Santillo, banda goiana que vem se destacando no meio musical no estado em que atua, em frente ao grande modismo que é o sertanejo universitário. Com um som singular, e uma proposta diferenciada, a banda faz uma divulgação totalmente independente, usando principalmente as redes social. Entrevistamos Aldo Santillo, vocalista do grupo. Veja:
O estado de Goiás está fortemente representado pelo cenário do sertanejo universitário, que está dominando o Brasil. Mas é fato também, que há outros estilos dentro do estado. Como vocês trabalham o som alternativo de vocês dentro desse contexto?
Então, o som autoral sempre encontra dificuldades, né? É difícil a formação de público, é difícil entrar nas “mídias de massa”. Então, a melhor forma que temos para divulgar nossa música é através da internet mesmo, utilizando as redes sociais disponíveis. Diante disso, a estratégia é clara. Temos duas frentes: (i) o show que, para quem ainda não viu, vale a pena, porque a banda ao vivo é bem melhor que em gravação e tem sempre arranjos novos e, (ii) a produção de material audio visual para divulgação online. Sabemos que tem um público que curtiria o som se tivesse acesso, por isso é importante a divulgação pelos meios que nos estão disponíveis. Quanto à representação do estado de Goiás pela música sertaneja, acredito que cada estado ou região tem a sua representatividade em estilos musicais que dominam a cena e, raramente, se é que alguma vez, este estilo é o rock que fazemos. Então, não encontramos mais dificuldades que outras bandas com a mesma proposta em outras regiões do país. O importante é que a banda não foge de sua proposta de fazer um som justo, com qualidade. Entendo que o caminho é a coerência. Assim as pessoas sabem que podem confiar.
Ouvindo suas músicas no youtube, todas chamaram minha atenção, mas a “Por Alice” e “Videogame” realmente me conquistaram, talvez pela introdução com tom calmo e sedutor. Essas e outras músicas da banda são todas autorais. Como funciona o processo de composição da banda? Quem é, ou quem são os compositores?
A grande maioria das letras e músicas são de minha autoria (Aldo Santillo). Os arranjos são feitos pela banda. Às vezes é só uma ideia musical e a banda trabalha em cima, até formatar uma música, que pode até sair bem diferente do projeto original. Quanto a Videogames, por exemplo, o processo foi interessante. Estávamos gravando o CD e eu cheguei com a música e mostrei. Tinha uma ideia completamente diferente sobre ela do que saiu no final. Mas quando mostrei, o Cláudio Santillo, que coproduziu o CD, falou “eu já entendi”. E disse mais, falou: “essa é a música!”. Eu saí do estúdio e voltei no outro dia. Quanto cheguei a música estava pronta, com todos os arranjos, foi só colocar a voz. Por Alice tem uma levada bem legal, traz um sentimento muito bom que eu quis expressar na letra da música. Tem um quê de violão clássico no início, visto que essa é uma das minhas escolas musicais. Mas no todo, é uma levada que me lembra muito Beatles. Ambas são bem melódicas e agradáveis, a meu ver.
No Brasil, já é difícil trabalhar com música alternativa com apoio, eu imagino de forma independente como vocês fazem. Como funciona essa divulgação?
Sim, a música autoral encontra muitos dificuldades em todos os setores: produção, divulgação e exibição. O que estamos tentando fazer é produzir material audiovisual de qualidade, fazendo parcerias importantes com profissionais criativos e capacitados, que entregam o resultado, haja vista o videoclipe de #IWLYD (I Won’t Let You Down), que lançamos em janeiro de 2017. A divulgação é online, em sua maior parte, através das redes sociais, incluindo o whatsapp. E quanto à exibição, procuramos fazer o máximo de shows possível, dentro da nossa realidade. Ou seja, ninguém da banda vive somente de música, todos os membros da banda atual têm outros afazeres e investimos no projeto porque acreditamos nele.
É certo que vocês são influenciados pelo Rock, principalmente o rock clássico. Fora isso, quais são as principais influências da banda?
O rock clássico está presente na formação dos músicos da banda. Mas, além disso, temos muita influência de outros estilos, como a música erudita, mpb, blues, um rock mais pesado e até um punk rock. Basta ouvir o primeiro CD com atenção pra ver isso. “Moça”, que foi um single que lançamos no final de 2016, ainda sem arranjo pra banda (que talvez nem seja feito), também demonstra que temos um pezinho na mpb/bossa/jazz.
Quando a banda Santillo começou a tocar? O que mudou daquele tempo pra 2017?
A banda vem se apresentando com mais frequência a partir de meados do ano passado, sempre no circuito autoral. Uma das coisas que mudou foi justamente a formação da banda. Ao invés de adaptarmos os músicos novos ao som “antigo”, preferimos que eles agreguem seus estilos ao repertório. Então várias músicas acabam ficando com uma roupagem nova nos shows, o que sempre engradece a obra. E os arranjos das novas músicas sempre acabam ganhando com isso. Em #IWLYD, por exemplo, que é o último single, viemos com uma roupagem mais pop, incluimos backing vocals, que raramente apareciam nas músicas do primeiro CD. Isso tudo por conta dos novos componentes da banda, que têm muita facilidade nessa área. Apesar disso, o som ao vivo está “porrada” e sempre recebemos elogios do público, o que é gratificante. Particularmente, acreditamos que o show é bem melhor que o CD.
Em relação a “Despeito”, primeiro álbum da banda, o que vocês tem a dizer sobre ele? Como foi o processo de gravação/produção/composição e qual foi o maior desafio em grava-lo?
Despeito foi uma necessidade. Precisava sair. Ali começou um projeto, que era a gravação do CD, sem qualquer compromisso em executá-lo posteriormente. Ainda que todos os músicos que gravaram o álbum fossem velhos conhecidos, a banda em si não tinha tocado junto. Foi uma reunião de velhos amigos que se sentaram no Estúdio E-Live, em Anápolis, durante alguns meses do ano de 2011, para arranjar e escolher as músicas que fariam parte do CD. Foi uma experiência maravilhosa, muito prazerosa e que pretendemos fazer novamente. O CD traz várias composições de épocas distintas, algumas bem antigas e que colocamos uma roupagem mais atual. Mas foi isso, era necessário gravar este álbum.
Buscamos dedicar ao CD o melhor que tínhamos à disposição, diante do orçamento. E acredito que conseguimos conferir uma excelente qualidade técnica, assim como musical. O CD foi masterizado em Nova Iorque, por Alan Silverman, um dos melhores do mundo nesse quesito, que já masterizou artistas do nível do Stone Keith Richards, por exemplo. Então, acredito que o maior desafio foi justamente esse, tentar finalizar um produto de alta qualidade, que foi o que nos propusemos a fazer, não só musicalmente, mas também tecnicamente.
Gravado e prensado o CD, fizemos um show de lançamento e paramos. Voltamos em 2015, com apresentações em alguns festivais, como o Terça é Show e o Berro de Carnaval. Em 2016, já com nova formação, investimos mais nos shows e em novos singles. E pra 2017, esperamos lançar mais singles e fazer mais shows.