5 de dezembro de 2024
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[ENTREVISTA] Jô Estrada lança “Silver Tapes” com a guitarra como estrela

(Capa do álbum)

Entre os anos 90 e 2000, Jô Estrada foi o guitarrista na vida de muitas bandas. Agora, o baiano, também cantor, compartilha seu primeiro álbum solo de carreira. Com o nome “Silver Tapes”, o músico apresenta dez canções autorais e inéditas, todas produzidas e gravadas por ele de forma independente, tendo a guitarra como a grande estrela.

“Silver Tapes” é considerado, pelo próprio artista, como puro “Rock ‘n’ Roll”, teve forte inspiração do melhor do rock inglês, e traz influências que vão desde os Beatles até o Oasis.

Este álbum você confere nas plataformas digitais de música e no Youtube. O disco também está disponível na versão física.

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Matheus Luzi – Jô, obrigado por topar essa entrevista. A primeira pergunta que faço: você fez parte de muitos projetos musicais, e agora está lançando sua carreira solo. O que você pode dizer sobre tudo isso?

Jô Estrada – Eu que agradeço, Matheus!!!  

Gravar como artista solo foi tranquilo para mim pois acredito que todo artista que cria suas próprias canções deve experimentar estar no comando total, arcando até com os erros.  Trabalhar em conjunto ou como músico contratado é muito bom, mas me sinto bem confortável numa carreira solo.

Matheus Luzi – O álbum foi produzido e gravado por você. Isso é incrível!

Jô Estrada – A produção e a gravação foram desafios maravilhosos. Em vários momentos tive que imaginar ser outra pessoa para poder avaliar como expectador.  Em outros momentos, como na hora de gravar os baixos, imaginei que eu era o Paul McCartney, num delírio megalomaníaco delicioso.

Fiquei doido, eufórico, inseguro, feliz, mas sempre procurando me divertir no processo. Não vejo a hora de gravar outro disco.

Matheus Luzi – As faixas do álbum são todas com letras em inglês. Você poderia passar, para nós, uma resumida na tradução do que diz as músicas em geral?

Jô Estrada – Eu adoro letras diretas, mas que tenham uma sonoridade legal. Posso escrever sobre meu cotidiano, como em “Rest between lions”, ou apenas brincar com as palavras, como em “River Raid”, mesmo aparentando não fazer sentido. Cada pessoa pode interpretar como quiser, prefiro pensar assim. “Beautiful High” eu fiz para minha filha caçula, amor de pai, aquela posse que os pais têm com seus bebês. Mas pode ser facilmente interpretada como uma canção romântica. 

Estão em inglês pois meu processo de composição sempre foi assim: as melodias vêm até minha mente no que eu chamo de “aramaico-britânico’’ e depois adapto para português. Como diria a poetiza: ´´um belo dia resolvi mudar…“ e gostei do resultado em inglês. Mas posso escrever em português também. Sem regras. Soando bem vou adiante. Basicamente são canções de amor autobiográficas que estão livres para identificações e interpretações de quem chegar. O amor é a resposta, amor por guitarras distorcidas, refrões grudentos e tudo mais. E o rock é a salvação!!!

“Estão em inglês pois meu processo de composição sempre foi assim: as melodias vêm até minha mente no que eu chamo de “aramaico-britânico’’ e depois adapto para português.”

Matheus Luzi – Qual das faixas desse disco que você considera a mais forte para você, a “estrela” do disco? Ou não tem?

Jô Estrada – “Beautiful High” e “Living in the Sunshine” são as primeiras na ordem do disco, exatamente por isso.  Mas toda semana eu mudo sobre a minha preferida.   Gosto muito do formato álbum, uma coleção de canções. E se possível, arrumadas numa ordem que faça sentido, ou que traga sensações de uma música para outra.

Matheus Luzi – Quais são as influências musicais deste álbum? E o que você acredita ter trazido de “novo” com as músicas?

Jô Estrada – Eu sou músico por causa dos Beatles. Essa é a base de tudo. John e Paul são os mestres do universo da canção pop.  David Bowie e todo brit-pop dos anos 60 e 90 estão no DNA do disco. O “novo” está na mistura maluca, mas totalmente natural, que eu gosto e faço questão de praticar; amo tanto o Yngwie Malmsteen (aquele guitarrista virtuoso das milhões de notas por compasso) quanto o Kevin Shields, do My Bloody Valentine. Amo tanto Tom Jobim quanto Gene Simmons, do Kiss.  

Matheus Luzi – Em questão de produção musical, o que você diz sobre o instrumental de “Silver Tapes”?

Jô Estrada – Chamei o disco de Silver Tapes pois faço muitas colagens digitais, com loops, guitarras em reverse e muitos efeitos. E uma silver-tape serve para colar quase tudo, até chaparia de carro….

É um disco de guitarras. Muitos solos e muitas camadas de guitarras.  Usei muitos pedais de efeito, os sons de teclado são todos feitos com guitarra, uma ‘’farra dos pedais’’

“O amor é a resposta, amor por guitarras distorcidas, refrões grudentos e tudo mais.   E o rock é a salvação!!!”

Matheus Luzi – Você tem alguma(s) história(s) ou curiosidade(s) para nos contar referente a esse trabalho?

Jô Estrada – A música que fecha o disco, “Mother Mermaid” fala sobre a mãe sereia, sobre pedir a ela que proteja meus filhos. E quando estava gravando os vocais, minha filha caçula, Lia, entrava o tempo todo no estúdio. Numas dessas visitas, eu pedi a ela para cantar qualquer coisa, só para registrar. Ela começou a rir, brincar e cantou o refrão de “Beautiful High”. Mas sem ouvir a música ao fundo, sem ter referência de tom. Dei uma pausa para levar ela na escola e quando voltei para terminar o vocal de “Mother Mermaid”, percebi que Lia tinha cantado o refrão de “Beautiful High” num outro tom, que era exatamente o tom de “Mother Mermaid”. Mágica pura!!!  Minha Beautiful High de quatros anos ligou o fim do disco ao início. 

Matheus Luzi – Sinta-se à vontade para falar algo que eu não perguntei e que você gostaria de ter dito.

Jô Estrada – Eu quero falar sobre a mixagem e masterização que meu grande amigo e mestre Jedi, André T. fez. O som do disco depois do trabalho primoroso dele ficou incrível. André fez masterizações diferentes para cada veículo. A do Spotify é diferente da que foi para o CD físico. Tudo muito bem calculado para sempre soar grande e agradável em qualquer tipo som. O cara tem o ouvido de ouro, talento “retado” (como se diz aqui na Bahia) e o coração cheio de bom gosto.  

“Eu sou músico por causa dos Beatles. Essa é a base de tudo. John e Paul são os mestres do universo da canção pop.”

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.