5 de dezembro de 2024
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Inspirado no cangaço, Aroldo Veiga lança o livro “Trono de Cangalha”

(Divulgação)

Para escrever as 240 páginas de “Trono de Cangalha”, o escritor sergipano Aroldo Veiga bebeu muito da fonte literária e histórica. No segundo, mais específico, do cangaço nordestino e da trajetória do nosso Brasil.

Assim, em meio a outras pesquisas e palavras profundas, o autor deu vida a Laércio Ramalho, um menino que leva para sua vida adulta e na zona urbana a luta iniciada por seus antepassados, como Jesuíno Brilhante, Lampião, Corisco e Dada.

No entanto, engana-se quem acredita que “Trono de Cangalha” é apenas retalho do cangaço. Segundo o próprio Aroldo, a ideia do livro é usar o espírito de rebeldia do movimento para falar sobre vários assuntos, tais como desobediência civil, solidão urbana e, até mesmo, abandono materno, entre outros.

Dessa forma, o personagem dito como um anti-herói vivencia à Guerrilha do Araguaia e do AI-5, além de viver um romance bonito de se ver.

Matheus Luzi – Do ponto de vista político e social, o livro é bastante intenso. Assim, acho interessante para o nosso público a sua visão pessoal destas situações que se passam na obra. Indo além, haveria alguma “base teórica” para a construção da estória?

Aroldo Veiga – Acredito que “Trono de Cangalha” tenha um papel relevante no resgate da nossa história recente.  Penso que a literatura, além de entreter, tem o papel de gerar questionamentos, inquietações, estranhezas capazes de produzir no leitor uma transformação em sua forma de enxergar o mundo, sobretudo quando conceitos político-sociais são abordados com a utilização de recursos estéticos como a poética. A principal base teórica dessa estória é a própria história do Brasil.

Matheus Luzi – Pegando um gatilho na pergunta anterior: quais outras obras literárias foram influências para você escrever “Trono de Cangalha”.

Aroldo Veiga – “Trono de Cangalha” é uma miscelânea de fatos históricos, obras literárias, cinematográficas e até musicais. Em termos estritamente literários, é fruto de um extenso acervo romanesco, composto por centenas de obras de autores diferentes que, ao longo de décadas, formaram a minha bagagem literária, a exemplo de Gabriel Garcia Marques, Mário Vargas Lhosa, João Ubaldo Ribeiro e Graciliano Ramos.

Matheus Luzi – Tenho em mente que ao escrever uma obra como essa é inevitável que haja algumas mensagens como um todo que o autor queira passar.

Aroldo Veiga – O texto em primeira pessoa permite que a assimilação de mensagens se dê através dos olhos do protagonista, da maneira como ele vê o mundo. Como a trama se passa ao longo de quatro décadas, as mensagens variam de acordo com cada fase, com o grau de amadurecimento do personagem e são, basicamente, de cunho inconformista, de superação, de denuncias sociais e da exaltação de valores humanos…

“Trono de Cangalha” não é um livro sobre o cangaço. A história se passa em diversas regiões do Brasil, e não apenas na Caatinga. Como o tema já vem sendo abordado desde a época de Lampião, pensei em mostrar como a nossa história se repete, e construí um enredo repleto de paridades entre os cangaceiros da década de 1930 e os rebeldes de 1964. O livro também aborda temas como violência doméstica, abandono materno, solidão urbana e ainda narra uma linda história de amor. 

Matheus Luzi – Se formos colocar essa estória como se fosse algo real literalmente falando, você acha que o cangaço é um fogo que ainda inspira lutas sociais (fora ou dentro do nordeste brasileiro)?

Aroldo Veiga – Penso que não! Atualmente, para a maioria das pessoas, o cangaço é visto como um movimento pitoresco e meramente criminoso, composto por bandidos que ganharam popularidade apenas por sua capacidade de tripudiar das forças governamentais, sobretudo fora da região Nordeste; um ponto de vista que, para mim, reflete numa meia-verdade, uma dualidade que, aliás, compõe o personagem e a trama.   

Matheus Luzi – Você antecipou esta entrevista frisando que na vida urbana do personagem Laércio Ramalho a luta que ele havia se inspirado em sua terra natal veio a ser o fogo para desconstruir certos problemas como o regime militar das décadas de 60/70. Sobre este tipo de momento do livro, o que você pode nos adiantar?

Aroldo Veiga – Laércio cresceu sobre os escombros do cangaço, forjou-se nas caldeiras da caatinga e, neste ambiente hostil, formou o seu capital psíquico. Na fase adulta, tudo isso aflora no momento em que ele se depara com a truculência da ditadura militar. Ao aderir à luta armada das décadas de 1960/70 (em analogia aos cangaceiros dos anos de 1930), o personagem revive as histórias de sua infância e embarca numa aventura repleta de similaridades, como expropriações bancárias, fugas e até uma guerrilha (Araguaia).

Se você está cansado de comprar livros e abandoná-los na metade porque não gostou da história, então você precisa ler “Trono de Cangalha”.  

Matheus Luzi – Aos que chegaram até essa entrevista, certamente há um interesse por seu livro. Como um gatilho mental, acho interessante você falar algumas palavras que podem ajudar no momento de decisão de compra de “Trono de Cangalha”.

Aroldo Veiga – “Trono de Cangalha” não é um livro sobre o cangaço. A história se passa em diversas regiões do Brasil, e não apenas na Caatinga. Como o tema já vem sendo abordado desde a época de Lampião, pensei em mostrar como a nossa história se repete, e construí um enredo repleto de paridades entre os cangaceiros da década de 1930 e os rebeldes de 1964. O livro também aborda temas como violência doméstica, abandono materno, solidão urbana e ainda narra uma linda história de amor. 

Matheus Luzi – Você tem alguma(s) história(s) ou curiosidade(s) interessante(s) para nos contar referente ao livro?

Aroldo Veiga – O livro foi escrito há mais de quinze anos e, por duas vezes, precisei reescrevê-lo. A primeira quando um computador velho que eu tinha deu pane e eu perdi tudo que havia nele. Nem os disquetes onde o texto estava armazenado prestaram. A segunda foi quando a minha casa foi roubada e o meu notebook foi levado, junto com todos os meus CDs, inclusive o que tinha o texto gravado. Depois de reescrito, o livro ainda ficou uns cinco anos guardado, até que, na pandemia, foi publicado.

Matheus Luzi – Aroldo, agora deixo você à vontade para falar o que quiser.

Aroldo Veiga – “Trono de Cangalha” teve a sua linha de montagem inteiramente composta por uma sucessão de episódios articulados, que visam condensar os principais ingredientes de uma boa trama: amor, rebeldia, suspense, coragem… O resultado tem se refletido na boa aceitação da obra. Se você está cansado de comprar livros e abandoná-los na metade porque não gostou da história, então você precisa ler “Trono de Cangalha”.  


SINOPSE

O que você faria se a miséria e a violência fossem uma constante em sua vida? Se a sua mãe precisasse se prostituir para que você não morresse de fome? Você lutaria para mudar esta realidade, ou se conformaria com o destino que lhe fora sentenciado? Até que ponto você seria capaz de chegar?

Em Trono de Cangalha, os seus paradigmas serão alongados até os confins do imaginável. Você se deleitará com uma linda história de amor, de superação, uma saga que mescla a nobreza de valores humanos com os mais viscerais instintos de sobrevivência. Mas não se engane! Isso aqui não é um conto de fadas.

Você também será abduzido, extraído da sua zona de conforto e colocado à beira de um precipício mental. No instante seguinte, despencará do cume mais alto para o fosso mais profundo da sua própria alma. E então, você está preparado? Meu conselho é não pensar muito. Apenas respire fundo e encare este desafio, mergulhe de cabeça nesta aventura literária imperdível, repleta de lirismo e conteúdo histórico.

SOBRE O AUTOR

Aroldo Veiga nasceu em Aracaju. Graduou-se em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe. Fez especialização em Língua, Linguagem e Literatura pela Universidade Tiradentes. Atualmente trabalha como professor na rede pública de ensino. “Trono de Cangalha” é a sua primeira produção literária. 

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.