17 de março de 2025

Daniel da Quixabeira é novamente um belo afro-futurista em seu novo disco, “Doismilivinte”

Capa do lançamento.

Para o cantor e compositor Daniel da Quixabeira, a pandemia também foi um despertar para novas canções. Dessa forma, desse jeito meio que “perdido e isolado”, nasceu “Doismilivinte”, um disco de nove faixas cujo o desejo de expressar tantos e variados sentimentos foi o grande combustível.

“Esse trabalho foi guiado por uma energia de encruzilhada, escoando sobriedades, loucuras, medos, coragens, ancestralidades e expectativas que impactaram minha vida e a vida de muitos.”, explica ele, que também acredita no poder transformador que o álbum possa causar no público.

Musicalmente, o disco é uma continuidade de “Verbo Utopia”, outro que ele lançou em sua estreia fonográfica, que trazia um olhar afro-futurista, no qual o diálogo com as tradições da música brasileira e mundial são guias para uma sonoridade que extrapola o que se conhece por aí, já que o experimentalismo e usufruir de novas descobertas é um dos caminhos mais incríveis de Daniel.

“O meu álbum ‘Doismilivinte’ traz Samba Martelo, Samba Boiadeiro, Samba de Capoeira e Batuques do semiárido baiano, gêneros da região em que eu nasci e cresci; conversando com linguagens como Trap, Trance, Dub, Rock, Música Psicodélica, no desejo de criar linguagens, sensações diferentes, enfim, jeitos outros de encontrei de me expressar, seguir em frente, ou seja, existir.”, acrescenta.

NINGUÉM FAZ NADA SOZINHO

A novidade só foi possível graças a um time de músicos, esses de Feira de Santana-BA. “Esse disco contou com músicos feirenses, como Tito Pereira, Rogério Ferrer, nas teclas; Bel da Bonita, Ravel Conceição como percussionistas; Lerry e o Crossover Studio, Jonas Costa e o estúdio Gato Preto, Anselmo Roberto do estúdio Via Sonora, nas capturas de áudios e ainda, Kelvin Diniz e o H. Studio, com o trabalho final de edições, mixagem e masterização.”, menciona ele.

E continua: “Já como participação especial, o disco começa com toda voz e espiritualidade de Neide Vital do Morro do Chapéu, na música ‘O Capoeira’, logo depois com os feirenses Bel da Bonita e Lore, cantando o samba ‘Martelo da Coragem’, e em seguida, na canção de nome Rosto, com Mateus Zingue e para fechar com chave de ouro, Fatel, de Juazeiro, com a canção Juízo.”

Divulgação.

O FAIXA-A-FAIXA nas palavras do próprio artista

O álbum começa com a canção “Pêndulo”, abrindo os caminhos, trazendo em sua poesia, um tom de oração, mas lembrando sobre a metáfora do movimento pendular como força que nos atravessa, e que nos convida a refletir sobre a dualidade em nós, na vida e em como agir diante do que acabamos de perceber. Tudo ao som de uma fusão entre o toque de atabaque, com linguagens como o trap e o rock.

A próxima canção é “O Fio, Rumo, Sina Ou Correnteza?”, música inspirada nas sabedorias da tradição do candomblé, a canção fala da “continuança” de tudo, da vida como uma espiral de experiências entrelaçadas que nascem, vivem, se cruzam e continua indo como uma correnteza de rio pro mar.

A terceira música é “Ladeira De Baixo”, canção que traz uma poética de desabafo, de luta, mas também de reflexão sobre saber reagir diante das opressões e amarras diária que nos impuseram sistematicamente.

O “Capoeira” é a canção que conta com a participação de Neide Vital, do município de Morro do Chapéu, fortificando e ratificando sobre a luta contra as opressões que nos cercam, como símbolo dessa resistência; A letra traz a “Ginga da capoeira” como filosofia/cosmovisão que nos ensina sobre o “saber se virar no mundo.” Essa aqui é minha homenagem a todos os mestres de capoeira, nesse caso, e como cito na letra, Moa do Catendê, que foi brutalmente atingido pela intolerância e ignorância daqueles que sempre estiveram aí, desde o império.

“Martelo Da Coragem” é a canção que me conecta de forma específica com a minha região, meu povo, meus parentes de lá da Bacia do Jacuípe. É a música que procuro extravasar um grito interno, sobre os medos e coragens em nós, conta com a participação de Bel da Bonita e Lore de Feira de Santana, tudo isso, ao som do Samba Martelo, Samba Boiadeiro e nesse caso, o Batuque ou Samba Batuque, gêneros tradicionais de lá que aprendíamos com os mais velhos.

A próxima canção é “Rosto”, música que traz uma energia de ironia, provocação, humor, ao mesmo tempo de intimismo, sobre nossas “maquiagens que temos que ter para poder continuar a vida”. E conta com a participação de Mateus Zingue de Capim Grosso.

“Juizo”, canção que busca “falar pro espelho”, olhar, perceber e acolher os monstros que todos podemos ser, conosco e com os outros. A música conta a participação de Fatel, de Juazeiro-BA encerrando as participações no disco.

“Madrugada” é uma música que tem um lugar especial na minha vida e no álbum, porque ela traz a energia e representação da lucidez que chega e se vai se assim permitirmos, fala das coisas novas que aprendi, e velhas coisas que só agora entendi, e por isso, me utilizo da madrugada como um horário que simboliza pra mim esse momento.

E pra fechar os trabalhos, “O Rio”, que vem trazendo na sua poesia, sobre os ensinamentos que o rio, a natureza, e a ancestralidade me trouxe, e sobre como levar todas essas espiritualidades e tudo isso carregamos adiante até o momento em nós mesmo nos tornamos ancestral de alguém.

Todas canções fazem menção às sabedorias deixadas pelos nossos ancestrais negros que vieram de África, que aqui deixaram tanta riqueza cultural pra que a gente, agora, possa continuar as tradições, ora seguindo, ora recriando com nossos passos a história de todos esses que ainda estão aqui e nos ensinam e aqueles que aqui passaram, deixaram seus saberes.

FICHA TÉCNICA

ÊNDULO
(Daniel da Quixabeira, Lerry, Kelvin Diniz)

O FIO, RUMO, SINA OU CORRENTEZA?
(Daniel da Quixabeira, Bel da bonita, Kelvin Diniz)

LADEIRA DE BAIXO
(Daniel da Quixabeira, Bel da bonita, Débora Carvalho, Lerry, Lore)

O CAPOEIRA
(Daniel da Quixabeira, Bel da bonita, Débora Carvalho, Lerry, Neide Vital, Ravel Conceição)

MARTELO DA CORAGEM (Daniel da Quixabeira, Bel da bonita, Jonas C. Santos, Lerry, Lore)

ROSTO
(Daniel da Quixabeira, Bel da bonita, Débora Carvalho, Lerry, Mateus Zingue, Ravel Conceição)

JUIZO
(Daniel da Quixabeira, Bel da bonita, Fatel, Lerry)
MADRUGADA
(Daniel da Quixabeira, Bel da bonita, Lerry)

O RIO
(Daniel da Quixabeira, Bel da bonita, Luan Gonçalves, Tito Pereira, Rogério Ferrer)

obs: Todas as canções são de minha autoria composição e arranjos**

BEL DA BONITA – VOZ, PERCUSSÃO RÍTMICAS E EFEITOS

DANIEL DA QUIXABEIRA – DIREÇÃO MUSICAL,
VOZES, VIOLÃO, GUITARRA, PERCUSSÃO

DÉBORA CARVALHO – BAIXO (em Ladeira de baixo, capoeira, rosto)

JONAS C. SANTOS – BAIXO  (martelo da coragem)

LERRY – TECLADOS, SINTETIZADORES, BAIXO, BEAT MAKER

KELVIN DINIZ – MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO

RAVEL CONCEIÇÃO – TIMBILA, BERIMBAU, PERCUSSÃO EFEITOS (em capoeira, rosto)

ROGÉRIO FERRER – FLAUTA TRANSVERSAL, SAXFONE ALTO (em o rio)

TITO PEREIRA – PIANO (em o rio)

PARCERIAS – CROSSOVER STUDIO – LERRY
DINIZ H.STUDIO, GATO PRETO STUDIO – JONAS C.SANTOS

O que acha de ser homem como sua avó foi? É o que sugerira composição

“Seja Homem Como sua Avó Foi (por Myriam)” é uma composição que foge de tudo que é comum. Se trata.

LEIA MAIS

BINGO: O REI DAS MANHÃS – Tudo o que você precisa saber!

Lançado em 2017, é o primeiro longa do diretor Daniel Rezende (montador de “Cidade de Deus” (2002), “Tropa de Elite.

LEIA MAIS

Podcast Investiga: Quem foi o poeta Augusto dos Anjos? (com Augusto César)

O 9º episódio do Investiga buscou informações sobre os principais pontos da trajetória pessoal e profissional do poeta brasileiro Augusto.

LEIA MAIS

Uma história que esperou 200 anos para ser contada – Por Victor Mascarenhas

Há 200 anos, mais precisamente no dia 7 de setembro de 1822, nas margens plácidas do riacho Ipiranga, D.Pedro deu.

LEIA MAIS

LIVE BRASILEIRA #11 – Os “120 por hora” da banda Skarno e o trio americano-brasileiro

No dia 1º de setembro de 2022, o jornalista Matheus Luzi conversou com o vocalista e guitarrista Rudi Ferreira, da.

LEIA MAIS

Crítica: Rui de Oliveira pelos Jardins Bodoli – de Mauricio Duarte

 Crítica: Rui de Oliveira pelos Jardins Boboli – de Mauricio Duarte   O que acontece quando um mestre da arte.

LEIA MAIS

LIVE BRASILEIRA #14 – A nova safra do Sertanejo Universitário nas vozes de Jessica Mendez

No dia 13 de outubro de 2022, o jornalista Matheus Luzi conversou com as cantoras e compositoras sertanejas Jéssica Mendez.

LEIA MAIS

A conexão musical entre Portugal e Brasil, contada pela siberiana Svetlana Bakushina

Artigo escrito por Svetlana Bakushina com exclusividade para Arte BrasileiraPortugal, agosto de 2024 Nasci e cresci na Sibéria, onde a.

LEIA MAIS

Diante do novo, “O que Pe Lu faz?”

Sucesso teen da década passada com a Restart e referência no eletrônico nacional com o duo Selva, Pe Lu agora.

LEIA MAIS

LIVE BRASILEIRA #5 – O “coração solteiro” do sertanejo Vitor Leite e a MPB “encante-se”

A edição do dia 9 de junho de 2022 recebeu dois cantores-compositores mineiros, de gêneros musicais distintos. Essa foi uma.

LEIA MAIS