14 de novembro de 2024
Música Resenha Sons do Século – Por Nildo Morais

A leveza da banda Chapéu de Palha

Leonardo Mota / Divulgação.

Acho que um dos pensamentos mais recorrentes em uma época tão acelerada quanto a nossa, é na verdade uma breve pergunta: o que acontecerá amanhã? Comigo também não é diferente. Há um tempo venho mastigado a mesma ideia meditando sobre o que o futuro me reserva e como ele pode ser reconfortante e ao mesmo tempo assustador. Foi em meio a esse contexto que, conversando com uma amiga, encontrei uma das bandas que mais fazem parte do meu dia a dia atualmente: Chapéu de Palha.

A banda [Chapéu de Palha] é um duo amazonense composto pela Giovanna Póvoas e pelo Helder Cruz, que vem conquistando a cena do mercado musical brasileiro. O que mais me encanta é a forma como eles encaixam perfeitamente letras marcantes em melodias calmas e incríveis. No fundo, todos nós temos um peito pesado de se carregar, eles bem definem isso em sua música “despedida” (álbum “Eu”, 2019) que abraça o ouvinte como o conselho de mãe e demonstra que, por mais difícil que esteja, ficará tudo bem. Juntos, eles nocauteiam o mundo com a leveza de uma pena. Ouvi-los, para mim, já virou rotina.

Para ser sincero, vejo no sonho dos dois um passado memorável, um presente persistente e um futuro promissor. Os singles, principalmente o “Gostasse, mô?” de 2020, me lembram bastante do estilo musical de outro gênio da música nacional contemporânea, o Tiago Iorc. Ambos são a prova viva que o maior degrau da sofisticação é a simplicidade.

Ainda assim, é possível notar a evolução do duo amazonense nesses últimos dois anos. Os trocadilhos e o jogo de palavras estão mais presentes do que nunca; como uma forma divertida de mostrar ao ouvinte que se acalme, afinal de contas o futuro virá, a gente sabendo ou não o que acontecerá amanhã. Como vocês podem ver no trecho a seguir da música “O Amor do Mundo Inteiro” lançada em julho desse ano (2021):

“Já faz um tempo que eu tô pra te dizer
Dessas borboletas que não vão passar
E da constante falta que faz você
Enquanto o tempo passa muito devagar
Mais me intriga o fato deu te conhecer
Te conhecer tem feito meu corpo suar
Soar teu som tem me feito vibrar
Vibrar na vida o som da corda e o violão
Querer compartilhar contigo o coração
Cantar um som que te faz de amor, lembrar
O amor do mundo inteiro querer te dar
E te lembrar

Que toda saudade um dia vai passar
E se Deus quiser a gente vai casar
Lembra sempre de não esquecer de mim
Pra vontade só deixar de apertar
Quando estiver aí…”

Depois de tanto, é impossível não ser grato ao Bom Deus, a pessoa que me apresentou a banda e as músicas que me renderam, dentre tantos frutos, a sabedoria para tratar a vida com leveza; para enfrentar o que vier com mansidão, e ser forte o suficiente para fazer a minha parte.

O Brasil precisa ouvir mais “Chapéu de Palha”.

Reprodução do instagram do duo

DISCOGRAFIA

Álbuns:
“Eu” – 2019

Singles:
“O Amor do Mundo Inteiro” -2021
“Amor Eu Te Dei” – 2021
“A Última Valsa” – 2021
“Olho Blue” – 2020
“Gostasse, Mô?” – 2020

author
Nildo Morais, colunista nascido na cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte. Atualmente tem 19 anos e é um profundo amante da literatura nacional, da música popular e da cultura brasileira. Tem um foco principal em ajudar novos artistas, conhecer um pouco de suas histórias e lutar para que o mundo também conheça.