O papel de cada um na busca de uma sociedade melhor, empatia, as responsabilidades da vida adulta e as relações interpessoais e fraternais na vida urbana. É mirando em temas tão complexos que a Sound Bullet apresenta TERRENO, seu álbum de estreia.
Após o bem sucedido EP NINGUÉM ESTÁ SOZINHO (2013), a banda formada por Guilherme Gonzalez (guitarra e voz), Fred Mattos (contrabaixo e voz), Henrique Wuensch (guitarra) e Pedro Mesquita (bateria) ganhou destaque com o single WHEN IT GOES WRONG. Gravada no Converse Rubber Tracks, a música foi escolhida como representante mundial do projeto, alavancando a banda para centenas de milhares de plays no Spotify. Foi uma época em que a Sound Bullet redefiniu sua identidade e tudo isso está visível em TERRENO.
— Nesses últimos anos vivemos uma nova fase, de maior liberdade dentro da nossa proposta musical, e fomos ousando cada vez mais pra fazer um disco que nos satisfizesse. ‘Terreno’ é o resultado disso. E dentro desse caminho, ele conta uma história sobre humanidade, falibilidade, medo, coragem e alegria —, conta Fred Mattos.
Abaixo veja uma entrevista na íntegra com o vocalista da bana.
Parece que a temática do disco é bem complexa, estou certo?
O disco trata do que é ser humano. Ele tem uma história em si, mas gostamos de pensar nele como a descrição do que é ser terreno: é ser falível, imperfeito, passível de grandes erros e grandes feitos, movido por sentimentos pessoais e “por um bem maior”.
Tenho a impressão de que TERRENO é o resultado de muitas evoluções na história da banda.
Terreno é o encontro de muitas coisas que fizemos ao longo da nossa trajetória. Foi a primeira vez que nos liberamos para compor e escrever da forma que bem quiséssemos, sem nos prender a um rótulo. Obviamente, evitamos excessos e tentamos criar uma identidade própria. Chegamos a um resultado que nos agradou muito.
Indie Rock, Math Rock e Música Latina. Vocês fizeram uma mistura disso tudo no disco. Comente.
Indie rock é o precursor do nosso som. Não tem como falar de Sound Bullet sem falar de indie rock, nos juntamos para tocar isso. Math Rock foi o primeiro passo na direção de nos permitirmos mais do que estávamos focados no início. Obviamente, não ouvimos só math rock, mas jazz e progressivo, mas algumas bandas do Math nos inspiraram muito para os primeiros riffs e ideias que tivemos que deram origem ao Terreno. Já a música latina é um quase acidente. Não era nossa ideia inicial colocar ela, pelo menos não de forma tão pronunciada. Mas, o disco pedia isso, nosso produtor identificou que a gente caminhava muito por este solo, mesmo sem perceber, e, no fim das contas, foi muito benéfico para nós. Passamos a ouvir mais ainda este tipo de música que é da nossa terra, né? Somos latinos também.
Como foi a produção de Patrick Laplan? E a criação e gravação, como foi?
O Patrick nos ajudou demais a sintetizar e tornar o disco mais objetivo. Apesar de trabalhar de uma forma muito desapegada a conceitos como “o que é pop”, etc, ele tornou o disco mais direto e mais impactante, pelo menos na nossa concepção. Sem ele, as coisas não sairiam da mesma forma. Acho que isso se estende à gravação. Ele nos puxou e foi colocando no caminho, quase como um técnico de futebol. Não é à toa que chamamos ele de inúmeros técnicos reconhecidos durante o processo de gravação.
A criação foi um processo longo e demorado. Durante a mesma existiram atritos de direção musical, também houve o rompimento com o nosso primeiro guitarrista (sem brigas, é claro), chegamos até o Henrique, gravamos uma outra música que acabou sendo a nossa música mais conhecida, que foi When It Goes Wrong. Então, foi um recomeço “de novo”. Pudemos experimentar muito.
Fale mais sobre o disco.
Acho que não tem muito mais o que falar. Estamos bem satisfeitos com ele. Pudemos trabalhar com pessoas incríveis como o Patrick, o Jorge Guerreiro, o Leo Ribeiro e o Raphael Dieguez da Toca do Bandido, o Pedro Garcia, tivemos a máster do Chris Hanzsek.