Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Esta é uma lista de novidades mensais, com músicas novas, quentes, diferentes. A seleção é eclética, serve para todos os gostos.
É importante ressaltar: que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra; essa lista é atualizada diariamente, até o encerramento do mês.
Ian Ravih é sem padrões no single de estreia “Atravessar”
A estreia fonográfica do multi-instrumentista, cantor e compositor sergipano Ian Ravih acontece com o single “Atravessar”, uma canção de mares turbulentos, mas de encontro com algo que não sabemos o que. “Atravessar”, ao longo de seus mais de quatro minutos, propicia o universo musical livríssimo de Ian, onde os astros são desconhecidos e onde não há regras aos instrumentos. Essa liberdade também está na poesia de “Atravessar”.
A letra da canção reflete a existência, no entanto, casa-se perfeitamente com os arranjos, numa sintonia que coloca tudo em nada, ou nada em tudo. Afinal, a existência é um problema a ser desvendado, e é isso que escutei tão bem aqui. Por tudo isso, por todas as emoções propiciadas por “Atravessar”, saúdo a estreia bem aventurada Ian Ravih, um bem-vindo já alegre.
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Nina Fernandes retorna às origens no clipe da canção “Eu Posso Ser Quem Eu Quiser”
“Eu Posso Ser Quem Eu Quiser” é a sequência das músicas “O Mesmo Dia” e “Feitiço”, todos lançadas em 2022 pela cantora e compositora Nina Fernandes. A música composta completamente por ela fortalece as suas características musicais e poéticas. Com produção do vencedor do Grammy Latino Felipe Vassão ao lado de Nina e Pedro Serapicos, agora “Eu Posso Ser Quem Eu Quiser” está disponível também em clipe.
“Eu escrevi essa faixa pensando muito na minha infância, no meu retorno aos cheiros, às sensações e às emoções daquela época. Estou em uma fase em que preciso olhar para trás para voltar a entender quem eu sou e por quê eu sou como eu sou, o que eu gosto e não gosto em mim… o que gosto ou não gosto nos meus pais, no meu passado, na minha família, meus traumas, tudo o que me conecta comigo mesma. Só a partir daí, a gente consegue se entender, pacificar nossos sentimentos e pode ser o que a gente quiser – com o que nós temos e com o que já somos”, finaliza Nina.
O vídeo foi gravado no Estúdio 12 Dólares, com produção de b+ca e toda uma equipe que colaborou com as imagens.
Disponível na playlist “MPB – O que há de novo?”
Em novo single, Igor B. faz versão reggae-rock-indie de canção Lado B da banda pernambucana Eddie [MINI ENTREVISTA]
– Na sua perspectiva, o que esta música? O que a letra dela retrata? Ela retrata, ainda que de forma leve, uma situação meio barra pesada que ocorre numa balada. Infelizmente é uma situação que todos já vivenciamos ou conhecemos alguém que já vivenciou. E outra coisa legal desta canção é que a banda Eddie, que compôs originalmente a música, soube fazer algo interessante a partir de uma situação ruim. E soube contar isso como uma história em forma de canção que diversas pessoas podem se identificar.
– Você diz que “Buraco de Bala” é uma “versão inusitada de reggae-rock-indie” da original da banda Eddie, de 1998. Comente sobre isso. Sempre gostei muito dessa música e do trabalho da banda Eddie de uma forma geral. Estava pesquisando material para um podcast que faço e ela me reapareceu. Então percebi que a mensagem ainda era atual e que seria possível fazer uma versão com outra lírica e trazer um pouco da minha identidade. Neste processo de criação a coisa terminou caminhando para este resultado que mistura reggae com pop rock de maneira um pouco alternativa e gostei bastante do resultado final que ficou bem diferente da versão original.
– Por que a ideia de registrar essa canção? O que há nela, na sua opinião, que a mantém atual? Esta canção se mantém atual especialmente pela crescente escalada da violência no nosso país. Durante o governo Bolsonaro o acesso a armas foi facilitado e o número de pessoas armadas aumentou. Isso traz diversos riscos de acidentes, crimes passionais, violências domesticas, etc. De uma forma geral é algo que entendo como muito ruim e a música serve de alerta para possíveis resultados numa sociedade com este tipo de cultura armamentista. Além disso, ache que a banda Eddie é meio Lado B do manguebit e esta canção também é meio lado B. Eu particularmente gosto de coisas Lado B. Fora que goste e acompanho até hoje a música feita por diversos artistas de Pernambuco (como Nação Zumbi, Otto, Mundo Livre S/A, Mombojó, etc) então era uma oportunidade de fazer uma homenagem meio Lado B para essa turma que fez e ainda faz tanta música boa no nosso país.
– Por fim, o que esta música e essa versão dizem sobre você enquanto artista e ser humano? Além de interprete, sou também compositor e produtor. Neste trabalho abri mão dos papeis de produtor e de compositor focando 100% no papel de interprete para tentar dar a minha cara para a canção. A experiencia foi muito boa porque foi um trabalho em equipe com o produtor Gabriel Foloni (este é o nosso primeiro trabalho juntos) e trabalhar de forma colaborativa é sempre muito bom porque agrega novas visões e possibilidades ao trabalho. Gostei muito do resultado e certamente farei isso outras vezes nos próximos trabalhos que virão em breve.
Respostas de IGOR B.
Disponível na playlist “Novidades do Reggae Brasileiro”
Yemanjá recebe saudações de Zilá Lima em seu novo single, “Ô de Casa”
Em 2022, Zilá Lima estreou com o single “Flor D’Água”, que foi destaque aqui no Lupa na Canção. Agora, meses depois, a cantora e compositora chega ao seu novo single, “Ô de Casa”, uma saudação à Yemanjá, a Rainha do Mar. Lançado também em videoclipe dirigido por Isadora Ferraz e Rodrigo Regert, a música é “um pedido de licença, um convite à alegria e à ludicidade. Evoca a matriz africada e os cantos de terreiro, no ritmo de samba de roda”, afirma Zilá.
A gravação é “trilha que remete ao encontro com o mar nos dias de festa, em especial no Dia de Yemanjá, 2 de fevereiro, uma das datas mais importantes do calendário popular e religioso brasileiro”, diz ela. Além disso, a música traz duas referências: a sonoridade de Dorival Caymmi, no samba “Dois de Fevereiro”, lançado por ele em disco de 1957; e “Yemanjá Rainha do Mar”, composição de Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro, e conhecida na voz de Maria Bethânia no álbum “Mar de Sophia” (2006).
“Flor D’Água” e “Ô de Casa” são duas canções de “Cantando Memórias”, álbum conceitual que Zilá Lima busca se firmar também como compositora no mercado musical. O álbum está previsto para chegar aos streaming em maio deste ano pela Gravadora Kuarup, contendo 12 músicas de autoria de Zilá, sendo duas em parceria com outros autores. A capa é do designer gráfico e ilustrador renomado Elifas Andreato.
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
A desigualdade social brasileira é a essência de “Abuso de Poder”, novo single de CIRIO
– Em linhas gerais, o que é o single “Abuso de Poder“? A música reflete sobre a desigualdade social no Brasil de uma maneira crua e impactante, questionando frases chocantes, porém assustadoramente comuns em uma sociedade estruturalmente machista e racista, marcada pela violência.
– Em qual contexto esta canção surgiu? A canção surgiu durante o governo Bolsonaro, que marcou o crescimento do discurso de ódio da extrema direita com relação às minorias.
– Acho interessante você refletir um pouco sobre a temática da canção. Acho que o grande questionamento que essa música traz é com relação ao que nos une e o que nos divide enquanto humanidade. Durante as estrofes eu cito diversas falas absurdas e criminosas ditas por pessoas que se julgam melhores que as outras, seja por sua classe social, raça ou gênero. São pessoas que abusam do seu dinheiro ou do seu privilégio estrutural e social. Já no refrão, eu lembro que todos somos igualmente humanos e nascemos com os mesmos desejos e vontades. Lá no início, somos todos bebês que choram e sentem fome. Só que muitos continuam sentindo fome, ao longo da vida, enquanto outros esbanjam fartura. No meio do caminho, o que deu errado? Existe aí um abismo social e estrutural que precisa ser questionado.
– Como você poderia definir a sonoridade do single? É um rock bem groovado e com elementos de samba.
– Comente sobre o clipe e como ele nos ajuda a entender “Abuso de poder” O clipe da música é bem direto e explícito, como a letra. É um lyric video com imagens reais de alguns episódios tristes e violentos que aconteceram nesses últimos anos. O material foi reunido e editado por mim.
– Por fim, apresente-se aos leitores do Lupa na Canção. O meu nome é Maurício Cirio, mas vocês podem me chamar de CIRIO. Tenho 34 anos, sou gaúcho de Porto Alegre (RS), cantor, compositor e criador de conteúdo. Tenho músicas já compostas para diferentes projetos e plataformas de mídia e, além dos trabalhos de estúdio já lançados, também faço o público refletir sobre assuntos atuais com o lançamento de vídeos que misturam música, humor e crítica social, somando mais de 3 milhões de visualizações.
Respostas de CIRIO
Disponível nas playlists “Novidades do Rock Nacional” e “Brasil Sem Fronteiras…”