(Capa do álbum)
Respeitar a essência das canções, mas surpreender todo mundo é uma das características do segundo álbum da cantora e compositora Rachell Luz. O trabalho cujo nome é “Ao Nordeste do Meu Coração” é um disco com músicas de mestres nordestinos, como Nando Cordel, Fagner, Lenine, Zeca Baleiro e Zé Ramalho. O resultado? uma agradável aventura pelos clássicos da música brasileira.
“É muito importante como tudo foi se encaixando pra mim neste trabalho. Ter a participação do Zeca é uma realização profissional e pessoal, ele é um grande poeta e uma grande influência na minha carreira. ‘Flor da pele’ é uma música que eu gostaria de ter escrito, tem aquele sentimento de eternidade no coração, de ser atemporal. Estou muito contente.”, comemora Rachell.
O álbum, que tem produção musical do respeitado Marco Camargo, surgiu da infância de Rachell, que sempre ouvia seus pais ouvindo essas obras.
“Ao Nordeste do Meu Coração” foi gravado por Tuco Marcondes (violões, guitarras, mandolim e arranjos), Fernando Nunes (baixo), Adriano Magoo (teclados), Pedro Cunha (sanfona) e Kuki Stolarski (bateria e percussão).
Primeiramente, parabéns pelo trabalho! Quero saber como foi a escolha do repertório. Deve ser tão difícil escolher umas no meio de tantas beldades brasileiras.
A escolha das músicas foi muito natural, por ser um passeio pelas canções que eu escutava com a minha família ainda criança. Sem dúvida ficaram muitas canções de fora. O Brasil e o nordeste têm uma riqueza musical muito grande. Ainda assim, acredito que os clássicos que escolhi para o disco representam bem a minha memória afetiva e contam um pouco da minha história. Aliás, contam a história de muita gente, pude perceber isso depois do lançamento do disco.
Não é só sua voz que dá uma nova cara às canções que estão presentes no álbum, mas também a questão dos arranjos. Nesse sentido, como foi o processo de produção do trabalho?
Depois de trabalharmos no repertório e no conceito do disco o meu produtor, Marco Camargo, me apresentou o Tuco Marcondes, que arranjou o disco e tocou violões, guitarras e bandolim. O Tuco e o Marco já eram amigos de longa data e o Tuco tem a linguagem e a sonoridade perfeita que estávamos buscando: acústica, jovem, leve, que respeitasse a integridade das canções, mas que fosse fresca aos ouvidos. Conversamos muito sobre o que as músicas significavam pra mim e o Tuco, além de ter muita vivência profissional com essas canções, captou bem a minha essência. Fiquei muito feliz e a vontade com os dois, o processo acabou sendo muito leve e certeiro. É muito bom quando as coisas fluem assim.
Ainda nessa pergunta, até que ponto você quis “te imprimir” nessas releituras?
Acho que quando o artista tenta “se imprimir” demais acaba ficando uma coisa forçada, meio over e sem sentimento. É importante pra mim respeitar as melodias que os meus ídolos escreveram e procurar deixar que a minha impressão aconteça através do significado que cada canção tem pra mim e da conexão com esse sentimento. O projeto por si só já uma impressão da minha história. Como intérprete eu procuro sempre dizer que se a canção não te transborda, não tem porque interpretá-la.
Qual sua relação pessoal com as músicas de “Ao Nordeste do Meu Coração”?
Meus pais sempre tiveram paixão por Fagner, Zé Ramalho, Elba Ramalho e Dominguinhos, tocavam muito no rádio de casa. Cresci escutando algumas das canções em viagens de família e domingos. Outras escutei um pouco mais velha, me acompanharam e emocionaram em momentos variados. Pra mim são canções atemporais.
Para você, como foi a experiência de gravar com Zeca Baleiro?
O Zeca Baleiro, o Marco Camargo e o Tuco Marcondes também são amigos e trabalharam juntos muitas vezes. Convidamos e ele topou! Fiquei contente demais. Sei que o Zeca não toparia se ele não tivesse acreditado no projeto, o que me deixou muito confiante. Foi uma experiência descontraída, natural, de alegria e luz. O Zeca é uma pessoa tranquila e divertida. É uma referência de artista independente pra mim e só posso agradecer de poder contar com o carinho dele.
Você chegou a apresentar essas releituras aos compositores, como no caso de “Chão de Giz” para Zé Ramalho? Se sim, qual foi a reação deles?
É uma responsabilidade grande trabalhar canções consagradas e saber que vai chegar no ouvido dos compositores. Por isso fizemos tudo com muito respeito e procurando inovar sem tocar na integridade das canções.
Acho que com o Zeca Baleiro pude perceber mais essa reação espontânea, pois estávamos todos juntos no estúdio quando ele escutou a nossa versão pela primeira vez. Foi lindo! É uma satisfação e realização poder ver o trabalho de intérprete, produtor e arranjador chegar no compositor. É uma sensação gostosa, tipo “voltar pra casa”.
O Nando Cordel me incentivou bastante também, ele me mandou uma linda mensagem dizendo que estava feliz com a nossa gravação.
Espero viver isso um dia como compositora também.
Você tem alguma(s) história(s) ou curiosidade(s) para nos contar?
No processo de gravação da demo de “Se Eu Quiser Falar Com Deus”, eu estava revezando com a minha mãe as dormidas no hospital para cuidar do meu pai que estava internado. Eu saia para almoçar e subia no telhado do hospital para cantar repetidamente essa música e não incomodar os outros pacientes. Acho que meu pai nem sabe dessa história. Eu estava tão tocada e conectada com essa música que nunca quis colocar a “voz oficial”. A voz que ficou na versão de lançamento é a voz da demo mesmo.
Antes disso tudo a canção me acompanhou bastante em 2017 também, durante o meu tratamento de Câncer na Tireóide.
Fique à vontade para falar algo que eu não perguntei e que você gostaria de ter dito.
Oba, GratiLuz! Vou aproveitar para contar que faço shows com Zeca Baleiro no Teatro Firjan SESI Jacarepaguá no Rio de Janeiro (29/05), no Teatro Castro Alves em Salvador (31/05) e no Palácio das Artes em Belo Horizonte (29/06).
Também me apresento no dia dos namorados (12/06), no Blue Note com um repertório bem romântico de músicas da Marisa Monte. Nesse show conto com Jeff Pina (violões) Guga Machado (percussão) e com a participação especial de Pretinho da Serrinha.