Klaf, um dos participantes
Durante muito tempo, o mercado da música se concentrava nos grandes centros, nas grandes capitais do nosso país. No entanto, com a chegada da internet e de novas tecnologias, que, por sua vez, permitem acessibilidade aos processos de gravação e divulgação, esse cenário mudou.
Uma boa prova dessa mutação é a webserie “Colibri! Apresenta”, idealizada pelos produtores da Colibri!, Victor Machado (el escama) e Ian Bondezan Gigliotti. A ideia do projeto (inovador em múltiplos sentidos) é apresentar artistas do interior de São Paulo, da cidade de Marília.
O programa que é integrado por sete episódios com duração de 23 minutos cada, tem como intuito registrar (com bons equipamentos, equipe de 33 profissionais e roteiros penetrantes) a vida, arte, história e trajetória dos artistas entrevistados, que são cantautores.
A websérie teve início no dia 17 de novembro e chegou ao seu último episódio hoje (29). Participaram Klaf, Lua Costa, Eduardo Pavloski, Juliana Máximo, Zé Tedesco, Lari Franco e Caio Altafim. Vale (e vale muito) pontuar que as faixas executadas no programa também ganharão tratamento especial, o que as prepara para lançamentos nas plataformas de streaming.
Pautas interessantes rendem entrevistas. É isso que você confere a seguir, com as respostas de um dos idealizadores!


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Matheus Luzi – Por que os músicos independes de Marília? Por que a cidade e seus artistas “foram escolhidos” para a Websérie?
Victor Machado (el escama) – Porque a Colibri! (produtora) nasceu na cidade. Foi a percepção de que uma cena musical estava acontecendo em Marília que motivou todo o início da conversa entre Ian e eu sobre o que poderíamos fazer pelos novos e excelentes compositores que surgiam ali.
Matheus Luzi – É indiscutível a qualidade do programa, as perguntas, o audiovisual como um todo, o roteiro… Nesse sentido, quais frutos vocês acreditam que os artistas exibidos na Websérie poderão colher?
Victor Machado (el escama) – A gente espera que colham o mundo, né? Mas, cada artista ali está em um momento diferente da carreira. Alguns com um público já formado, outros em fase de formação e ainda tem os que deram seu primeiro aceno ao mercado com a websérie! Temos convicção que, dentro da cidade, o projeto vai dar o que falar, mas queremos que vá além disso! Afinal, independentemente do local de origem, são artistas que emocionam ouvintes. Por isso, temos a expectativa da websérie ser notada na região e no resto do país.

Matheus Luzi – Lá atrás, antes de tudo, como vocês chegaram à ideia do “Colibri! Apresenta”? Acredito que esteja relacionado também a algumas inquietações de vocês…
Victor Machado (el escama) – A gente sempre teve essa mania de ouvir música nova. É a nossa conversa de boteco. Em vez de falar sobre futebol, o assunto era tipo “escuta só essa banda psicodélica lá de Maceió que descobri essa semana”. Essa constante atualização, de certa forma, virou uma pesquisa de muitos anos, onde mapeamos o que vem acontecendo no Brasil e no mundo. Quando ficamos sabendo que estava rolando essa cena na nossa cidade natal, simplesmente reduzimos o foco da pesquisa para um âmbito municipal. Começamos a frequentar os shows, conhecer o pessoal, receber mais indicações… e assim foi!
Matheus Luzi – Nós sabemos o quanto foi minucioso o processo de curadoria, mas seria muito interessante vocês nos detalhar esse processo.
Victor Machado (el escama) – O processo de escolha não durou nem cinco minutos. É sério! Quando decidimos fazer a websérie, por conta do já citado processo de pesquisar a cena que fazemos por prazer, interesse e, talvez, obsessão, a curadoria já estava realizada, haha! Então sabíamos há tempos quem eram os nomes que achávamos mais fortes ali. Era a nossa discussão do bar teorizar quem estava surgindo, quem tinha dado um passo em falso, quem tinha marcado um gol de placa rumo ao sucesso… Só tivemos cuidado pra não chamar o pessoal de um estilo só, isso sim! Mas até isso foi a nosso favor, pois a cena é plural e os compositores abraçam diversos caminhos e estilos.

Matheus Luzi – Pegando gancho na pergunta anterior: falem sobre todos os profissionais envolvidos na Websérie. Afinal, ninguém faz nada sozinho. [RSRS]
Ian Gigliotti – O “Colibri! Apresenta” foi uma realização coletiva. Cerca de 33 profissionais, desde a equipe que aplicou o teste de covid até os artistas que tocaram nos episódios, contribuíram para a realização do projeto, da concepção até o seu lançamento. Somos gratos a cada um deles e temos um orgulho danado da equipe que conseguimos montar. Sem eles, seria quase impossível conseguirmos atingir um resultado tão bacana. Uma experiência que guardaremos com muito carinho.
Matheus Luzi – O projeto “Colibri! Apresenta” terá continuidade?
Ian Gigliotti – Essa pergunta é difícil cravar! Não está só na mão dos realizadores. Mas pra não deixar sem resposta, uma coisa eu posso adiantar, o projeto terá desdobramentos.

Matheus Luzi – A Websérie foi contemplada pelo PROAC. Como muitos de nossos leitores também são artistas, acho interessante vocês darem uma espécie de “motivação” para que outras iniciativas como essa sejam aprovados por leis de incentivo a cultura.
Ian Gigliotti – Não deixem de procurar formas de viabilizar seus projetos. Não existe receita pronta, cada situação requer uma forma de materializar nossas ideias. O poder público é uma delas, mas não é a única! O que não muda em nenhum dos caminhos é uma só, encarar toda jornada de forma estruturada, com objetivos definidos e perseguidos quase de forma obstinada.
Matheus Luzi – Nesse processo todo, tenho certeza que muitas histórias e curiosidades sobre a Websérie foram colecionadas. Comentem algumas delas, as que julgarem mais interessantes.
Victor Machado (el escama) – Acho que o caso mais legal (e que teve consequência na própria estrutura da websérie) foi o da Juliana Máximo, que havia ensaiado para uma apresentação de piano e voz e, no dia da gravação, o pianista não pode ir. Aí rolou uma comoção com a equipe de áudio, que também era formada por músicos, e viramos a noite com ela fazendo novos arranjos pras canções. O Pedro Mello, que captou e tratou todo o áudio da série, fez os beats. O Emilio Mizão (coordenador artístico) e o Zé Tedesco (um dos compositores convidados), assumiram os violões e guitarras. Até eu dei canja em uma das músicas! No final, ficamos até felizes do incidente com o tecladista, porque rolou um episódio muito lindo e especial por conta desse espírito de coletividade geral. Nessa hora, ficou muito claro que nada daria errado no projeto, pois todo mundo estava ali se desdobrando pra que as coisas acontecessem da melhor forma possível. Foi muito amor envolvido!

Matheus Luzi – Aqui deixo um espaço em aberto para vocês contarem o que bem entenderem. Uma mensagem final, qualquer coisa!
Victor Machado (el escama) – Primeiro, agradecemos quem leu até aqui, porque a gente fala pra caramba! E convidar pra acessarem e seguirem o canal da Colibri! no Youtube. É lá que estão todos os sete episódios do “Colibri! Apresenta”, onde tentamos explorar um pouquinho desses universos tão diferentes que fazem parte de cada um dos compositores, descobrir quais caminhos na vida levaram eles a se interessarem por música e, um belo dia, resolver que também poderiam escrever uma. É muito louco isso! Fizemos as mesmas perguntas pra todos e não ouvimos nenhuma resposta parecida.
E, muito importante, que isso seja um trampolim pra pessoa que assiste descobrir novas músicas e artistas. Meu sonho é que os episódios caiam no colo, sei lá, do Seu Quincas! Aquele cara que vive dizendo que “bom mesmo era a música do tempo dele”. O Brasil é muito rico musicalmente pra ficar refém de poucos estilos. A produção vai muito bem e vivemos um período criativo excelente! Mas é necessário explorar. O tempo em que as novidades eram apresentadas pelo rádio ou pela TV ficou pra trás. A gente tem essa nave que é a internet pra navegar um universo infinito de possibilidades. O novo sempre vem e a Colibri! quer ouvir! Até pra não ficarmos sem assunto no bar…