7 de fevereiro de 2025

Um bate-papo poético com o poeta Arthur Diogo

(Livro “Essa intensidade me fazendo mergulhar”)

Paraibano, o poeta Arthur Diogo destila dia literatura nas redes sociais. Sua página, a “Realismo Poético”, conta com mais de 350 mil seguidores no Instagram.

O autor está nas veredas da arte há mais de meia década. Neste período, centenas de textos foram publicados, além de uma obra física, que reúne toda a sua verdade e profundidade.

O poeta é dono de um lirismo marcante e instigante. Mistura seus versos com outro talento inato: suas ilustrações, que possuem uma identidade visual inconfundível. Na verdade, suas ilustrações , por si só, funcionam como uma assinatura genuína de suas obras.

Acompanhe a entrevista com esse artista formidável. Aperte os cintos e sirva-se!

Brendow – Diogo, conte-nos sobre você. Nós queremos saber sua idade, de onde você é, onde reside e se você possui alguma profissão fora da literatura.

Arthur – Sou de Campina Grande. Tenho 20 e poucos anos e mais um trocado. Eu resido onde nasci, apesar de ter passado a maior parte da minha vida no Rio de Janeiro, e atualmente a literatura é minha única ocupação, junto com as ilustrações, que caminham junto com a escrita.

Brendow – Há quanto tempo você escreve? Quantos livros já publicou?

Arthur – Escrevo desde moleque, quando escrevia crônicas sobre os jogos do Vasco e na manhã seguinte comparava com a crônica do jogo do caderno de esportes do jornal Extra, no Rio. Mas era por diversão. Sempre foi. E também pra tentar conquistar alguém, mas não recomendo. Nunca funcionou. Só foi ficar sério mesmo em 2016, quando eu comecei a escrever poemas diariamente sobre um chifre. Comecei a divulgar nas redes sociais e não parei mais. Até o momento eu só tenho um livro publicado, o “Essa intensidade me fazendo mergulhar” que é mais uma coletânea dos poemas que eu tinha escrito até então. Estou indo para o segundo, dessa vez com muitos poemas nunca divulgados.

“Eu digo que é necessário escrever até mesmo para sobreviver. A escrita na minha vida tem papel principal. Minha existência depende dela. É ela quem mata minha fome, de comida e de vida.”

Brendow – Como o público recepcionou o seu livro “Essa Intensidade Me Fazendo Mergulhar”?

Arthur – Foi uma boa recepção. Muito boa. Até melhor do que eu esperava. As vendas superaram todas as expectativas e quem o lê sempre elogia. Minha autoestima fodida não me permite acreditar nos elogios, mas mesmo assim eu fico feliz.

Brendow – Quais são suas referências artísticas? Digo, quais nomes te inspiram diretamente enquanto escritor?

Arthur – O primeiro escritor que pegou na minha mão, vamos dizer assim, foi José de Alencar. Meu primeiro romance lido foi “Luciola”. É um livro que me traz grandes recordações. Talvez tenha sido o livro que me abriu o horizonte para a literatura. Depois veio Machado de Assis, Bukowski, Fante, que eu gosto muito.

(Arthur Diogo – Arquivo pessoal)

Brendow – Como você classifica a literatura que você faz? O que se faz mais presente na sua escrita?

Arthur – Não conheço pontos técnicos da literatura tampouco recursos literários. Eu sou quase analfabeto nesse quesito. Tenho dificuldades até em regras gramaticais. Eu diferencio a minha literatura entre a que eu posto e a que eu escrevo para mim. A literatura divulgada, hoje em dia, precisa ser minimamente comercial, ainda mais pra mim, que sobrevivo disso. Entre os temas mais recorrentes dos poemas que divulgo está o erotismo. É algo que eu gosto. Antes muito mais. É engraçado como as pessoas enxergam o sexo como tabu ainda em 2021. E entre os escritos que eu guardo, está a solidão, a depressão, a ansiedade, o inconformismo de uma existência quase que nula devido a ansiedade social.

Brendow – Charles Bukowski disse que “É necessário escrever para não enlouquecer”. Você concorda?  

Arthur – Eu digo que é necessário escrever até mesmo para sobreviver. A escrita na minha vida tem papel principal. Minha existência depende dela. É ela quem mata minha fome, de comida e de vida.

“Muitas pessoas viram a cara quando se fala em poesia porque já pensam que vai aquelas frases românticas e clichês pra caralho que fazem qualquer um revirar os olhos de tédio, mas o cenário contemporâneo tem mudado um pouco disso.”

Brendow – O que não pode faltar em um bom poeta?

Arthur – Mentiras.

Brendow – Como é o cenário literário em sua cidade?

Arthur – Não conheço muito o cenário da minha cidade. Mas acredito que seja bom. Campina é uma cidade de muitos estudantes e, logo, uma cidade que lê bastante. A Paraíba como um todo é um estado leitor.

Brendow – Há projetos futuros?

Arthur – Meu próximo livro está previsto para ser lançado em janeiro, e pretendo lançar um outro projeto ainda em 2021.

“Como disse Marcelino Freire no seu curso: a internet deu sobrevida para a poesia. E isso é uma grande verdade.”

Brendow – A poesia de 2020: o que você acha dela?

Arthur – Acho que a poesia de 2020 está se aproximando do leitor comum, e isso é ótimo. Poesia sempre foi vista como um gênero ultrapassado. Muitas pessoas viram a cara quando se fala em poesia porque já pensam que vai aquelas frases românticas e clichês pra caralho que fazem qualquer um revirar os olhos de tédio, mas o cenário contemporâneo tem mudado um pouco disso.

Brendow – Poesia e internet: quais são suas percepções acerca deste assunto?

Arthur – Como disse Marcelino Freire no seu curso: a internet deu sobrevida para a poesia. E isso é uma grande verdade. Hoje você tem perfis literários com milhares de seguidores e até milhões, e o carro-chefe dessas páginas é a poesia. Não dá para disputar com as páginas e blogs de humor e fofoca, mas estamos muito bem na internet.

Brendow – Quais frutos você espera colher através de seu trabalho?

Arthur – Mais do que colher, espero deixar frutos. É sempre bom quando eu fico sabendo que alguém começou a gostar de ler por minha causa. É gratificante. E espero também ficar sempre na área da escrita. É o que eu amo. E é claro que eu quero ganhar dinheiro também, até porque vivemos num sistema capitalista onde até o ar é vendido e eu preciso dar uma boa vida pra minha família.

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