Em seu álbum de estreia, a cantora e compositora Clara Castro gravou 11 faixas (autorais e com parceiros) que mostram um lado diferente, um som diferente.
Produzido por Rodrigo Campello e lançado pelo selo NOMAD, o trabalho também traz uma nova visão sobre “UM TREM PARA AS ESTRELAS”, de Gilberto Gil e Cazuza.
Não dá pra definir a poesia e a musicalidade do álbum, intitulado “CAOSTROFOBIA”. Mas a qualidade está estampada na voz da cantora de 23 anos e formada pela Bituca – Universidade de Música Popular, em Barbacena, e também em toda a produção dos instrumentos.
A seguir, você confere uma entrevista que fizemos com Clara.
Este é seu primeiro álbum, apesar de já ter lançado singles/clipes. Como está sendo essa experiência para você?
Tem sido uma experiência incrível. Tanto o processo de gravação quanto a resposta do público em relação ao álbum me trouxeram ainda mais certeza da potência da arte enquanto forma de me posicionar no mundo. Tudo isso me possibilitou – e tem possibilitado – um amadurecimento enquanto artista e enquanto ser humano.
O que pretende passar ao público com o álbum?
“CAOSTROFOBIA” traz composições de diversas fases da minha vida, além de interpretações que dizem muito sobre o que se passa dentro de mim. A palavra poética tem uma importância forte nesse sentido. O álbum é feito de momentos diversos e as canções escancaram meu interior. Acho que a grande mensagem é essa. A gente não pode ter medo de se mostrar por inteiro. E o caos – que vive dentro de todo mundo – é de extrema importância pra que a gente consiga se abrir, criar e reinventar a nós mesmos.
Algumas músicas como “UM TREM PARA AS ESTRELAS”, são de outros compositores. Como foi a escolha do repertório?
Já tínhamos 9 faixas gravadas quando decidimos que gravaríamos mais duas, sendo uma delas uma releitura. Fomos pra casa com a missão de pensar qual seria essa canção. Curiosamente, no dia seguinte, enquanto eu caminhava pela Lagoa Rodrigo de Freitas ouvindo uma playlist de músicas aleatórias, “Um trem para as estrelas” começou a tocar. A imagem do Cristo Redentor estava bem na minha frente e aquela poesia me tocou de forma profunda, já que nesse meio tempo estávamos entre idas e vindas do Rio. Senti como se o Cazuza estivesse me soprando as exatas palavras que eu queria dizer sobre esse momento que estamos vivendo. Esse impacto que sentimos com a atemporalidade da canção foi o que nos levou à escolha.
E no caso de composições próprias, como foi esse processo?
No processo de pré produção, eu, Rodrigo Campello (produtor musical do disco) e Nathan Itaborahy (compositor de algumas das faixas), tínhamos uma lista com 23 canções autorais. Cada um de nós fez uma lista com suas preferidas. As que estavam em todas as listas foram as primeiras escolhidas. A partir daí começamos a pensar no conceito do álbum. Debatemos sobre quais músicas caberiam nesse conceito, até chegarmos a uma comunhão de ideias sobre a sonoridade que gostaríamos de chegar e a mensagem que gostaríamos de passar.
Há alguma “canção protagonista” no álbum para você?
Acho que “CAOSTROFOBIA” fala um pouco sobre o processo que envolve todas as canções e, de certa forma, resume o álbum. Quanto à minha faixa preferida, todos os dias mudo de ideia. Tem músicas mais antigas pelas quais me (re)apaixono de vez em quando. Exatamente agora, a que mais tenho gostado de cantar é “INVERNO ASTRAL”, de Nathan Itaborahy e Douglas Poerner.
Você poderia nos passar uma definição do que seria o álbum na sua visão enquanto artista?
Pra mim, “CAOSTROFOBIA” é possibilidade: possibilidade de me perceber de fora, de me reconhecer, reinterpretar e reviver cada palavra contida ali. Possibilidade de tocar outras pessoas com momentos e olhares tão particulares. Possibilidade de fazer com que a Clara de agora permaneça, de alguma forma, nesse mundo tão efêmero.
O que significa o nome do álbum “CAOSTROFOBIA”? Tem algum conceito?
Antes de criar, quase sempre enfrentamos um caos interior que nos faz querer dizer alguma coisa. Ao mesmo tempo, a vida acontecendo do lado de fora reforça tudo isso que está preso dentro de nós. Quando nos parece que chegamos ao limite, quando já não cabemos mais no nosso interior, esse caos acaba desaguando em canção, em criação.
Tem alguma história ou curiosidade interessante que envolva o álbum?
A faixa “SOBE O SOL” foi o começo de tudo. Ela foi gravada em Nova Iorque, onde eu estava fazendo um curso de atuação para cinema. Gravamos com Eber Pinheiro em um estúdio no Brooklyn. A produção musical foi de Alexandre Vaz. Essa foi uma das grandes experiências da minha vida. Além de tudo, essa música ganhou um clipe dirigido por Danilo Lima e Natália Castro, que acabou se tornando um lindo registro dos tantos lugares que passei durante meu tempo nessa cidade incrível. A partir daí surgiu a parceria com a Nomad Produções, que me apresentou tanto ao Eber, quanto ao Rodrigo Campello quando decidimos gravar o álbum completo no Rio de Janeiro.