19 de janeiro de 2025
Literatura

Arte Brasileira apresenta 1º episódio da série “Clarice no País da Putaria” de Luan FH

 

Sucesso na internet e com dois livros escritos, ‘’Vou te desenhar em braile’’ e‘’Cigarette, sex and alcohol’’, o jovem escritor Luan FH se aventura ao escrever a série escrita “Clarice no País da Putaria”, inspirado em um livro de Clarice Lispector. O projeto foi apresentado com exclusividade pela Revista Arte Brasileira, com dez episódios sendo postados todos os dias no site do veículo. Quer saber mais: clique aqui.

 

1º EPISÓDIO – ”Filosofia toxicológica”

 

“Trinta anos, é, trinta. Velha, não? Que se foda. Alinho o delineador, ajeito o batom, coloco brilho para causar um alvoroço. Meu nome, querida? Bom, Clarice. Tenha medo sim, mas não venha com um desafeto ou ”frieza”, vai ser pisada com vontade. Quer um conselho? Não acredite em homem. Eles não prestam, nem eu. Eu também sinto medo, muito mais saudade, só que hoje só sinto ranço mesmo, uma ânsia de vômito quando o vejo em algum canto, principalmente em botecos baratos — De certa forma, combina muito com ele, é a cara, gente barata, tóxico e cheio de baratas passando pelo local. Por mim, que tenha câncer e morra com o pulmão estourado. Cansei de meio termo, de desafeto, de gente carente achando que é sábio ou conselhos que não valem de nada.

Todo mundo pergunta: ”Você tem trinta? Parece ter vinte cinco”, É claro, apesar da idade, o corpo continua bonito, mas quero ver alguém falar isso quando chegar os cinquenta. Tudo mudou faz um tempo, o mundo, pessoas, é um ciclo diário, mudanças atrás de mudanças, só que nunca caminham para o lado bom, sempre para o lado horrível, o cruel, o cru, o mais fedido enquanto se fodem, fodidos. Que se foda. ”Clarice, afinal, você mora aonde?”, eu? Moro em São Paulo, capital, sou baiana sim, faz uns três anos que me mudei e achei que seria tudo aquilo que diziam, mas não é nada do que pensei. É só mais uma cidade grande que habitam pessoas, pode até existir poesia, só que nunca será igual o local em que nasci, sabe? Sempre quando viajamos para outro lugar, para morar ou visitar, a saudade de casa bate feito ventania de uma tempestade ou furacão.

O triste daqui é perceber que existe vidas abandonadas nas ruas, claro, somos apressados, pressa demais, conteúdo demais, gritos demais, falácia demais e pouca empatia, pouca visualização do que é raro, do que é sobrenatural aonde antes era comum. Tudo mudou. Dessa vez, Cássia, as estações mudaram e as coisas também — O ano? 2040, não, não há carro voador ou computador que flutua no ar, nada disso. A literatura não é mais a mesma, os livros agora são mais virtuais, o gênero ”romance” deixou de ser escrito com frequência e não há mais aquela vontade de viver. O suicídio aumentou junto com a grande taxa de jovens desempregados e com autoestima baixa. É que existe aquela cobrança de ser bem sucedido e não é todo mundo que consegue — Mercado de trabalho fazendo cobrança gigantesca no curriculum. Todo mundo se perdeu sem esperança de encontrar novamente.

O bom é que ainda fazem maquiagem avançada, adicionando mais coisas como o ”Flash”, é uma para esconder mais as olheiras. Só que sobressai muito, muito mesmo, nem parece que você está acordada à três dias por causa da ansiedade. Os homens? Bom, eles estão perdendo espaço cada dia que passa, a desconstrução do machismo, tanto que existem mais Homens sensíveis e esses são os melhores, real, conseguem compreender totalmente o que passamos e são bons amigos, bons namorados, não tocam uma mão para agredir ou entendem que não há o que prender, já que a confiança é gigante. Valem muito a pena.”

 

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.