Divulgação.
O fácil acesso ao conhecimento e as novas tecnologias são elementos que tornam possíveis projetos como o Caixa Rolante. Fundado e integrado por dois jovens, Vitor (produtor musical, vidrado em música e experiências que transformar o mundo e a si próprio) e Nathália (filmmaker, amante da sétima arte e que mira cenários inusitados para suas produções), a ideia é ousada, “simples e adaptável”, com eles mesmos classificam.
Mas afinal, o que ele fazem?
Inspirados nesse molde já comum em alguns países, o Caixa Rolante é, simplesmente, uma Kombi adaptada que gera conexões com pessoas e lugares. Em resumo, essas conexões se dão com artistas e empreendedores, e os lugares são os mais variados, em vista que o duo está sempre com o pé na estrada.
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No meio empresarial, eles oferecem serviços de filmagens profissionais para hotéis, por exemplo. No âmbito artístico, a proposta é gravar e produzir canções, além de registrar as música em vídeo clipes. Fora isso, eles produzem um podcast no qual divulgam as histórias e bastidores por de trás, e também são donos de um curso online que direciona músicos e bandas a gravarem e produzirem a si mesmas.
Esta história é tão inusitada e com resultados certeiros que nós decidimos entrevistar ambos os idealizadores. A entrevista você confere a seguir.
Matheus Luzi – Como surgiu o projeto?
Vitor – Nós amamos música, viajar e as conexões que ambas as paixões trazem. Já trabalhávamos em uma produtora própria, começamos a nos questionar o que queríamos estar fazendo e como poderíamos entregar um resultado único para os artistas que trabalhamos. Juntamos as paixões e começamos a gravar bandas em lugares não convencionais. Foi um caminho sem volta. Percebemos que os músicos tocam muito mais inspirados quando estão passando por uma experiência diferente e as gravações, por mais simples, ganhavam um alcance maior do que as convencionais do mesmo artista, por todo o contexto envolvido. Então, reduzimos nossos equipamentos, colocamos todas nossas coisas em uma KombiHome que construímos e saímos em busca de músicos que queiram vivenciar a experiência de gravar sua música em um lugar inspirador. Esse movimento já rola muito pelo mundo, canais como La Blogotheque, Couple of Things, Sofar Sound e muitos outros nos inspiraram muito.
Matheus Luzi – Que tipo de som vocês fazem? Eu sei que é difícil definir, mas quais comentários são possíveis a respeito?
Vitor – Realmente difícil, buscamos artistas que queiram co-criar uma experiência audiovisual. O estilo musical não conta muito. Gravamos muitas bandas de Rock nos mais variados segmentos. Gravamos bastante pop e a nova MPB também. Com toda certeza é bem variado.
O que posso dizer é que gostamos de gravar a realidade do som, então gravamos muito ao vivo, isso já seleciona músicos que gostam dessa linha.
Matheus Luzi – Fale sobre a questão do audiovisual.
Vitor – É isso que mais piramos. Normalmente eu cuido do audio então vou falar dele e a Nathalia fala do Vídeo.
Gosto de gravar a moda antiga, quando tinha o estúdio gostava de equipamentos vintages, então, trago isso pro portátil também. Uso poucos microfones e busco captar o som do lugar, para ambientar o ouvinte na experiência que estamos tendo.
Muitas vezes rola uma microfonação priorizando o vídeo também, com microfones escondidos para ficar mais cinematográfico.
Nathalia – No vídeo sigo a mesma linha da simplicidade, carregando poucas lentes coringas mas, muita criatividade.
Na maioria das vezes gravo um plano sequência da performance então, ensaio todos os movimentos com a banda para fluir sem cortes.
Sempre alinhamos a proposta do áudio, do vídeo e da música para falarmos a mesma língua. E são nessas conversas que os maiores desafios surgem. Tem clipes que tudo sai por um triz e é essa adrenalina que faz tudo ser único.
Matheus Luzi – Falem sobre o podcast e o curso de vocês.
Vitor – O podcast lançamos em Setembro, mas já gravamos alguns. Percebemos que as gravações que fazemos contam apenas uma pequena parte das histórias que vivemos nesta viagem. Vivemos histórias incríveis, aprendemos muito, conhecemos lugares e artistas que nos inspiram, então, o podcast veio para compartilharmos um pouco mais de tudo isso. Montamos toda a estrutura na parte externa da Kombi, cozinhamos alguma coisa para beliscar nela e batemos um papo com os artistas que passam pela experiência.
Sobre o curso, sempre gostamos de passar o que aprendemos pra frente, isso faz com que tudo isso ganhe um sentido maior. Então começamos a mostrar todo o backstage de nossas gravações e isso gerou o interesse da galera em aprender. Criamos o curso e foi incrível, viramos uma comunidade lá dentro e é lindo ver a galera gravando o seu próprio som. Os alunos nos inspiram muito e acabam virando grandes amigos, estamos doidos para conhecê-los pessoalmente pela viagem.
Matheus Luzi – Como são os momentos de criação/gravação/produção de vocês?
Vitor – Sempre bolamos algo para nos conectar com os artistas. Um café, um passeio por algum lugar da cidade, ou mesmo assistir um ensaio deles. É ali que começamos a esboçar as ideias e entender o que a banda precisa. E na maioria das vezes já gravamos teste nesses momentos que acabam virando conteúdo para a banda também.
Na hora da gravação criamos um ambiente legal, às vezes fazemos dinâmicas antes para todo mundo entrar na vibe. Pegamos a responsa de ser uma performance ímpar! E, captamos ela.
Documentamos muitas etapas do processo para o nosso canal e sempre sai um conteúdo a mais. A gente se coloca como parceiros da banda e não apenas vendendo um produto.
Matheus Luzi – Fora os momentos de música e arte, o que vocês fazem?
Nathalia – Amamos cozinhar! Fazemos altas receitas na Kombi e gostamos de experimentar a gastronomia local. Separamos um tempo para conhecer o local que estamos, a história dele e os pontos turísticos (Na maioria das vezes os artistas que são nossos guias e indicam os melhores pontos).
Gostamos muito de natureza, fazer trilha, nadar, tomar um sol, andar de bicicleta e skate (normalmente paramos a kombi e nos locomovemos apenas com eles). No momento estamos aprendendo a surfar. Eu leio bastante livros de fantasia, o Vitor constrói umas coisas pra Kombi e estamos na pira do Super Nintendo!
Fora conversarmos muito sobre tudo, somos bem parceiros.
Matheus Luzi – Há quanto tempo vocês estão com este projeto e como vocês financiam ele?
Vitor – Estamos juntos nele a 3 anos mais ou menos. A Kombi foi reformada nesse meio tempo e fomos adaptando e melhorando muita coisa no projeto.
O que nos financia são os trabalhos com os artistas. Apresentamos vários pacotes atraentes para bandas e músicos de onde estamos e eles sonham esse sonho junto! Abraçamos o projeto do artista, trabalhamos bastante e entregamos muito pro artista que nos apoia nos contratando, esse é o maior diferencial. Quando a banda financia o vídeo final vai pro canal deles, mas sempre fazemos algo pro nosso. Como o podcast ou o making of.
Também produzimos vídeos para pousadas, empresas, restaurantes, programas de TV. Isso ajuda bastante.
O Curso online que vendemos também nos financia. Na área de ensino também damos consultorias e workshops sobre o assunto. Em Setembro vai rolar uma residência para um grupo pequeno sobre produção musical e audiovisual em meio a natureza.
Fora isso, também criamos projetos para financiar as gravações. Vamos atrás de empresas que precisem de conteúdo audiovisual e desenvolvemos ações para ela financiar a gravação do artista e a marca ou espaço dela vincular junto com o clip. Já gravamos muito dessa forma, estamos estruturando esse modelo e conseguindo parceiros para viabilizar esse projeto de forma social, inclusive ensinando jovens a trabalhar dessa forma para replicarem o modelo e o projeto continuar acontecendo quando seguirmos para a próxima cidade.
Matheus Luzi – Vocês têm alguma história ou curiosidade sobre a banda que se destaque e que mereça estar nessa reportagem?
Vitor – Gostamos muito de desafios e de realizar algo único com cada artista que trabalhamos. Um dos últimos trabalhos que está para lançar foi com a banda “Leões da Gruta” em Porto Feliz (SP). Eles nos falaram da importância da gruta da cidade para eles, então, queríamos envolver ela na música. Após produzir toda a música levamos os equipamentos para dentro da gruta e gravamos a reverberação de cada instrumento na gruta. Toda a ambientação que se ouve na música é da gruta e isso tornou a gravação bem única e especial. No nosso canal do Youtube tem todo o processo documentado.
Matheus Luzi – Agora deixo vocês a vontade para falarem o que acharem importante estar nessa reportagem.
Vitor – Acima de tudo, nosso projeto é sobre pessoas e conexões. Estamos aprendendo muito, conhecendo muita gente e está sendo incrível viver tudo isso. É por esse projeto que estamos nos conectando com vocês e isso é bem especial, muito obrigado. Agradeço o espaço e convido a quem quiser entrar em contato com a gente e bater um papo. São conexões que fazem tudo isso valer.