Não dá pra fingir. É claro que o som da banda Meu Funeral é uma bela arte de rock, Punk e HardCore, e ainda por cima, em alto astral. Isso tudo se mostra no EP que leva o nome de DEMO, e que trabalha com 7 faixas. Na pegada dos Ramones, e do HC melódico dos anos 1990, as músicas do EP são curtas, e segundo os próprios integrantes, isso se dá para que o ouvinte fique com o “gostinho de quero mais”.
Para dar uma pequena variada, DEMO também tem sua fase reggae. O EP é um lançamento do Morcego Records.
Abaixo, você verá na íntegra uma entrevista que fizemos com Lucas, o vocalista da banda.
Para ouvir as músicas completas, clique no botão verde no quadro abaixo.
Vocês se intitulam Punk e HardCore. Gostaria que falassem um pouco sobre esses ritmos no EP.
Desde quando meu primo me deu uma fita K7 do Smash do Offspring quando eu tinha uns 7 anos, eu comecei a ouvir punk rock e fui pesquisando. Já tive muitas fases, escuto de tudo um pouco, mas o punk e o hard core sempre estiveram muito presentes na minha vida, então foi muito natural compor dentro dessa linguagem.
Como vocês vem o cenário do rock no Brasil atualmente?
Tem muita coisa boa rolando. Mas MUITA MESMO! Não estamos no mainstrem, mas talvez o rock esteja no lugar do qual talvez nunca devesse ter saído, ou no lugar onde sempre esteve. As pessoas que reclamam do cenário são pessoas que de um modo geral tem preguiça de procurar ou estão buscando um novo Led Zeppelin, aí fica mais impossível de achar. Se nem o Robert Plant aguenta mais tocar Led Zeppelin, por que ficar batendo nessa tecla? Como diz o Medulla: “Vem cá ver que o novo é bom”.
As músicas de vocês são relativamente curtas, não é? Isso continua no EP?
Rapaz… Tirando PUNKOXINHA que é nossa maior música, com pouco menos de 3 minutos, nenhuma passa de 2 minutos. É tiro curto mesmo! O EP tem 7 músicas e 12 minutos, mas a onda é essa. Gosto desse gostinho de quero mais que as músicas curtas deixam. Se quiser que ela tenha o dobro do tempo é só botar no repeat.
E o que vocês querem dizer quando falam que o som de vocês é “papo reto”?
É essa linguagem do punk mesmo. Sem poetizar muito. A ideia é passar uma mensagem sincera e direta e se não gostar foda-se, tá de boa.
Além do rock, vocês têm outra pegada?
Nesse EP tem um ska também. Mas a maioria das músicas tem a pegada bem punk e hard core melódico. Mas acho que ao ouvir outros ritmos, acabamos assimilando algumas ideias de outas vertentes na linguagem do punk e HC.
E as influências da banda? No Brasil e no mundo?
Eu gosto muito de pesquisar música, então acho que de alguma forma isso acaba refletindo de alguma forma, por mais que não seja punk rock. Então tenho curtido muito a galera do rap como Rodrigo Ogi, Don L, Djonga, Baco Exu do Blues. No pop acho Pabllo Vittar foda de mais e o último da Lady Gaga é um absurdo tb. Dentro do rock tenho escutado muito Aloha Haole (de Teresina), Surra (de Santos), o disco novo do El Efecto tá um brabíssimo também! Stereophant, Ventre… Mas acho que os clássicos do punk (ou não tão clássicos assim) que escuto há anos acabam tendo uma importância muito grande como NOFX, Bad Religion, Dead Fish, Mukeka di Rato, Merda, Pense, Zander, Bomb The Music Indunstry, Pennywise etc
Como funciona o processo criativo das músicas no EP novo?
Geralmente eu chego com uma ideia pronta e a gente vai desenvolvendo junto no estúdio e criando em cima.
Tem alguma história ou curiosidade interessante que envolva o EP o ou o som de vocês?
Confesso que demorei pra responder essa pergunta. Pensei bastante… Curiosidade em si não sei, mas acho que o disco tem muito dos encontros que a vida proporciona mesmo. Um dos primeiros shows de punk e hard core que fui foi do Carbona, dei meu primeiro stage dive no show deles e hoje lançar o EP pelo selo do Henrique, por exemplo, é meio doido na minha cabeça, por mais babaca que isso soe. Outra coisa também é que essas músicas foram compostas num espaço muito curto de tempo, quando eu tinha acabado de fechar um albergue e me liguei que estava afastado da música e isso tava me fazendo falta, então as músicas surgiram de forma bem rápida, crua e natural. Essa volta pra música não só me aproximou de pessoas queridas, como pude ver como as parcerias são fundamentais no processo criativo como um todo. Desde o Felipe Vellozo (baixista da Mahmundi e Séculos Apaixonados) que abriu o estúdio pra eu gravar o que vieram a ser as prés do EP, como Eduardo Magliano, que gravou as baterias antes mesmo da banda existir e Rodrigo Martins (Banda Tereza) que mixou as prés. Depois a Patrícia Lindoso fez um trampo incrível com a identidade visual da banda, filmagens, fotos, logo… O artista plástico Pedro Varela (inclusive o tal primo que me deu o K7 do Offspring) cedeu algumas artes pra usarmos, a Camila Padilha que tirou nossa nova foto de divulgação, Renan Carriço (Facção Caipira) que mixou o EP e Matheus Gomes que masterizou… E obviamente o Jan (que fez um trabalho sensacional na produção e timbragem… Foi dos primeiros a comprar o bagulho e fez toda a diferença, não só nas timbragens, mas dando uns pitacos fundamentais nas composições), o Jorell (que tá destruindo na bateria) e mais recentemente o Peep, que formam a banda junto comigo.
O Victor Bauer fala sobre essa questão dos encontros e da amizade no emocionante agradecimento do disco do Xóõ, e acho que o grande lance da música e da arte são esses encontros, que viram parcerias e que fazem as coisas rolarem.
Fiquem à vontade para falarem o que quiserem.
Queria agradecer a vocês pelo interesse em divulgar o Meu Funeral. Quinta-feira que vem (26/04) a gente toca no Centro de Artes UFF com os maravilhosos El Efecto lançando seu maravilhoso “Memórias do Fogo” (que disco!).
Jovens, escutem o Meu Funeral e mostrem pros seus amigos! Mesmo se eles forem reaça.