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Carta à Rua Laranjeiras, Prédio Edimar Falcão, 114.
Oi, Tio Carlos. Estou em Salvador, e bom, te escrevi daqui, faz uns 20 minutos atrás, numa tarde de Sábado. Estou no Porto da Barra, sobre esse céu azul intenso e esse mar escandaloso de belo. Conheci uma moça faz um tempo já, e aqui estamos conhecendo pessoas maravilhosas; inclusive, passeando com ela, conheci a família da mãe dela.
Todos me receberam com boas impressões, me abraçando, dizendo que apoiam e tudo mais. E enquanto ando pelas ruas desse bairro, percebo o grande silencioso dos prédios; uma moradia para poucos, porém, algo bonito e pouco analisado. Tudo isso me faz lembrar dela, um café sem açúcar e sem sabor, e olhe que odeio café.
Soou mal, não foi? É que na verdade ela é vitamina de abacate e de banana, ou então achocolatado num sábado de chuva. Ou seja, eu a amo. E ontem eu disse pela primeira vez a palavra que mais carrega um sentimento bem profundo; te amo.
Ela se surpreendeu com tudo isso, e sério, me sinto tão bem com a companhia dela. A vi chorando em minha frente após parecer que tudo iria dar errado, após surgir um clima estranho, e o melhor foi ter abraçado e poder chorar também, relembrando as coisas que aconteceram em meu passado.
É doloroso imaginar que tudo poderia se repetir e essas coisas consumirem tudo que tinha; esperança. A imaginei no altar, vestido branco e véu, andando devagar em minha direção. É, Tio, eu amo essa mulher e desde que a conheci tenho amadurecido muito rápido.
É muito mais que uma simples fase que ocorreu no colégio, agora, é pensando em algo muito mais sério. Pensando na nova fase que pode ocorrer. Eu amo essa mulher, e me perco nos detalhes dela, nos detalhes que ela tem mostrado. Só sinto medo dela não me ver mais como poesia, e simplesmente me abandonar numa página em branco.
Carta de 1993
Salvador, Bahia.
Fictícia
—– Conto de Luan FH