Hoje vamos falar de um dos poetas mais premiados do nosso país: Manuel de Barros. Com sua sinceridade e irreverência poética, a escrita de Manuel se torna a mais aclamada entre os poetas contemporâneos.
É impossível falar de Manuel de Barros sem mencionar sua rebeldia na escrita. O escritor se mostra contrário às tradições literárias de sua época, desafia a sintaxe de nossa língua e defende o “ilogismo”, fazendo uso de mecanismos até então desvalorizados. Separamos alguns versos da obra “O Livro sobre nada”, em que ele mesmo assume sua rebeldia na escrita.
Verso não precisa dar noção.
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
Meu avesso é mais visível que um poste.
(…) A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse os nossos mais fundos desejos.
(…) O branco me corrompe.
A linearidade poética não era a única coisa que Manuel não apoiava. A evolução, a tecnologia era deixada de lado em seus poemas, ao passo em que a natureza, as coisas simples e manuais eram cultuadas. Ele afirma que não pertence à informática, mas à “invencionática”, e que dá mais respeito às coisas “desimportantes”.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas mais que as dos mísseis.
(…) Meu quintal é maior que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
Como as boas moscas.
(O Apanhador de Desperdícios)
As obras de Manuel de Barros nos fazem refletir sobre a roda da vida. Pensamos na liberdade que cada um sonha ter, pensamos na rebeldia positiva que às vezes se faz necessária em nossas ações. Só seremos livres, se tornarmos rebeldes. A rebeldia nem sempre é algo negativo como muitos pensam.
O poeta nos dá um soco de realidade, e nos questiona a respeito da efemeridade de algumas coisas, que às vezes somos apegados em demasia à elas, esquecendo que a simplicidade humana e natural tem o seu valor. Manuel de Barros nos faz ter “orgasmos com as palavras”, expressão própria desse gênio poeta.
Gostou? Quer saber mais sobre o escritor? Indicamos o seguinte site, cuja biografia de Manuel foi muito bem escrita e detalhada. e também indicamos uma resenha do escritor Brendow H. Godoi (clique aqui para ler).
Esse vídeo também é um ótimo material para conhecer o poeta sulmatogrossense:
Caio Carvalho, Graduando de Letras – Português e Literaturas, UEMA
Pesquisador de Memória e Espaço na Literatura do Grupo LITERLI (PIBIC)