Muitos não acreditam na versão de Raul Seixas, de que ele teria se encontrado com John Lennon em Nova Yorc nos anos 70, até porque não há registros fotográficos deste encontro e nem entrevistas ou vídeos. Porém, com toda certeza do mundo, um outro encontro aconteceu: estamos falando de João Gordo (ratos de porão) e Kurt Cobain em 1993, um ano antes da morte do astro grunge.
Esta foto prova o encontro memorável:
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João Gordo está lançando uma biografia chamada Viva La Vida Tosca!, com a juda do jornalista André Barcinski. Neste livro, ele conta a história do dia em que esteve com Kurt.
Confira seu depoimento sobre esta data nenhum pouco comum:
“O show do Nirvana no Morumbi foi uma bosta. Muita gente, inclusive a banda, achou que aquela foi uma das piores apresentações da carreira do Nirvana. E acho que boa parte disso é culpa minha. Falei tão mal do festival que os caras entraram pra zoar tudo. Antes de eles subirem no palco, o Krist Novoselic me deu um papel com um manifesto e pediu pra eu ler no microfone. Eu tinha bebido tanto e fumado tanta maconha que tava com a boca na nuca, não conseguia nem falar. Eu olhava pro papel e só via um borrão. Mesmo assim falei umas groselhas lá e anunciei a banda. Mas o show foi horrível, cem mil pessoas em silêncio. Parecia um ensaio ruim.
Quando o show terminou, o Kurt perguntou pra onde a gente ia. O Giggio, dono de um bar de rock chamado Der Tempel, na Augusta, tinha me dito que podia levar os caras pra lá que ele liberava a bebida. Foi todo mundo. Meu amigo Renato Gordinho, veterano da cena punk em São Paulo, tinha um Corcel 2 azul-claro, todo batido, e no carro fomos eu e o Renato na frente, mais o Kurt, a Courtney, o Flea, do Chili Peppers, e a baterista do Hole espremidos atrás. No carro da Alê, um Golzinho, ela levou metade do L7 e uma pá de roadies.
Chegamos na Augusta, que naquela época só tinha puteiro, e o Giggio fechou a Der Tempel: ‘Quem tá fora não entra, quem tá dentro não sai!’. Deu dois minutos, alguém apareceu com um saco de teco. Tinha no mínimo uns trinta gramas de cocaína.
A noite foi open bar e open teco. A maioria do pessoal das bandas foi embora logo, mas o Kurt e a Courtney ficaram comigo e com a Alê. Nós ficamos no maior ratatá monstro, só na farinha, e o DJ da casa, o Aldo, começou a tocar anos 1960. Eles adoraram. Lembro como se fosse hoje: eu e a Courtney dançando o passo do submarino, aquele do B-52s em que as meninas tampavam o nariz com uma mão e desciam até o chão, ouvindo Taxman, dos Beatles. Uma hora, eu tava dançando com ela, de olhos fechados, e um filho da puta pulou nas minhas costas e ficou pendurado no meu pescoço. Comecei a girar feito um carrossel, até que percebi que era o Kurt! Ele tava feliz da vida, rindo que nem criança. Já a Courtney tava com ciúmes da Alê, porque ela ficou a noite toda batendo papo com o Kurt. Mas eu, no meu inglês ridículo, tentei explicar que não tinha nada a ver. Eu não falava inglês direito, mas com tanta farinha na cabeça a gente fala até russo, né? […] Eu cheguei na estação de metrô com o olho em espiral, nem sei como cheguei em casa.”