Eles encararam o desafio de fazer música instrumental no Brasil – que não é nada fácil. Com isso, os integrantes da banda acreditam que esse formato permite variadas interpretações. O álbum que conta 5 faixas, tem como um dos pilares trazer emoções novas aos ouvintes.
“O segundo material da Transquarto é fruto de um ano e meio de estrada do quarteto instrumental candango, que já passou por várias cidades do sudeste e do centro-oeste do Brasil. Gravado no estúdio Confraria, produzido e mixado por Pedro Menezes, a arte é assinado por Toscanini Heitor em cima da fotografia de Dinho Lacerda”, comentou a baixista Gata Marx.
Abaixo, você confere na íntegra uma entrevista que fizemos com o baixista e o tecladista da banda.
Para ouvir as músicas completas, clique no botão verde no quadro abaixo.
Vocês são de Brasília. Como essa cidade influenciou no som de vocês? E no EP?
Gata Marx, baixista – A cidade caindo serviu como um panorama pra pensarmos o que é uma cidade no ar, uma cidade modernista decadente, futurista. Ela é o próprio ambiente onde se passa a película sonora em que o EP é uma trilha, saca? Prédios estranhos, o Conic, o lago, o viaduto caindo. Você imagina isso no meio do cerrado, na segunda capital mais alta do Brasil. Pra pegar a influência no EP, é só pensar numa ficção científica em que cidades satélites são luas urbanizadas habitadas por humanos e androids loucos. Que tipo de jazz essa galera ouviria?
E o som instrumental, como chegaram nele? E por que tomaram a decisão de fazer esse tipo de música em CIDADE NO AR?
Tarso Jones, tecladista – Música é música. Esse termo ‘instrumental’ é muito utilizado no Brasil talvez porque as pessoas ficaram acostumadas ao entretenimento do cancioneiro popular, a cultura do refrão-chiclete etc. Se formos remontar historicamente viemos dos séculos da música clássica, do jazz, e mais ecentemente o experimentalismo do prog, do avante garde, do pos rock. A letra e a poética, mesmo o rap é muito mais recente culturalmente. Pra gente não ter letra é muito libertador e a expressão se torna universal, sem qualquer regra.
Gata Marx – A Transquarto calada é poeta.
Como vocês definem suas músicas no álbum CIDADE NO AR?
Gata Marx – Um apanhado de intenções poéticas e afetivas na cidade.
Tarso Jones – Música experimental interdimensional. Música pra quem curte ouvir e sentir música em qualquer lugar no dia a dia e sem preconceitos.
Ainda que seja instrumental, as músicas do álbum transmitem alguma mensagem? Se sim, quais?
Gata Marx – O privilégio de tocar e trazer felicidades pras pessoas nesse cenário que vivemos é a grande mensagem. Trazer sorrisos, lágrimas, vontade de mexer o corpo e se soltar. Somos um alívio cultural, na missão artística de trazer esperança pras pessoas irem trabalhar no dia seguinte
Tarso Jones – Cada música nasce e se estrutura de uma maneira única, as sençações dependem muito do ouvinte e da livre interpretação mesmo.
Os títulos de cada uma podem influenciar ou não, muitas vezes não sabemos como nomeá-las mas precisamos fazer essa parte pra lançar.
Quais são os instrumentos usados no EP?
Gata Marx – Nesse EP fomos só nós mesmos, baixo, bateria, guitarra e teclado, trazendo a crueza do nosso ao vivo mesmo. O Nosso primeiro EP, chamado COMPACTO, teve mais espaço para inserirmos percussão, mas tentamos mostrar muito a nossa cara, sem mentir muito
Tem alguma história ou curiosidade interessante sobre o álbum que queira nos contar?
Gata Marx – Quando estávamos experimentando as músicas, rodamos o sudeste de kombi. Fizemos três mil quilômetros em dez dias. E ela só foi quebrar quando já estávamos voltando pra casa, na única cidade que não conseguimos gig, Belo Horizonte. Estamos devendo
Fiquem à vontade para falarem o que quiserem.
Gata Marx – A quarta revolução industrial está num horizonte de seis anos. Ela é o androide, a inteligência artificial munida dos algoritmos da consciência coletiva, encarnada em automação. O domínio da boneca de silicone japonesa ligada na Internet, tudo ao mesmo tempo agora.
Nesse contexto, CIDADE NO AR é uma película sonora sobre uma plataforma espacial urbana. Cada música ambienta um espaço da boemia local, onde distopia e evasão se combinam com a capacidade da vida de ainda ter esperança sob as nuvens de bytes.