21 de março de 2025

Chris Fuscaldo lança disco de pop-rock-tango, entre outras influências [ENTREVISTA]

 

Diversidade, é a palavra chave para quem quer mergulhar no disco MUNDO FICÇÃO de Chris Fuscaldo. Definido como pop-rock-tango ou TPB (Tango Popular Brasileiro), o álbum se mostra original e fora dos padrões que vemos por aí. As 12 faixas do disco englobam canções autorais, canções com parceiros, e releituras de três músicas que fazem parte da história de Chris, como MUITO ESTRANHO, que aliás, recebeu um arranjo mais do que especial.

Todos os processos criativos, de produção e de gravação do álbum tem a influência de Juan Cardoni (produtor de Buenos Aires). Na ocasião do primeiro encontro entre Juan e Chris, o produtor havia acabado de chegar ao Rio, as ideias começaram a ir para o rumo de MUNDO FICÇÃO. Por outro lado, Chris já estava imersa nos livros e nos discos que fez com ela passasse por sentimentos, o que depois foi transformado nesse disco, com ideias, palavras, versos e melodias.

 

Abaixo você verá na íntegra uma entrevista especial que fizemos com Chris Fuscaldo sobre o seu novo disco.

 

 

MUNDO FICÇÃO é um disco de pop-rock-tango. Como chegou nessa ideia?

Essa mistura de rock com pop e tango aconteceu naturalmente durante as gravações de MUNDO FICÇÃO, meu primeiro disco solo e autoral. Meu produtor é Juan Cardoni, um argentino apaixonado por Beatles, outros expoentes do rock e do pop e por reggae. Eu fui criada no mundo do rock clássico, sou louca pela MPB e curto de todos os outros ritmos, um pouco. Quando nos conhecemos, eu tinha acabado de vir de um período em que morei na Argentina (na cidade de Rosário) e estava atenta aos ritmos típicos de lá (principalmente, o tango e o chamamé). Na medida em que fomos pensando o que queríamos para cada música, foram surgindo referências, ideias, vontades de experimentar. E deu no que deu: eu pedindo a Juan para trazer o tango para nosso trabalho e ele me aplicando pop rock na veia.

 

Além desses, o disco parece abordar outros ritmos também…

Hummm… Acho que acabei falando um pouco sobre isso ali em cima… Mas, bom, é isso. Eu e Juan descobrimos que tínhamos tantos gostos em comum e, quando alguma coisa não era tão comum assim, a gente experimentava enquanto gravava. Assim, além do tango nas faixas MUNDO FICÇÃO, VOCÊ NÃO SERVE PRA MIM (de Renato Barros) e SELFIE-SE QUEM PUDER, ele trouxe das experiências dele com bandas de reggae um pouco desse estilo para ENIGMA (ENTRO NO SEU JOGO), uma parceria minha com o soulman Hyldon. MINHA MENINA, NÃO já nasceu funk quando eu a compus com Taís Salles em cima de uma ideia e um refrão do paraibano Totonho: a batida da Taís inspirou Juan a, como produtor, trazer os metais para o arranjo. O folk é uma paixão minha desde que descobri Bob Dylan e Johnny Cash e quis explorá-lo em uma duas canções do disco que não são minhas, ENTELÉQUIA (Felipe Melo e Taís Salles) e MUITO ESTRANHO (Dalto e Claudio Rabello). A última música, o pot-pourri de SE ESSA RUA com POMBINHA BRANCA é uma brincadeira com o punk rock que escutei durante uma fase de minha vida. E tem o rock baião da Taís DE REPENTE NA CIDADE, que tocávamos na banda que tínhamos juntas, chamada ECT (Eu, Chris e Taís). SEGREDO é um pop rock clássico e foi a primeira música do meu álbum a ganhar um clipe. Gosto dessa diversificação que fizemos porque meu gosto musical sempre foi assim.

 

O álbum também marca a sua volta como cantora, depois de algumas experiências como compositora, não é?

Eu tive algumas bandas e gostava de cantar, mas não pensava em levar isso a sério porque sempre fui vidrada nas cantautoras, ou seja, nas cantoras que compõe. Aí aconteceu de eu começar a compor durante um período em que dei um tempo no meu trabalho como jornalista e fui estudar e escrever livros. Li tanto, escrevi tanto, vivi tantas coisas que acabei ficando muito inspirada. Escrevi as músicas que estão nesse álbum MUNDO FICÇÃO e, incentivada por Juan, que quis produzir meu álbum, acabei voltando a cantar. 

 

Esse disco foi feito e gravado por uma boa equipe, pelo o que vi. Como isso influenciou o disco, e como foi trabalhar com essa galera?

Na verdade, esse disco foi feito com uma equipe bem reduzida… Juan Cardoni, meu produtor, tocou quase todos os instrumentos em quase todas as faixas. Com exceção da guitarra de Hyldon em ENIGMA (ENTRO NO SEU JOGO), do trompete de Altair Martins e do trombone de Marlon Sette em MINHA MENINA, NÃO e das cordas de Guilherme Schwab em MUITO ESTRANHO, todos os outros instrumentos foi ele quem gravou. Schwab tocou violão e  weissenborn na canção de Dalto e Claudio Rabello. Ah, eu também fiz uns barulhinhos na faixa SEM TEU OLHAR, mas pouca coisa perto do ele fez. Com o disco pronto, masterizado pelo ótimo Márcio Pombo, reuni profissionais incríveis, como a fotógrafa Tatynne Lauria, a maquiadora Helen Lage, e o designer Leonardo Miranda. Para meu primeiro clipe, tive a equipe maravilhosa da diretora baiana Ceci Alves.

 

Em especial, você contou muito com o apoio de Juan Cardoni. Ele foi uma ponte entre você e esse disco novo, né?

Ele foi a ponte! Juan viu brilho nas músicas e me incentivou muito a continuar compondo, experimentando ritmos e gravando. Tanto que, no início, eu tinha 6 músicas. Fomos fazendo, gravando, vivendo e, quando vimos, já eram 12 no álbum.

 

Composições próprias, parcerias e releituras de três canções que fazem parte de sua história estão entre as 12 faixas do disco. Pode nos falar um pouco mais sobre a escolha do repertório e também sobre o momento de criação das faixas?

As que eu compus surgiram durante momentos de inspiração em uma época em que estava lendo e escrevendo muito e de forma muito livre. Assim, cada uma reflete um tema ou uma questão na qual eu estava pensando muito. As canções dos outros, escolhi a partir do meu gosto pessoal e da crença de que elas tinham tudo a ver com o repertório que estava se delineando durante a pré-produção. MUITO ESTRANHO é uma música que amo desde que era bebê e ouvia Dalto e meu pai – os dois são muito amigos – tocando violão na sala da minha casa. VOCÊ NÃO SERVE PRA MIM é uma homenagem minha a seu autor, Renato Barros, o líder do Renato e Seus Blue Caps que tanto ouvi na infância através do meu pai e que acabou virando um amigo durante minha jornada como jornalista de música. As outras que estão no disco – da Taís Salles e do Felipe Melo – são paixões antigas dos tempos em que tivemos  aECT (Eu, Chris e Taís), que nos deu muitas alegrias.

 

(Reportagem exclusiva da Arte Brasileira)

 

 

 

 

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