei divertida a ideia de destruir as estátuas de Davi tanto pela liberação de energia quanto por expressar de forma bem literal o sentido de “destruição” que está no EP inteiro e nessa música.
Respostas de Madame Ralph
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Milton – “O Abraço do Sol” – (single+clipe) – [MINI ENTREVISTA]
– O que originou esta canção? Como ela nasceu? Essa música nasceu quando eu estava sentado na areia da praia de Ipanema, no Rio.
– O que você retrata na letra? Qual a mensagem da música? A letra tenta transmitir o meu sentimento quando estou diante de algo que é tão belo e que atrai tanta gente: o mar, oceanos e praias.
– Quais são suas considerações à respeito da sonoridade/arranjo do single? O som dessa música é inspirado no folk rock americano dos últimos anos.
Resposta de Milton
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Pato Fu celebra 30 anos com lançamentos inéditos
Em 1992, o guitarrista John Ulhoa, o baixista Ricardo Koctus e a vocalista Fernanda Takai fundaram a banda Pato Fu, sendo completada pelo baterista Xande Tamietti e pelo tecladista Richard Neves. Desde então, já gravaram 13 álbuns, se tornando uma das mais lembradas e importantes bandas do rock nacional. Eles estão comemorando neste 2022 três décadas de existência.
Para celebrar, gravaram nove canções inéditas, que serão distribuídas de três em três, no formato de single. O primeiro lote já está disponível, com as novíssimas canções “Curral Mal Assombrado”, “A Besta” e “No Silêncio”. O lançamento também marca o retorno do produtor Dudu Marote, que produziu a faixa “No Silêncio”. Ele foi o responsável pela produção dos álbuns da banda entre 1996 e 2001.
Disponível nas playlists “Brasil Sem Fronteiras…” e “É rock nacional, Senhô!”
Diego Tavares – “Tentei Lembrar” – (single)
– Como surgiu a música? Compus essa música numa viagem de carro entre Rio e Sao Paulo. Enquanto pensava nos temas da eltra, a melodia me veio naturalmente à cabeça, e depois foi só juntar tudo!
– O que a letra da canção relata? A canção é sobre perder o autocontrole na hora de pensar na pessoa amada e no que pode estar acontecendo na vida dela quando não estão mais juntos
– O que dizer da sonoridade/arranjos de “Tentei Lembrar”. A produção e os arranjos foram conduzidos com maestria pelo meu produtor Fabio Barros, após eu trazer algumas ideias de como eu gostaria que a música soasse e o que gostaria de passar através da parte musical, que é um alegria/leveza
contrastante com a dor da letra.
Respostas de Diego Tavares
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Maholic – “Rainha das Águas” – (Single)
O compositor, cantor, produtor, poeta, baixista e DJ Maholic é ousado em sua estreia fonográfica, que acontece com o single “Rainha das Águas”. É com este lançamento que ele anuncia o seu “subgênero musical”: a chamada Música Popular Eletrônica Brasileira (MPEB). A ideia desta estética sonora é unir a música eletrônica à elementos que bebem da essência da música popular brasileira. A canção, que faz parte do álbum “Mandiguê” a ser lançado em breve, se dedica aos personagens das religiões afro-brasileiras. Vamos conhecer?
Disponível nas playlists “Brasil Sem Fronteiras…” e “MBIA – Música Brasileira Indefinida e Alternativa”
Carlos Gayotto – “Cosmic Love” – (Estados Unidos) – [MINI ENTREVISTA]
– O que está letra diz? A letra diz que o amor existia em forma de energia antes mesmo de existir a vida humana.
– O que está por trás desta poesia? Por trás deste poema está a força infinita do amor ancestral, mas também uma energia multidimensional, como se presente, passado e futuro estivessem juntos.
– Qual a finalidade desta obra? A ideia da regravação em outra língua foi apenas minha forma de ajudar a fazer essa mensagem de amor multidimensional chegar a mais pessoas.
– Qual sua mensagem? “Cosmic Love” é a versão em inglês do clássico do repente Paraibano “Amor Cósmico”, do poeta Oliveira de Panelas. A canção é considerada o hino dos Repentes e também é muito entoada em rituais místicos e espirituais, pelo significado que carregam suas palavras.
– Qual foi a inspiração para criar esta obra e como isso aconteceu? A canção original foi mostrada a mim pelo querido compositor e amigo Pedro Viáfora, um dos caras do 5 a Seco, na voz da Flavia Wenceslau. Fui tomado por uma urgência em traduzir a canção e arranjá-la para o folk.
– Há alguma história ou curiosidade interessante sobre “Cosmic Love”? A produção desse fonograma é do Conrado Goys, alguém com quem eu sempre quis trabalhar, um dos caras de maior bom gosto na nossa música hoje. A mesma coisa digo sobre a animação, que foi feita pela talentosíssima Pamela Munhoz. Recomendo buscar o trabalho desses 2 Artistas incríveis por aí.
Respostas de Carlos Gayotto
Barão Vermelho – “Barão 40 (Blues e Baladas)” – (EP)
Atualmente composta por Rodrigo Suricato, Fernando Magalhães, Guto e Maurício, a Barão Vermelho está em festa. São 40 anos de atividades discográficas e nos palcos. Há meses, o grupo vem lançando fonogramas em referência a data. Até o momento, já lançou o álbum “Barão 40 (Acústico)”, e os EPs “Sucessos” e “Blues e Baladas”, este último com seis faixas, como “Amor Meu Grande Amor”, “Down em Mim” e “O Poeta Está Vivo”.
Ainda está programado o EP “Clássicos”, e uma turnê com esta temática já está sendo realizada. Enquanto isso, está disponível na Globoplay uma série de quatro episódios comemorativos.