25 de abril de 2025

[ENTREVISTA] Laura Lavieri faz explosão sonora em novo álbum, quente e expansivo

Créditos: Karin Santa Rosa

 

O título dessa reportagem é tão verídica, que não é preciso muito para perceber. Logo na faixa de entrada do disco, podemos perceber o quanto DESASTRE SOLAR é intenso, explosivo, e muito diferente do que costuma-se ver rodando por aí.

DESASTRE SOLAR é uma expressão intensa de quem é Laura Lavieri, que se entrega ao disco como intérprete e claro, a grande idealizadora do projeto.

Composto por 11 faixas de variados compositores, o álbum tem o sentimento de “descoberta” como o mais evidente, segundo a própria cantora. “Descobrir a mim mesma, descobrir o ofício, trabalho, percurso, o desafio que é fazer um disco. Tornar real e material algo que já foi simplesmente uma sensação”, comenta a intérprete.

 

Abaixo, confira na íntegra uma entrevista que fizemos com Laura Lavieri.

 

Acredito que tem algum conceito bem interessante por trás do nome do álbum, não é? 

A primeira coisa que me movimentou em direção a esse nome, foi a descoberta da etimologia da palavra DESASTRE. É sobre a má estrela, um astro sofre um mau encontro. Algo como um meteoro, um big bang. Bom e ruim: valorações tão humanas. o que é bom ou ruim pra uma estrela? no universo, tudo apenas é. E se de uma grande explosão destrutiva nasce toda a possibilidade de vida de um novo planeta, como poderíamos achar ruim tal movimento? O próprio sol que é a fonte de energia de todo nosso sistema, é um caldeirão de explosões desastrosas. Uma depressão, uma frustração, o fim de um amor, muitas vezes podem ser o começo de uma nova felicidade. Em tudo que há vida, há morte em seu avesso.

 

O álbum contém 11 faixas de diferentes compositores. Como foi fazer essa seleção? O que você levou em conta nesse momento?

Existia o tema, a alegoria central que era o sol. A ideia era que fosse um disco extrovertido, quente, expansivo, explosivo, que firmasse uma identidade. A parte do “desastre” seria contemplada pelas escolhas estéticas (tanto da sonoridade e produção, quanto da parte visual). Então o tema foi um guia central pra todas as decisões, mas as escolhas de repertório essencialmente passam por um crivo muito subjetivo e simples que é se eu posso ou não me apossar da canção, e cantá-la como se fosse minha. 

Pra além disso, foi uma escolha que o disco fosse equilibrado entre versões (a importância de recontar historias, com outras interpretações mas as mesmas histórias que compõe nossa cultura) e inéditas (a importância de exaltar os compositores contemporâneos). Algumas vieram indicadas, outras como presentes. Algumas eu encomendei, outras foram descobertas de pesquisas. 

 

Em release, você diz que o sentimento de “descoberta” é um dos maiores e mais abrangentes do álbum. Comente.

Descobrir limites e definições, dar corpo a um trabalho, uma expressão, entendendo quem eu sou e o que quero expressar agora.  

 

Quais são os outros sentimentos de DESASTRE SOLAR?

O sentimento de me apossar do papel de cantora, interprete, e dos meus sentimentos. Finalmente dar voz às minhas emoções (diferente de dar voz às emoções de artistas que me convidavam, ou das canções do Marcelo). É deixar pra trás um momento mais melancólico e contido, nostálgico. Para encarar o sol, uma nova fase, minha identidade que agora se apresenta mais explosiva … e solar.
tem muito sentimento de libertação, por conta de tanta descoberta e definição.  

 

O quanto tem de “Laura Lavieri intérprete” em DESASTRE SOLAR?

Tudo. É um disco de interprete. 
interpretar não é somente executar a canção em sua estrutura, mas dar voz a ela, imprimir minha identidade e minha leitura na expressão do personagem ou da trama da canção.

E meu papel de interprete não se limita apenas ao cantar. Começa nas escolhas de repertório, na construção do álbum, como um elemento, com uma narrativa completa, e passa por tudo que envolve essa construção: escolha da banda, dos instrumentos, timbres, definição das estéticas, a forma como iriamos gravar, a arte gráfica inteira, etc…

 

 

 

 

Newsletter

Por que Sid teima em não menosprezar o seu título de MC?

Sobre seu primeiro single de 2022, ele disse que “quis trazer outra veia musical, explorar outros lados, brincar com outros.

LEIA MAIS

A luta da mulher e a importância de obras que contribui nessa jornada

Não tem uma receita básica, não nascemos prontas. Aprendemos com a vida. Diariamente temos que lutar para se afirmar. Porque.

LEIA MAIS

Com a IA, o que sobrará da literatura?

Dá para fazer livros razoáveis com Inteligência Artificial. Há casos de autores com centenas de livros já publicados com a.

LEIA MAIS

Muitos artistas querem o mercado; Tetel também o quis, mas na sarjeta encontrou sua liberdade

Tetel Di Babuya — cantora, compositora, violinista e poeta — é um projeto lançado por uma artista do interior de.

LEIA MAIS

Chiquinha Gonzaga: compositora mulher mestiça

A mítica compositora Chiquinha Gonzaga (1847-1935) representa um divisor de águas na história da música brasileira. Nela, convergem 3 marcos.

LEIA MAIS

Sonoridades dos continentes se encontram em “Saudoso Amarais”, disco do artista campinense Leandro Serizo

O projeto solo discográfico do paulista Leandro Serizo se iniciou em 2021, quando o single “Libertas Navy” foi disponibilizado. Aproximadamente.

LEIA MAIS

Gabriel O Pensador, sempre insatisfeito em “Matei o Presidente”

Reportagem escrita por Nathália Pandeló em outubro de 2018 e editada por Matheus Luzi   Há quem diga que o.

LEIA MAIS

CONTO: A ansiedade do vovô na hora que o cometa passou (Gil Silva Freires)

Seo Leonel tinha nascido em 1911, um ano depois da primeira passagem do cometa de Halley neste século vigésimo. Dessa.

LEIA MAIS

Novo pop rock de Jan Thomassen se esbarra na “crise dos 40” 

“Envelhecer consciente de que não há caminho de volta”. É este um dos pensamentos do novo single do cantor e.

LEIA MAIS

BINGO: O REI DAS MANHÃS – Tudo o que você precisa saber!

Lançado em 2017, é o primeiro longa do diretor Daniel Rezende (montador de “Cidade de Deus” (2002), “Tropa de Elite.

LEIA MAIS