(Banda Grande Angular – Fotografia por Mylena Freitas)
Em 2017 a banda Grande Angular entrava em pista oficialmente. Em “Monstro”, o quarteto formado por Allisson Mendes (voz principal e guitarra), Jadie Tavares (bateria e voz), Eudye Endrews (teclado, violão e voz) e Everton Cosme (contrabaixo e voz) apresenta sua singular personalidade musical. Pode-se dizer que o instrumental causa um choque profundo e que leva à um êxtase a letra cuja mensagem soa subjetiva.
Para o vocalista e guitarrista Allisson Mendes “‘Monstro’ é uma música escrita pensando numa pessoa específica, com base na observação, mesmo que externa. Por isso esse tom de relato, descrição. Depois de algum tempo dela pronta, alguém falou que era bacana o fato de ser auto descritiva também, e isso chamou bastante atenção. Tentamos trabalhar nela essas duas possibilidades, fazendo com que fique mais aberta. Acho que o resultado aponta um pouco pra isso”.
“Monstro” faz parte do álbum “Sons a Chegar” que chega as plataformas digitais ainda neste mês.
Qual é a história da banda?
Jadie Tavares – Eu e Allisson estudamos juntos de 2010 a 2015. A ideia da banda veio exatamente em 2016 quando fizemos um pocket show com algumas músicas autorais e algumas versões. Em 2017 foi natural que a gente quisesse levar o grupo pra frente e daí que veio a ideia de trazer pra perto amigos músicos que acreditassem na ideia e que também tivessem algo a expressar. Foi aí que chamei Everton e Eudye. Passamos o ano ajustando o repertório e performance da Grande Angular até que em 2018 iniciamos as gravações, de forma independente.
E do single?
Allisson Mendes – O single “Monstro” traz um pouco mais de peso e dinâmica, pensando no contexto do EP que será lançado, o “Sons a Chegar”. O relato contrasta um pouco com o lirismo mais evidentes nas outras canções. É uma música pensada para descrever e perturbar levemente, fazer pensar sobre ações, condutas, etc. Foi uma música prazerosa de compor, produzir e montar. O resultado vem sendo bem positivo, tanto na aceitação do som quanto no nível discursivo.
O que a letra de “Monstro” quer dizer?
Allisson Mendes – “Monstro” é uma música escrita pensando numa pessoa específica, com base na observação, mesmo que externa. Por isso esse tom de relato, descrição. Depois de algum tempo dela pronta, alguém falou que era bacana o fato de ser auto descritiva também, e isso chamou bastante atenção. Tentamos trabalhar nela essas duas possibilidades, fazendo com que fique mais aberta. Acho que o resultado aponta um pouco pra isso. Acho que a proposta de som reforçou essa mensagem, com algumas camadas de guitarra e teclado em alternância.
Qual seria a análise semiótica que vocês tiram do single?
Allisson Mendes – Difícil tratar semiticamente algo que está nesse eterno processo de interpretação e ressignificação (isso que o grande barato). Mas acredito que, numa visão mais geral, “Monstro” relata de uma forma objetiva um comportamento observado. A partir daí, há espaço para outras visões que transitam no decorrer da letra e do som. A crítica, por exemplo, é algo que está ali sempre alimentando o discurso, ora branda, ora contundente. O deboche também se evidencia em alguns versos, até de forma jocosa. “Você parece que não bate bem…” traz um pouco disso. Esses três elementos (relato, crítica e deboche) passeiam pela letra e são sugeridos pela proposta de som que a gente escolheu, pelo ritmo que evolui para uma euforia capaz de perturbar.
“Dilema” é uma canção lançada pela banda.
Como está sendo o lançamento da carreira da banda?
Everton Cosme – Começamos lançando o primeiro single “Dilema” em setembro, agora “Monstro” e logo mais estará disponível o álbum inteiro nas plataformas digitais. Ainda vamos lançar os clipes dessas duas primeiras músicas e mesmo com o álbum todo na rede buscaremos um foco para as outras músicas restantes individualmente.
Vocês têm alguma história ou curiosidade interessante para nos contar sobre o single/clipe?
Jadie Tavares – O processo de lapidação de “Monstro”, depois que Allisson propôs à banda, contou com a participação dos 4 integrantes e ainda com a presença de um guitarrista amigo nosso, Arthur de Andrade. Interessante que no início ela era um pouco mais alegre por assim dizer, então com o passar do tempo fomos deixando-a mais pesada, soturna. Como a música trata de algo tão comum como as mazelas que carregamos, mas de modo irônico e autocrítico pensamos que havia espaço para efeitos que não fossem propriamente musicais, como ruídos e outras falas. Foi daí que propus a inserção de um trecho de risadas tão comuns quando estamos juntos, que foi inserida entre solos de guitarra, em meio ao peso e aspereza da música. Foi feito de forma intuitiva e no exato momento em que finalizávamos “Sons a chegar”. Funciona como um riso de nervoso, carregado de ironia e contradição. Pra nós foi como uma dose de humor sobre o tema e também foi a forma como encontramos de nos colocar dentro desse contexto.
– Fiquem a vontade para falar algo que eu não perguntei e que vocês gostariam de ter dito.
Everton Cosme – Um dos nossos focos também são os shows, estamos com o repertório pronto, já começamos a circular na divulgação desse álbum. Do resto, todos nós da banda agradecemos por esse espaço que a revista está dando para gente poder divulgar um pouco do nosso trabalho. Fiquem ligados que o álbum “Sons a Chegar” está chegando nesse final de ano, teremos muito mais para contar, muito obrigado!
Entrevista realizada por Matheus Luzi