5 de dezembro de 2024
Além da BR Listas de lançamentos

Playlist “Além da BR” #101 – Sons do mundo que chegam até nós

além da br

Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”.

Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 101ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes da playlist.

My Right Hand Son“Mistakes Were Fixed” – (Reino Unido) – [MINI ENTREVISTA]

– Que música é essa, resumindo? Esta música foi escrita como um jogo de palavras que envolve muitos argumentos inúteis em que um ponto de vista narra sua visão do outro lado, enquanto apenas no final percebe como não há vencedores neste jogo mental.

– Qual foi sua fonte de inspiração para escrever essa música? Principalmente imaginação. onde eu deixo levar cada frase para a próxima.

– Em relação ao som, quais são os seus comentários? Existe alguma história ou curiosidade sobre esse lançamento? Eu sempre tento criar aquele som do início dos anos 70 em minhas músicas e tento me manter fiel a esse tipo de produção.

Respostas My Right Hand Son

Action Forever“Loveless Love” – (Canadá) – [MINI ENTREVISTA]

– Que música é essa, resumindo? Em suma, a música conta a história – uma história trágica e preventiva – de um homem que deixa seu vício em sexo online consumi-lo. Ele desiste de sua vida real, de suas aspirações, de sua moral, etc., tudo pela gratificação instantânea de um relacionamento virtual e transacional.

– Qual foi sua fonte de inspiração para escrever essa música? A música é uma espécie de expressão do meu medo da tecnologia [risos]. Eu rio, mas é verdade. A música é especificamente sobre um vício em sexo online, no entanto, a essência dela é sobre estar em um relacionamento que é ambíguo, incompreendido e, em última análise, abusivo – um relacionamento que é análogo, do meu ponto de vista, ao relacionamento entre nossas espécies como um todo e tecnologia. Muitas vezes parece que ele está nos usando, e não o contrário.

Não tenho tanta certeza de que a humanidade como um todo possua o tipo de integridade moral necessária para lidar com o ritmo extremo de todo esse desenvolvimento tecnológico. E, com o uso generalizado de IA se aproximando, sinceramente me sinto um pouco desconfortável com o futuro. Entendo que muitas coisas boas vieram da tecnologia e da internet, mas, se não tomarmos cuidado, isso pode se tornar apenas mais um meio de perder o controle sobre nós mesmos. Há um verso na música que resume tudo para mim: “estamos nos afogando em um mar de luxúria, na altura dos ombros” – tudo o que teríamos que fazer para nos libertar seria nos levantar.

Não pretendo ficar muito sombrio aqui. Só… tome cuidado aí [risos].

– Em relação ao som, quais são os seus comentários? No geral, eu queria envolver o ouvinte em um mundo hipnótico de prazer e conforto, mas onde algo parece errado e perturbador se isso faz sentido. Eu queria que o ouvinte se perdesse no mundo sensual junto com o personagem, mas que a sensação de muito conforto se tornasse… desconfortável.

Os sons do sintetizador são suaves e quentes, tocando longas frases melódicas com acordes de guitarra sedosos e sonhadores no estilo Andy Summers, flutuando. Conforto. Eu queria dar à linha de baixo um certo grau de “sujeira” no estilo Frank Zappa, então usei a escala de blues e deixei-a um pouco ocupada. Tentei entregar os vocais da maneira mais suave e suave que pude, sem cair em um sussurro completo.

Para os elementos “perturbadores”, incorporei alguns acordes maiores momentâneos de onze sustenidos que podem soar bastante ameaçadores com ênfase nas notas certas. Eu também queria incutir uma sensação de triunfo (nos pré-refrões), mas fazer com que a escuridão dessas passagens líricas compensasse simultaneamente essa sensação.

Isso é tudo o que eu pretendia, mas gostaria muito que o ouvinte sentisse a liberdade de interpretar a música à sua maneira.

– Existe alguma história ou curiosidade sobre esse lançamento? Bem, este é meu primeiro lançamento original nas principais plataformas de streaming. Honestamente, fiquei bastante nervoso com isso. Coloquei meu melhor trabalho nesta faixa, assim como nas demais, que estarei lançando em breve. Compartilhar sua arte com o mundo coloca você em uma posição vulnerável. Sendo este o primeiro para mim, parecia que uma grande barreira mental foi quebrada. Então, foi um pouco estressante, mas, no final das contas, emocionante e sinto uma sensação de realização. Dito isto, sinto que há muito trabalho a ser feito.

Respostas Action Forever

Shortsleeve Conor – “There goes the girl of my dreams, Carolina” – (Reino Unido) – [MINI ENTREVISTA]

– Em poucas palavras, o que é esta canção? A personagem descreve a sua atração por outra mulher enquanto imagina dizer à sua parceira, Carolina, que nunca a vai trair.

– O que diz a letra? É sobre as dificuldades de ser monógamo e apaixonado enquanto quer uma relação aberta, mas demasiado ansioso e envergonhado para o dizer.

– Em que situação nasceu esta canção e como foi esse momento? Estava sentado na minha varanda na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, a brincar com um acorde no meu banjo que aprendi com a música Tell it Like it Is de Aaron Neville. Soava-me bem e eu queria escrever algo em 3/4. Carolina é um nome que eu gosto porque é usado em muitas canções brasileiras. A letra foi desenvolvida a partir da minha experiência de estar numa relação muito longa. Eu queria falar com o meu ex de uma forma que eu nunca senti que poderia.

– O que é que há nesta canção que queres realçar? Não há problema em fantasiar com casos. Não faz mal estar numa relação ENM. Mas sem comunicação, não haverá um final feliz.

Respostas Shortsleeve Conor

HOEHN “Ericeira” – (Suíça) – [MINI ENTREVISTA]

– Em resumo, o que é esta música? A dupla instrumental suíça HOEHN, formada pelos irmãos Samuel e Silvan Kuntz, toca violão juntos desde a infância, confiando fortemente na intuição que vem de seu vínculo fraternal. Samuel se concentrou no jazz e Silvan na música clássica durante seus estudos na Lucerne academia de música.

Em seu álbum de estreia, MISTRAL (lançamento em maio de 2024), HOEHN, cujo nome é uma homenagem ao seu bisavô, o famoso pianista Alfred Hoehn, combina suas habilidades técnicas no violão clássico e no jazz com a experiência de toda uma vida compondo músicas juntos.

– Ela diz algo por trás do instrumental? O som proeminente da melodia do violão em “Ericeira”, tocado com o gargalo, soa como ar cintilante no asfalto quente e toca o coração. A melodia evoca um sentimento de saudade e, ao mesmo tempo, irradia leveza. “Para mim, a melodia não representa apenas saudade, mas também um sentimento de aceitação do que foi vivenciado”, explica o compositor Silvan Kuntz. Os irmãos escreveram a abertura virtuosa “Prelude” para a peça “Ericeira“. A HOEHN misturou as gravações de estúdio de Berlim com suas próprias “gravações de campo“, nas quais capturaram a atmosfera sonora do vento de verão em Portugal.

– Qual a origem desta música? Inspirados por uma viagem de carro pelas cidades litorâneas de Portugal, a HOEHN escreveu a faixa “Ericeira”.

Com essa faixa, a HOEHN dá uma primeira amostra de seu próximo álbum de estreia, “Mistral”.

A HOEHN filmou o videoclipe de “Ericeira” em Portugal com uma câmera de vídeo antiga. As imagens resultantes refletem maravilhosamente o clima nostálgico da música. Em última análise, é a crueza imediata dos violões acústicos que cria uma leveza e uma profundidade emocional que torna o single de estreia “Ericeria” tão refrescante.

– O que esta música diz sobre sua carreira? A faixa “Ericeira” é nosso single de estreia, nosso primeiro lançamento. Tocamos violão e compomos juntos desde que éramos crianças. Agora, entrar no mundo com isso é muito empolgante e ótimo. Estamos ansiosos pela jornada.

Respostas (HOEHN – Silvan Kuntz)

Robert Connely Farr“Night Train” – (Canadá) – [MINI ENTREVISTA]

– Qual é essa música, em resumo? Night Train é o primeiro single do nosso último álbum Pandora Sessions. Meu professor é Jimmy Duck Holmes em Bentonia Mississippi. Jimmy aprendeu com Henry Stuckey, que também ensinou Skip James. A juke joint de Jimmy – o Blue Front Cafe – é onde praticamos. Ele fica ao lado de um velho descaroçador de algodão próximo a alguns trilhos de trem. Se você já esteve em Bentonia, sabe que o trem funciona a noite toda. Jimmy tem me encorajado, não a escrever a música primeiro, mas a sentir a música e deixar emergir. Meu sobrinho perguntou a Jimmy um dia “Sr. Jimmy, onde você escreve suas músicas?” Jimmy olhou para meu sobrinho e colocou o dedo indicador em seu peito, onde está seu coração, e disse: “Eu não escrevo músicas, eu as guardo em meu coração”.

Essa música foi a primeira de uma série de músicas que não foram pré escritas para essas sessões de gravação – em essência, começamos a tocar, encontramos um ritmo e a música saiu. Esse é o Delta Blues!

– Qual é a mensagem para o mundo? Não sei se há uma mensagem para o mundo aqui. Mais um aviso ameaçador, aquele trem circula a noite toda, indo e vindo – pode trazer qualquer tipo de problema e também ser a saída da cidade para quem quer fugir. A música também menciona o Diabo, sugerindo que ele pode ter levado alguém…  Na minha casa, de onde venho, o Diabo aparece de várias formas. Talvez o Diabo seja um governador ou policial preconceituoso. Os direitos civis ainda são um grande problema. As pessoas ainda lutam pelos seus direitos civis, pelo direito de voto, pelo direito aos cuidados de saúde, pelo direito de usufruir das liberdades que deveriam ter, mas às quais podem não ter acesso por vários motivos.

– Qual foi sua fonte de inspiração para escrever essa música? Essas sessões (Pandora) foram modeladas após nosso tempo em Bentonia tocando com Jimmy Duck Holmes e RL Boyce – você prepara, começa a tocar e as músicas vêm. A parte mágica dessas noites são os grooves que aparecem e que ainda não foram escritos. Isso é o que este álbum é, todo material não escrito/não ensaiado que se originou de nós apenas sentados para tocar. Estamos muito interessados ​​em capturar a música no seu ponto de origem.

– E sobre o som/musicalidade, o que você tem a dizer?

Este é um álbum com um som estranho. Pretendíamos que fosse assim. Queríamos algo que prendesse o ouvinte sonoramente. Alguns jornalistas/revisores ouvem e não querem ter nada a ver com isso. Alguns nos disseram que é o melhor que ouviram de nós.

Ficamos realmente intrigados ao tocar em Bentonia e aos sons daquelas antigas gravações do Lomax. Não tínhamos muito, alguns microfones/amplificadores antigos – fizemos o melhor que podíamos com o que tínhamos na época. Este não é um álbum de grande estúdio/gravadora/muito dinheiro. Este é um show na juke joint, ligue o aparelho e mãos à obra, tipo um álbum.

Respostas Robert Connely Farr

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.