O início
O que tem haver o curso de arquitetura com a música? Com as matérias que eu tenho feito aqui no site da Arte Brasileira, já me deparei com pelo menos três casos de artistas que começaram a carreira enquanto cursavam a faculdade de arquitetura e urbanismo, inclusive um deles é o majestoso Humberto Gessinger. O caso de Gabi Milino não é muito diferente. Em entrevista, ela nos contou que ao mesmo tempo que se dedicava a música, já tendo encontros e desencontros com a arte, se formou como arquiteta, mas o lado musical falou mais forte: Gabi sabia que o seu negócio era cantar e dar asas às suas composições.
“No último ano da faculdade eu fazia parte de grupo de Samba e Choro que já foi uma experiência musical mais profissional. Depois de um ano juntos eu comecei a gravar minhas primeiras músicas com um direcionamento mais autoral, que dialogava mais com o universo do Blues, do pop, do jazz, etc. Então começou a ficar difícil me dedicar exclusivamente ao grupo, porque além disto estava concluindo a faculdade. Esse impasse me acabou me direcionando.”.
Retrocedendo no tempo, a história de Gabi na música começou ela era ainda criança. E ao contrário de muitos casos, ela não sofreu muitas influências familiares, há não ser a de sua irmã mais velha, Guta, que sempre a levou a seguir pelo caminho artístico.
“Como não tive nenhum amigo ou familiar músico, a música surgiu como uma brincadeira. Primeiro cantando com minha irmã mais velha, Guta, que sempre gostou de música. Eu ouvia tudo o que ela escutava. Fazíamos paródias e brincadeiras musicais, íamos comprar CDs juntas, era uma delícia!”.
Apesar do estilo de músicas de Gabi serem mais serenos e calmos, ela começou a cantar imitando Alanis e Shakira, aos pedidos de uma de suas amigas na adolescência. Foi assim que Gabi formou sua primeira banda.
A música de Gabi Milino
A artista é a principal compositora de seu repertório, mas ela mesmo diz que o lado compositora é algo ainda muito novo pra ela. O primeiro disco de Gabi foi extremamente biográfico porque ela sempre teve o costume de escrever diários e poemas, e esses escritos foram transformados em música.
“Compor ainda é muito novo pra mim, então não é algo que eu tenha muito domínio em termos de processo e resultado, vou deixando vir e lapidando a medida do possível. Eu escrevo o que sinto e, por enquanto, só assim faz sentido, às vezes saem coisas muito ingênuas, ou mais sombrias, mas tem a ver com minha realidade emocional diante da vida, de um amor, uma dor de cotovelo, um medo, essas coisas que vão emergindo.”.
O primeiro disco de Gabi aconteceu como um processo de autoconhecimento musical, o que foi bastante intenso para a artista. Para esse desafio – tão esperado por ela – foi preciso pensar muito em referências, timbres, arranjos, colocação vocal, e uma série de possibilidades que se apresentam no momento de gravação e mixagem.
Ainda sobre o primeiro trabalho de Gabi, vale lembrar que um time de peso fez parte das gravações do disco, como Renato Godá, Swami Jr., Kuki Stolarski, Fernando Nunes e Zeca Baleiro, que divide os vocais com a compositora na faixa em El Desierto. Gabi nos contou um pouco dessa relação com esses artistas.
“Conheci primeiro o Kuki Storlaski que é baterista e produtor e que toca com o Zeca, o Kuki adora a Lhasa de Sela e um dia nos encontramos e ficamos um tempão conversando sobre o trabalho dela, no mesmo dia que nos conhecemos, inspirada pela conversa terminei uma das músicas do disco, El deserto, e resolvemos convidá-lo pra produzir a faixa, foi então que rolou a participação do Zeca, através do Kuki, o que foi um presente pra mim.”.