Capa do livro – Crédito: desenho idealizado por Wesley Poison, e retratado na tela por Eduardo Morais.
Wesley Poison é cantor, compositor, desenhista, poeta e formado em engenharia civil. Mesmo habitando esse mundo de várias vertentes, parece que Wesley é daqueles caras que vive o dualismo. Pois é, justamente esse dualismo feroz e voraz, que dá vida em “Coração Enraizado, Pensamento Elevado: Em Equação Poética”, seu livro de estreia.
Integrado por 196 páginas na versão física, e com lançamento independente, a obra é ancorada de ponta a ponta num conceito amplo, que nos leva a uma viagem de saberes, aprendizados, mas também de muita dor e pregos. Assim, é importante dizer o quanto o livro se apresenta dentro de um ciclo, que traduz a vida humana, a vida em sociedade.
“Em meio ao cenário vital, sendo ele a Terra, o livro trata-se de originar-se, desenvolver-se e passar pela infindável roda dos ciclos da existência. Diante da vida como sendo uma passagem, é sobre metaforicamente, como uma árvore, enraizar o coração e elevar a mente a fim de poder fortalecer a artéria que os une e, na desobstrução, transitar por esses dois mundos; aprofundá-los, estendê-los, elevá-los, assim então gerar frutos deixando sementes como rastros de vida.
No entanto, para que isso seja possível, é sobre passar pelos dualismos condicionados em si e ao redor, no sentido de sentir os melhores e piores lados, refletir, dissecar e manter-se na busca de sobressair e ver sua própria R[Evolução]. Os colchetes presentes durante o livro, exalam a existência de mais de um elemento que compõe o todo, nas histórias costuradas, fazendo uma analogia como uma expressão numérica onde são equacionados os coeficientes do sentir e do pensar na busca do X, em que a interrogação mantém o enraizar do coração e o pensamento em elevação.”, declara Wesley.
O GÊNESIS
Despretensiosamente, as primeiras linhas deste livro são graças às glórias das inquietudes e explosões de sentimentos que Wesley sentiu, num banco, numa viagem em algum lugar próximo a Águas de Lindóia. Nesse momento de muitos pensamentos, veio a ideia gloriosa de registrar aquela vivência que tomava o ser de Wesley. Dito e feito!
Assim, nasceu o poema “Cor[Ação]”. Os dias foram passando, e o processo criativo se manteve, mas algo chamou muito a atenção de Poison: o fato de que, claramente, os poemas seguiam um eixo temático. Curioso a respeito do que seus amigos achariam daquilo que estava nascendo, ele apresentou os poemas até então escritos.
Aplaudido de “mente e coração”, surgiu a convicção de que aquilo poderia se tornar seu livro de estreia.
OS CENÁRIOS DA CRIATIVIDADE
O maior fluxo criativo do livro se passa em dois cenários. O primeiro deles é na estrada, durante viagens, tendo o bloco de notas do celular como o caderno amigo. Do outro lado, muitos dos poemas da obra nasceram em torno das 5 horas da manhã, “na linha tênue entre a noite e o alvorecer”, como diz o próprio escritor.
Escrito há exatos dois anos, os escritos começaram a chegar ao mundo em abril de 2019, sendo finalizados no mesmo mês de 2021. O que, de fato, é interessante é que, na época, o outono foi a estação que acompanhou os primeiros poemas. “assim segui pela Era do inverno em todos os sentidos, e diante dos ciclos de todas estações percorridas no adiante, estou lançando-o na primavera, onde sela o florescer!”, acrescenta Wesley.
ESSE LIVRO É PARA VOCÊ?
Para os que amam os flertes da vida, sejam eles quais são, esta obra é um presente divino! Quando perguntamos ao Wesley sobre quais tipos de pessoas adorariam ler o livro, ele nos respondeu com as seguintes palavras:
“O livro dá-se por meio da observação em si e ao redor, e todos que estejam abertos para embarcar em uma jornada a observar a vida em geral, sendo ela não apenas na estação do florescer, mas também nas tempestades, nas pragas, poderá também descobrir um caminho com estações de florescimento e geração de sementes.”
Depois, Wesley ainda comentou que há elementos que merecem destaque e que podem auxiliar no momento de compra: “O livro traz a natureza, as formas, as vivências em seus lados dualistas, a maravilhosa diversidade ao redor, e os elementos da existência são referências nítidas no decorrer de todo livro.”
A CAPA DIZ TUDO!
Tudo em “Coração Enraizado, Pensamento Elevado: Em Equação Poética” é conceito. Tudo! A capa, que é a primeira coisa que o leitor irá encontrar, já deixa isso bem claro, ainda mais quando se lê os primeiros poemas. É incrível como Wesley ligou tudo, parece até um engenheiro celestial que não deixa nada escapar da ordem.
O que também é interessante é o fato de Wesley ter tanto cuidado em tudo vir dele mesmo. Essa capa é, na verdade, fruto de sua própria engenhoca como desenhista. Isso mesmo! O desenho é dele, mas quem passou a proposta para a tela em tinta a óleo foi Eduardo Morais, artista plástico que Wesley cultiva bastante devoção.
“Quando o Wesley me falou sobre as ideias gerais do projeto, elas instantaneamente geraram em mim uma identificação muito grande porque minha produção é muito voltada à introspecção, ao subjetivo, ao indivíduo, a como ele se posiciona no mundo, ao que não se mostra e ao que não se vê.”, explica Eduardo.
Morais acrescenta: “Tento sempre encontrar um equilíbrio entre o belo e o bizarro, e acho que isso se manifesta bastante na concepção da capa, na medida em que vemos a beleza de um coração, mas esse coração está distorcido; e o talo que se eleva até o cérebro, mas ele está cheio de espinhos – como uma rosa que é bela, porém machuca quem a toca. Acho que é aí que reside a alma do projeto; é a beleza que reside nas feridas.”
EU PRECISO FALAR ISSO!
Eu, Matheus Luzi, como editor e fundador da Revista Arte Brasileira costumo dizer que a maior alegria que este projeto me proporciona é poder criar vínculos de amizades com os artistas que divulgo. No entanto, ao escrever uma reportagem sobre os clipes de Wesley Poison, ganhei um novo amigo, praticamente um dos maiores tesouros que a Arte Brasileira me deu.
Além dessa amizade que ecoa entre boas reflexões, risadas e palavras sensatas, nasceu uma parceria um tanto diferente para mim, mas que é de encher meu coração de orgulho. Antes da capa de “Coração Enraizado, Pensamento Elevado: Em Equação Poética” estar finalizada, recebi o convite para escrever a contracapa do livro.
Meio assustado e receoso por ser um compromisso tão grande, acabei por aceitar. Li o livro, mas não conseguia encontrar uma saída para minha criatividade florescer. Porém, numa madrugada melancólica, triste, solitária e sem fundamentos para a existência, encontrei no som de Paulinho Nogueira e Toquinho aquilo que parecia fugir de mim.
Foi dessa forma, meio cansado da vida, que aproveitei aquela onda dualista (querer ser feliz, mas não sendo) para escrever este texto que está no livro. Após isso, enviei para Wesley, que de imediato aprovou, quase que sem nenhuma correção.
Não demorou muitos dias, até que eu fizesse o mesmo: convidei Wesley para escrever a contracapa de um livro que pretendo lançar, apesar de não saber quando.
O TEXTO DA CONTRACAPA
“Na madrugada, os sinceros solos de Toquinho e Paulinho Nogueira me acompanharam na leitura da intensa obra de Wesley Poison. Cada poema me soou um acorde daqueles que adentra pela mente barulhenta, e escoa pela alma confusa (desculpe! Estou sendo pessoalista demais).
E, apesar dos cálculos matemáticos de músicas tocadas por gênios (aqui me refiro as ciências exatas do livro), há sempre aqueles versos a serem musicados (aqui me refiro as ciências humanas do livro). É meu amigo, é vida, é coração, é mente.
Deleitado e cego da alma, as narrativas do livro, trouxe luz, em um caminho integrado por catástrofes e triunfos escondidos por trás de cada nota dessa aventura musical, sendo que é merecido mencionar: mesmo que o mundo seja um moinho, nele, a sabedoria de saber que, quanto mais profunda a raiz no coração, mais elevada será a mente. Em meio a música de Toquinho e Paulinho, uma das lições lindas de Wesley.
Eu, como um bom dualista na tarefa do pensar, convido-vos a abrir as páginas deste livro. Em verdade, em verdade, não chega a ser um convite, mas apenas um pedido carinhoso. Meu coração é fundo, minhas palavras mais ainda!
Pensei que era alma.
Desci e vi que era mente.
Na dor, calculei:
Cheguei em número algum,
Pois número para mim, não é coração.
Eu prefiro assim”.
Matheus Luzi, jornalista (Editor/fundador da Revista Arte Brasileira). Atualmente é o primeiro secretário da Associação Aliança Artística de Andradina-SP.