Demorou, mas em 2014, a Globo Filmes presenteou o público vidrado na política brasileira com o filme “Getúlio”, dirigido por João Jardim e roteirizado por George Moura. (Imagem do filme)
O suicídio de Getúlio em decorrência da pressão dos seus últimos dias como presidente, alinhado ao seu “apelido” midiático e popular de “Pai dos pobres e mãe dos ricos” foram pilares importantes para que sua história tenha sido contada em um longa-metragem, ainda que algumas cenas tenham sido fantasticamente romantizadas.
A ideia certeira da produção foi introduzir o contexto político nacional e histórico da época (1951-1954), com praticamente zero manipulações ideológicas, com o impacto causado na política brasileira como uma das intenções.
O ROTEIRO
(Ator Tony Ramos interpreta o ex-presidente Getúlio Vargas no filme ‘Getúlio’ -Bruno Veiga/Copacabana Filmes/VEJA)
Logo de cara, o filme surpreende. A primeira cena apresenta Getúlio (Tony Ramos) refletindo sobre os longos espinhos que o feriram durante seus mandatos. Ainda aqui, de forma atemporal, o político viaja ao futuro em pensamento, o que dá ao público um gostinho do que o filme vai retratar.
Depois, o filme se foca no momento de crise final do mandato (1951-1954), no período que ficou conhecido como “Crise de Agosto”, os últimos 19 dias de Vargas, na qual teve maior dificuldade em governar, sendo pessoas próximas de seu governo inconfiáveis.
Dentre muitas curiosidades da trajetória política de Getúlio, posso destacar o atentado ao jornalista e político Carlos Lacerda, que acarretou a morte do aviador Major Rubens Florentino Vaz. O acontecimento recebeu o nome de “Atentado na Rua Tonolero” (Copacabana, Rio de Janeiro). Gregório Fortunato, um dos homens de confianças de Vargas, era em teoria o mandante do ataque, o que levou Getúlio a fazer parte desse crime.
CURIOSIDADE: Algumas cenas foram gravadas no próprio Palácio do Catete, o que garante mais realismo e impacto no expectador.
GETÚLIO VARGAS (1882-1954)
(Retrato de Getúlio Vargas)
São Borja (RS) foi a cidade que ouviu o primeiro choro de Getúlio. Pela UFRS veio a se formar em direito em 1907, e sua atuação na advocacia foi dedicada à política brasileira. Depois, já em 1930, Getúlio liderou a Revolução que colocou fim a “República Velha” (Café X Leite), e assim, tomou posse da presidência da República pela primeira vez.
Com duração de quinze anos, seu mandato foi dividido em três fases: “Governo Provisório” (1930-1934), “Governo Constitucional” (1934-1937) e “Estado Novo” (1937-1934). Duas dessas fases foram marcadas pela queda da constituição, e pela forte industrialização. Nesses momentos, um golpe de estado se consagrou para Getúlio manter-se no poder.
Apesar de tudo, o político foi eleito por voto popular em seu último mandato. Nesse período, Getúlio sofreu diversas complicações políticas, o que o levou ao suicídio em 1954. Seu legado se manteve como líder de grandes feitos e como o “amado e odiado”.
Texto escrito por Pablo Afonso em novembro de 2018 e editado por Matheus Luzi em 2019