20 de janeiro de 2025
Música

Depois de EP, Bolhazul surpreende com álbum FLORESCER cheio de experimentalismo e harmonias suaves [ENTREVISTA]

Capa do álbum

 

Depois do EP AURORA (2016), nasce o primeiro álbum da Bolhazul, FLORESCER, com 10 faixas e que traz novos ares a musicalidade da banda que combina harmonias suaves, com o experimentalismo e com o sentimento de crescimento presente nas letras. Foi a partir de muitas informações obtidas por meio de filmes, livros, referências musicais que juntos os integrantes chegaram na concepção de FLORESCER.

“O tempo que passamos germinando o disco, passamos amadurecendo e entendendo o que queríamos enquanto banda. Isso fez ficar claro que é necessário passar por todas as estações para florescer, uma frase clássica que faz todo sentido no nosso processo. A relação das músicas com a natureza, sua possível analogia para o desenvolvimento humano que está presente em muitas canções do disco também foi um fator importante para escolhermos a ideia de se transformar em flor”, reflete o vocal e guitarrista Patrick Maciel. Além dele, a Bolhazul conta com Eduardo Hoffmann (baixo) e Guilherme Rocha (bateria).

 

Abaixo, você confere na íntegra uma entrevista que fizemos com os integrantes da banda.

 

Para ouvir as músicas completas, clique no botão verde no quadro abaixo.

 

Como chegaram na concepção do álbum?

Patrick: Inicialmente, compusemos algumas das músicas que fariam parte do disco no local onde ensaiamos, na casa do Guilherme (baterista). Levamos elas para o estúdio durante a primeira parte da gravação do disco, em 2016, com algumas outras ideias de músicas instrumentais, sem a letra até então. Com as vivências e referências que fomos criando nesse período, assistindo filmes, documentários, lendo livros e tendo boas conversas, conseguimos compor as letras que estavam faltando. Deixamos o disco de molho durante alguns meses e em 2017 voltamos para o estúdio para compor mais 2 faixas que fechariam esse ciclo, sendo elas ÁRVORE DA VIDA e FLORES. No final de 2017, fizemos um ensaio baseado na canção FLORES com nosso amigo fotógrafo Fernando Rodrigues e maquiagem de Rafaela Schimitt e Ayana Saito. Com esse ensaio, amadurecemos o conceito de FLORESCER, a ideia do ciclo vital das flores e sua relação com nosso próprio desenvolvimento que é humano. A concepção do álbum veio então de todo esse processo desde compor as primeiras canções que fariam parte dele até o próprio ensaio que possibilitou encontrarmos a temática em comum que fechasse a temática do disco.

 

O que vocês querem dizer com “canções adultas, feitas para reflexão e contemplação” em relação as músicas do álbum?

Patrick: São músicas para qualquer faixa etária, pra todos que, ao escutarem, consigam se identificar com as letras, com as melodias ou até mesmo os ritmos, para aqueles que possam gostar e adentrar nos sentimentos que tentamos passar. Quando falamos em canções adultas, falamos mais de um processo de amadurecimento que experimentamos. Nós estamos mais “adultos” desde a composição do primeiro EP AURORA, compusemos essas músicas com mais maturidade e pudemos florescer, como sugere o título do disco. São músicas calmas e imersivas, buscamos criar texturas e melodias que passassem esse sentimento de reflexão e contemplação de si mesmo e da natureza. Por isso achamos que o disco combina tanto com um passeio na natureza como em um passeio interno nas nossas próprias questões, um olhar para si mesmo.

 

 

O nome do álbum tem algo a ver com o crescimento da natureza e as estações do ano?

Eduardo: Sim! Acreditamos que o tempo de crescimento da natureza e os diferentes movimentos representados pelas estações do ano podem nos dizer muito sobre o próprio crescimento humano em seus mais variados âmbitos. No álbum abordamos vários sentimentos diferentes, que representam de algum modo os vários movimentos que compõem a totalidade das expressões do sentimentos humanos, seus movimentos cíclicos e fluxos contínuos. Temos o florescer como um período que representa muita fertilidade e abundância de vida. Assim, representa para nós o ápice do que viemos cultivando nos últimos meses e que agora podemos compartilhar com outras pessoas.

 

Ainda nesse sentido, o álbum levou um tempo para “germinar”. Como foi o tempo de criação do álbum?

Eduardo: Após a composição do nosso primeiro material, presente no EP AURORA, começamos ao final de 2015 a experimentar novas formas de nos expressarmos através da música, amadurecendo e nos autodescobrindo ao longo de cada nova criação. Boa parte do álbum foi composta durante o primeiro semestre de 2016, momento em que fomos até Goiânia para gravar aquele que este ano seria conhecido como FLORESCER. Entretanto, esse período de gravação da primeira versão do álbum foi de intenso processo de autodescobrimento não apenas como banda mas indivíduos, que nos permitiu perceber um tempo claro de amadurecimento que estava para além das nossas vontades objetivas. Crescemos e reformulamos nossa visão sobre as músicas compostas, nossa relação com a arte e com nós mesmos e decidimos que a obra ainda não estava acabada. Em julho de 2017, retornamos ao estúdio e gravamos mais faixas e arranjos que iriam ornamentar de modo diferente a nossa criação. A partir deste momento buscamos desenvolver um material que mesclasse a linguagem do áudio com o vídeo e então produzimos nosso clipe de MANET, que busca ampliar nossa expressão para além da linguagem do áudio. Uma vez pronto este clipe, focamos na produção da capa que entrelaçava o conceito do álbum e simbolizava o nosso processo de florescimento até aqui. Então, finalmente chegamos ao ponto em que pudemos lançar o álbum.

 

 

FLORESCER é um trabalho autoral. Fale para nós como foram os momentos

de criação das músicas.

Patrick: As músicas foram criadas em momentos diferentes, mas ainda sim todas acabaram sendo pensadas pra compor um disco só. Como dito, começamos esse processo em 2016, compondo as primeiras faixas pós AURORA. Costumamos compor primeiro a parte instrumental e depois se aventurar na criação das melodias da voz, no modelo de jam para o instrumental. Entretanto, diversas músicas acabaram tendo processos diferentes para a composição. Experimentamos criar algumas delas em estúdio durante a gravação do disco, com momentos em que a voz vinha primeiro e outros que uma música inteira se desenvolveu de maneira muito espontânea após conversarmos sobre certo assunto ou assistirmos um filme. Nós criamos as músicas colaborativamente e todos da banda escreveram as letras. Acabamos por dividir as participações nesse sentido no disco, tendo inclusive duas músicas cantadas pelo nosso baixista, Eduardo. Criamos as músicas juntos, conversando sobre cada parte, desenvolvendo-as espontaneamente e tentando articular as estruturas de cada pedaço em momentos de conversas e até mesmo brincadeiras e descontração. Sentimos que fazer as coisas assim fluíram muito bem pra criar esse disco, todas as canções puderam fazer parte de um mesmo universo e conversaram entre si dessa forma.

 

 Tem alguma história ou curiosidade interessante que envolva o álbum?

Patrick: A 9ª faixa do nosso disco, OLYMPIA, surgiu após certa noite assistirmos, por acaso, o documentário do duo eletrônico Daft Punk. Inclusive, essa canção tinha esse nome por algum tempo antes de lançarmos o disco. No documentário, ficamos encantados com a criatividade deles e de sua capacidade de samplear e criar diferentes ideias de melodias e timbres. Decidimos então compor essa canção em estúdio, sampleando uma bateria de Led Zeppelin que criava uma vibe bem dançante e pra frente que queríamos na música, tentando mudar todo o contexto por trás do instrumental e das melodias. Em alguns dias havíamos criado e gravado a música em questão e ficamos muito felizes com o resultado. A letra também veio de um conceito trazido de uma aula que tivemos no primeiro semestre da faculdade (estamos nos últimos) que falava sobre o amor, então podemos dizer que tentamos absorver bem as influências criativas externas que rodeavam nos três de certa forma, pra criar essa canção. E deu super certo.

 

Fiquem à vontade para falarem o que quiserem.

Patrick: Obrigado pela oportunidade de falarmos um pouco do nosso novo trabalho e de algumas histórias importantes pra gente, é sempre muito bom compartilhar. Espero que todos possam escutar nosso disco FLORESCER e conseguir sentir um pouco desses sentimentos e vibes que gostamos de passar através da música. Abraços!

 

 

 

administrator
Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.