20 de abril de 2025

“Meu corpo mora nos EUA mas minha alma é do Brasil”, diz cantora brasileira radicada em Nova York

arte

 

Débora Watts deixou o Brasil no início dos anos 1990, e foi no final desta década que ela começou a fazer parte das “noites musicais” de Nova York. Apesar da mudança, a música brasileira nunca desistiu de Débora. O samba, a bossa nova e a MPB de uma maneira geral entraram para a vida da cantora e compositora e também para a rotina dos bares noturnos de NY.

Emocionada, Débora irá fazer um show especial no Rio de Janeiro, no dia 6 deste mês, apresentando seu mais novo lançamento UM SAMBA AO CONTRÁRIO. Uma das propostas do show é deixar ninguém parado.

— A música quando é boa põe algo em movimento dentro da gente.  Pode ser até mesmo o movimento de lágrimas guardadas ha algum tempo ou o corpo que deseja “sorrir” dançando! — explicou Débora.

Chegou também o momento da artista devolver tudo que o Brasil a emprestou por tanto tempo: o melhor da sensibilidade musical.

— Eu fui morar nos EUA levando pouquíssimas coisas. A minha única riqueza era a minha cultura que eu levava comigo. Agora, já mais crescida, realizada e feliz, eu gostaria de entregar estas minhas composições ao Brasil. A cultura brasileira precisou de vários contribuintes para ser o que é, e para fazer de nós brasileiros o que somos. Eu me sinto pronta para fazer a minha contribuição. Mas isso não depende só de mim… — comentou Débora.

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Após o vídeo, veja uma entrevista na íntegra com Débora Watts sobre sua carreira.

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Conhecendo sua história, a primeira curiosidade que vem à mente de qualquer um, é em relação a sua escolha pela música brasileira. Como chegou a música brasileiríssima, quais são suas influências nesse meio?

Eu deixei o Brasil, mas o Brasil nunca me deixou. E às vezes acho que ter me mudado do Brasil foi bom musicalmente pois não acompanhei as mudanças nos estilos musicais que o ocorreram por aqui. Eu parei no tempo!

Aliás, pensando bem, eu não só parei no tempo mas vivo no passado! Quanto às minhas influências no canto, gosto muito de escutar Elizeth Cardoso, Dolores Duran, Elis Regina… E principalmente de assistir os vídeos da Elizeth Cardoso no YouTube. Que voz e que classe… Eu também ouço muito a Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Edith Piaf, Nina Simone, Billy Holliday entre muitas outras cantoras internacionais e “das antigas”. Cantoras que são mais instrumentos do que “cantoras propriamente dito” me fascinam. Há algo nelas que almejo possuir, que é a habilidade de ser a música e não cantar músicas.

E quanto a compositores que me influenciam, estes são muitos! Chico Buarque, João Bosco, Edu Lobo, Chiquinha Gonzaga, Noel Rosa, Cartola, Nelson Cavaquinho, Jobim, Villa-Lobos, João Donato, e por aí vai…

 

Você também passou a tocar samba em bares de nova York. Qual foi a reação do público nesses lugares? Eles já conheciam as músicas ou foi novidade para eles?

Eu toco samba, MPB, bossa, baião… Americanos em torno dos 40/50 anos conhecem alguma coisa de bossa nova, mas a maioria não sabe nada da nossa música e muito pouco sobre o Brasil. A maneira que encontrei de ter algo em comum com os americanos foi cantar alguns jazz americanos mais populares em inglês mas em ritmo de samba e bossa nova. A maioria dos americanos não é acostumado a escutar música em outros idiomas e nem em outros ritmos que não sejam os próprios portanto logo perdem a “atenção e o interesse”, porem fazendo esta mistura de jazz com samba eles se sentem em casa. Nem eu perco a minha identidade e nem eles se sentem muito afastados do que lhes é comum.

 

Seu marido, o pianista John Allen Watts é o produtor deste trabalho novo UM SAMBA AO CONTRÁRIO. O fato de vocês terem essa relação pessoal ajudou no momento da produção e gravação do disco?

Sim, aliás se não fosse o meu marido eu não teria sido cantora… Foi ele quem me apoiou a deixar a profissão de farmacêutica e me dedicar à música. O John é um verdadeiro apaixonado pela nossa música. Ele é um excelente músico e compositor. Trabalhamos muitíssimo bem na execução deste projeto do CD.

 

O que quer dizer o nome do álbum UM SAMBA AO CONTRÁRIO? Tem algo relacionado com sua nacionalidade e escolha pela música brasileira?

 Esse título veio de uma brincadeira. Certa vez este nome apareceu na minha mente e eu fiquei brincando de achar o ritmo que teria um samba feito ao contrário. Depois veio a melodia e a letra. De “samba ao contrário” ficou só mesmo o nome da música.

 

Já que você é compositora também, poderia nos dizer como foi compor música brasileira? Existe alguma diferença entre a criação da música nacional com a feita nos Estados Unidos?

Observando meu marido compondo em inglês e eu em português observo que o “fenômeno” é o mesmo e só muda o idioma. A música “aparece ” de várias formas, às vezes a melodia vem primeiro, às vezes a letra, às vezes vem em partes separadas para montarmos nós mesmos, etc. Na minha percepção a música é a linguagem dos sentimentos e embora façamos utilidade da linguagem para expressar estes, são os mesmos em qualquer cultura.

 

 

 

 

 

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