Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”.
Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 94ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes da playlist.
Heavy June – “So Slow (feat. Potting Plants)” – (Estados Unidos) – [MINI ENTREVISTA]
– Qual é essa música em resumo? Essa música é uma colaboração com um dos meus bons amigos “Potting Plants”. Nós escrevemos e gravamos juntos, inspirando-nos um no outro. Essa música poderia ser sobre muitas coisas, mas resumindo acredito que seja sobre se sentir fraco ou “lento” ao se comparar com os outros ou em um relacionamento, mas lembrando que essa não é a única maneira de ver as coisas. Abrace-se independentemente de suas deficiências.
– Qual foi sua fonte de inspiração para escrever essa música? Escrevemos juntos em uma tarde. Tínhamos a ideia básica, saí do estúdio para ir buscar comida, quando voltei nós dois tínhamos refrãos na cabeça que de alguma forma funcionavam muito bem juntos. Nós dois cantamos algumas maneiras pelas quais os relacionamentos podem nos deixar desconfortáveis.
– Em relação ao som, quais são seus comentários? Geralmente sou atraído por um som mais energético do tipo rock, enquanto Potting Plants tem um tipo de som folk bonito e mais suave. Acredito que ambos se uniram muito bem nesta faixa. Talvez empurrando e puxando uns aos outros em direções que normalmente não iríamos.
– Há alguma história ou curiosidade sobre este lançamento? Esta é uma música do meu álbum “YES Entry”. Eu descreveria este álbum como minha relação com a forma como vi o mundo exterior nos últimos dois anos. Eu sou de uma cidade pequena onde estava quase sempre protegido da maioria das pessoas. Recentemente me mudei para a cidade de Nova York, uma grande mudança de ambiente. Eu vejo este álbum como um processo de abertura e aceitação, começando a ver o mundo como um amigo em potencial em vez de um estranho assustador.
Eu apontaria para algumas das últimas letras dessa música, “se você for devagar, verá que pareço um amigo. Se você for devagar, poderemos nos encontrar novamente no final”.
Respostas Heavy June
Ruby Greenberg – “Living Love” – (Estados Unidos) – [MINI ENTREVISTA]
– Qual é essa música, em resumo? Há alguns anos, eu estava realmente lutando para fazer algumas mudanças em minha vida. No fundo, eu sabia que precisava tomar algumas decisões importantes na vida – mudar para o outro lado do país e deixar um relacionamento – mas, honestamente, tinha medo de fazer isso. Eu estava preocupado com o que os outros iriam pensar e também com medo do desconhecido. Mas no final das contas eu sabia que o mais assustador seria ficar para sempre no que era seguro e familiar se não fosse realmente fiel a quem eu queria me tornar. Eu escrevi a música “Living Love” para me ajudar a enfrentar o medo. As imagens da música “para onde foi todo o fogo?” senti como eu, desejando a paixão e a alegria que sabia que a vida poderia trazer e sabendo que teria que fazer algumas mudanças para chegar lá.
– Qual foi sua fonte de inspiração para escrever essa música? Escrevi essa música como meu mantra para viver a vida de forma mais criativa, apaixonada e autêntica. Nessa época, conversei com minha mãe sobre essas dores do crescimento, e ela falou por meio de uma metáfora da natureza e se dói nas flores atravessar a terra para florescer. Parecia tão simples e bonito que a dor das mudanças na vida é universal. Acabei sentando para escrever essa música com essas ideias em mente.
– Em relação ao som, quais são seus comentários? Charlie Culbert, meu produtor, era um velho amigo há muitos anos e foi o primeiro baterista com quem toquei na minha primeira banda. Ele imediatamente entendeu o som que eu estava procurando para esta faixa – tinha que ser melancólico e ansiando por algo, mas também otimista. Depois de definir as linhas iniciais de guitarra com a banda, Charlie e eu passamos horas no estúdio aperfeiçoando o som da bateria com nosso percussionista e baterista Pele Greenberg para realmente conseguir o som perfeito para aquele movimento de bateria por baixo da faixa. O destaque foi Greg Leisz tocando guitarra pedal steel – ele tocou em tantos discos que ouvi repetidamente durante toda a minha vida e que tiveram uma influência tão grande em mim, então tê-lo neste single foi um sonho absoluto.
– Existe alguma história ou curiosidade sobre esse lançamento? Atualmente moro no sul da Califórnia, mas moro em Nova York há dez anos. “Living Love” é a última faixa que gravei no Brooklyn com minha banda com a qual toquei e fiz turnê durante a maior parte dos meus vinte anos. Eu escrevi a música e depois a tocamos ao vivo por anos antes de levá-la para o estúdio. Foi sentimental que este fosse meu último lançamento e gravação que fiz com aqueles caras. Também pareceu muito certo, porque esta é minha última música feita em Nova York e é sobre crescimento e mudança.
Respostas Ruby Greenberg
Axel Bernhard – “Amor De Pájaro” – (Argentina) – [MINI ENTREVISTA]
– O que você diz nesta música? Axel Bernhard, compositor e intérprete. Essa música nos conta como o ser humano se vê mergulhado em sua contradição e pode ter qualidades opostas sem perder sua identidade. É humano, é possível. Imaginei-nos como pássaros sábios que sabem exatamente para onde voam, recusando qualquer tipo de plano de viagem. Tem também a ver com a resiliência das pessoas, por exemplo, que emigram, abandonam o seu país e devem adaptar-se ao que não é o seu na esperança de alcançar uma vida melhor. E a nossa capacidade de suportar e enfrentar situações extremas neste mundo, seja por exemplo a perda de um filho ou uma guerra. Foi assim que tentei descrever a capacidade que temos de mudar nossas cores e seguir em frente, a força e a sabedoria que nossa criança interior sempre tem pronta para que nos momentos mais difíceis renasçamos novamente.
– Qual é a sua mensagem? Axel Bernhard, compositor e intérprete. Minha mensagem é positiva. Quero destacar o ser humano como uma espécie boa, apesar de todos os danos que causamos a nós mesmos. Temos capacidade infinita de aprender e nossa essência é boa. Só que às vezes nos perdemos. Mas podemos mudar! Podemos nos tornar qualquer coisa, pássaros, peixes, planetas e nunca deixar de ser nós mesmos. E nunca se esqueça e ouça os nossos maiores professores, que são as crianças, inclusive as nossas, que vivem dentro de nós.
– O que você pode dizer sobre o som e a musicalidade? Lucas Heredia, produtor e artista convidado. Quanto à sonoridade e musicalidade da música, ela possui uma estrutura característica, o que é uma música , uma forma de canção verso-refrão, com a adição de um som que tem muita tradição, que é o nosso rock argentino e também pop em alguns caminho. Mas ligado a uma linguagem universal que é aquele som que é meio Coldplay, meio inglês britânico. Além disso, principalmente por causa dos violões, por causa daquele som brilhante dos violões abertos, daqueles ostinatos da viola. Ao mesmo tempo, mistura tudo isso com arpejos de violão, evocando uma certa lógica de trova e folk. É uma música que tem uma diversidade sonora, uma espécie de homenagem e pensei que de alguma forma esta música tem a ver claro com o Axel, com a ligação dele com a música. Queria convocar vários aspectos do que sinto, que é a influência da música que está presente nas influências do artista. O arquétipo do pássaro como cantor, como cantor, como voz e como todas as vozes que o habitam. É por isso que de alguma forma ao mesmo tempo a raiz que está também naquele bumbo que mora em alguém que nasceu num país da América do Sul e vai morar na Alemanha e ao mesmo tempo se sente super atravessado pela música dos Beatles e também conectado com as raízes e conectado com artistas que também sempre fizeram essa ponte, como é o caso de Cerati, como é o caso do rock nacional argentino, que é caracteristicamente eclético em si. De certa forma, muitos sons coexistem numa espécie de espelho do compositor.
– Qual é a ligação entre esta música e a cultura argentina? Lucas Heredia (Produtor e Artista Convidado). Pois bem, há algo característico do Folclore Argentino que o torna muito particular, no que diz respeito à América Latina, que sempre tem um ecossistema próprio, é a questão ternária. Ao contrário do que acontece com a música no Brasil, onde há muita música binária no que é a música popular brasileira, a Bossa, o Samba, e isso permitiu que ela rapidamente se exteriorizasse e fosse assumida por muitos folclores ao redor do mundo, especialmente pelo jazz, aquela questão binária que se pode levar rapidamente para o livro real. A música argentina tem aquela questão ternária que tem essa dupla complexidade, que não era tão fácil de levar para fora, exceto o tema do tango, o tango em particular é binário. Tudo o que é Zamba argentina, Chacarera, La Cueca, é ternário. Esta música revitaliza essa ligação entre o ternário começando com um ritmo zamba carpera e ao mesmo tempo liga-o com o que há de mais popular no mundo, que é a música pop rock. Você pode ouvir um som super Brit, Britpop em algum momento. Na verdade, há aquela referência aos sons dos primeiros álbuns do Coldplay. É resgatar um som que parece muito difícil de ser aplicado em outras músicas, devido à divisão ternária, com acento ternário da marcação do bumbo no início. Esse bumbo consagra a identidade da música argentina, fazendo dela uma ponte com qualquer música do mundo. De certa forma, é a nossa música, super argentina, mas também pode ser super de qualquer lugar. O ternário também pode ser audível e ser a casa do folclore do mundo, então de alguma forma, essa música traz as raízes de Axel, do seu folclore e do mundo que também vive em Axel em uma única música. Esse é o “Amor de Pássaro”, o pássaro que canta, o amor que recebemos quando crianças e que nos permite cantar. Se você não recebe o amor quando criança, do seu povo e da sua terra, você se sente exilado. É claro que não há exílio nessa música, pelo contrário, é… Vou com minhas raízes para o mundo.
Respostas Axel Bernhard
Adam Guinn – “Believer” – (Estados Unidos)
“Believer” é o primeiro single que o cantautor norte-americao Adam Guinn apresenta do seu quarto álbum, onde ele fará uma vista sobre os altos e baixos dos seus dois últimos dois anos de vida. O disco fletar com sua paternidade, a lutra contra o alcoolismo, entre outros, sempre mostrado seu empenho em se tornar um homem melhor para sua esposa, família e para si mesmo. Esta faixa, “Believer“, é considerada por ele com entre as cinco melhores músicas que já escreveu, o que nós acreditamos, com toda fé do mundo.
Julian Rybarski – “I Caught Myself” – (Alemanha) – [MINI ENTREVISTA]
– QUE MÚSICA É ESSA, EM RESUMO? Esta música é uma canção de tocha, uma balada sobre um amor não correspondido ou um amor que se tornou unilateral. O eu lírico da música vem fazendo planos enquanto, na verdade, não havia ninguém com quem fazer os planos. Esta é uma música sobre perceber que, às vezes, você está sozinho, e já faz um tempo.
– O QUE INSPIROU ESTA MÚSICA? I CAUGHT MYSELF se inspira nas grandes canções do pop, de Frank Sinatra a Jacques Brel e os Walker Brothers, ou até mesmo em mestres modernos como Rufus Wainwright ou Amy Winehouse. É um mini-épico que quer levar os seus ouvintes numa viagem.
– E O SOM DA MÚSICA? Eu queria escrever uma música com um arco narrativo que se refletisse nos sons – deixando os instrumentos e o arranjo dizerem o que as palavras não podiam. O som cresce e cresce e envolve o ouvinte, todos os instrumentos se tornando um só som, até que tudo desmorona novamente e a voz, sozinha novamente, desaparece em lugar nenhum.
– HÁ UMA HISTÓRIA POR TRÁS DESTA MÚSICA? Além de suas inspirações musicais, há várias histórias por trás dessa música, algumas de minha própria experiência e algumas de histórias que outras pessoas me contaram. Queria contar essas histórias, dar voz a todos aqueles que mantiveram a esperança durante demasiado tempo e fazer com que soubessem que foram ouvidos – e que a música pode ser uma força curativa no processo.
Respostas Julian Rybarski