8 de dezembro de 2024
Literatura

Em entrevista, o poeta Mateus Santana critica falta de incentivo a literatura nas escolas

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Realmente, o brasileiro nunca desiste, e Mateus Santana é uma prova viva disso. O poeta havia criado em 2014, a página “Controvérsias”, na qual postava suas poesias diariamente. A página que já tinha mais de 200 mil seguidores, foi hackeada, e apesar da tentativa de Mateus de recuperá-la, o próprio facebook a desativou. Mas, o poeta que divulga seu trabalho na internet, não desanimou e muito menos desistiu. Mateus criou outra página chamada “mateus santana” em setembro de 2016, na qual promove o mesmo conteúdo que o anterior. E apesar do pouco tempo de Atividade, o rapaz já tem mais de 100 mil seguidores. Pensando nisso tudo, e mais um pouco, decidimos entrevistar Mateus Santana. Veja:

 

 

Além de escrever poesias, você pratica outro tipo de arte, já que você diz gostar de todas manifestações artísticas?

Sim, eu também sou dançarino. Danço profissionalmente, apesar de não ganhar a vida com dança. Eu descobri a dança antes da poesia, já viajei muito o Brasil, ganhei alguns vários campeonatos e pretendo ainda unir as duas artes.

 

Como um praticante de dança, você acha que ela tem relação com a poesia? Se sim, por que?

No início, eu acreditava que não. Tanto que antes eu escondia que fazia poesia, mas hoje vejo o quanto uma coisa me ajuda com a outra. Ainda não trabalhei com as duas coisas de uma maneira direta, porém espero conseguir fazer isso esse ano em um projeto de exposição que estou trabalhando.

 

Em suas poesias está claro o cunho romântico, ou seja, a temática amor. Por que escolheu retratar isso? E o amor te influência de alguma maneira?

Bom, o amor me influência muito, muito mesmo. Costumo dizer que a base de tudo é o amor, cada ser humano é o reflexo da ausência ou da existência dele. Eu vejo que o amor hoje é algo que anda muito em falta, não só amor romântico, mas com o próximo mesmo. As pessoas se vangloriam por serem frias e desprendidas do outro. Porém eu acredito que cada ser é um neurônio de uma grande mente. Se não estamos unidos, tudo tende a cair. Eu falo sobre amor muito por essas questões, mas também gosto de escrever sobre as mazelas sociais, já tive inclusive o facebook bloqueado algumas várias vezes por conta disso. E pretendo levar essas poesias mais críticas pro youtube.

 

Você idealizou o “Poesias nos muros”, inicialmente com ajuda de outros poetas. Como funciona esse projeto? E como o público nas ruas tem recebido isso?

A idealização foi meio que de forma natural, foi só acontecendo. Poetas em vários cantos do Brasil e mundo, fazem essas intervenções. Um dia eu fiz um texto falando o quão louco seria se tivesse um dia pra todo mundo fazer isso, sabe? Várias pessoas ao mesmo tempo colando e escrevendo poesias nas ruas. Aí parei e pensei “Uai, farei isso então”. Criei o evento no facebook, e pra minha surpresa, foram mais de 10 mil confirmados. Eu fiquei com muito medo de ter pelo menos 10% desse público, por conta da atenção que chamaria e poderia dar problema. Esse evento fez mais outros dois acontecerem simultaneamente em dois outros estados. São Paulo e Bahia.

 

Estamos passando por uma fase em que cada vez mais a poesia e a literatura estão sendo esquecidas. Páginas grandes como o Mais Brasil e o Brasileiríssimos, tem divulgado muito obras poéticas. Você acredita que a internet e as redes sociais podem ajudar na divulgação de um trabalho literário?

Creio eu que a literatura de fato nunca teve um bom espaço na sociedade, nós temos uma percepção maior pois gostamos disso. Mas quem não tem o hábito de ler, não sente falta. As escolas nos ensinam a odiar literatura, prega uma literatura difícil, complexa e chata. Não nos instigam a ver os escritores, poetas, como astros que são, e sim nos ensinam a ver como chatões que escreviam coisas difíceis. A poesia na internet vem com uma linguagem mais aceitável, o culto e o leigo conseguem ler e saber o que tá sendo dito. O que é bom, pois mais pessoas conseguem ser alcançadas e passam a se interessar um pouco mais por poesia. Porém a poesia na internet também tem um viés “negativo”. Onde a maioria das coisas postadas são fracas, sem lirismo, sem magia. Uma frase apenas, o que faz alguns pensarem que todos os que escrevem na internet são assim.

 

Você quer divulgar poesia também no youtube. Como pretende transformar essas ideias de poesias em vídeo?

Eu criei o canal no final de dezembro, era algo que eu já queria há tempos, pesquisei pra ver se tinha algo parecido e não encontrei. Eu quero divulgar poesia no youtube, mas de maneira bem artística, com clipes como se fossem de música, porém com poesia. É algo um pouco novo e que vai trabalhar ainda mais a poesia na cabeça das pessoas.

 

Você disse “pretendo realizar uma exposição que vai envolver poesia, dança, fotografia, sentidos e sentimentos.”. Como esse projeto vai funcionar? Tem mais detalhes?

Então. Eu tenho um projeto chamado “Ser Sentido”. Um projeto que vai trabalhar os vários sentidos e sentimentos do público. E que vai envolver temáticas cotidianas. O projeto vai ter poesia sobre o tema, fotografias, dança e áudio visual. Então vou tentar trabalhar os vários sentidos da pessoa. Seja visual, auditivo, etc. Pra chegar em um caminho só, que é o sentir.

Posso adiantar o primeiro tema que é “Entulhos”. Onde trabalharei as várias coisas que acumulamos durante a vida, seja sentimentos ruins; pessoas que nos fazem mal; coisas que não precisamos comprar, etc.

 

 

 

 

 

administrator
Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.