O mundo independente na música está no para quem tem força e acredita. Esse é o caso de Vertin, que está lançando o seu segundo álbum, “PÁSSARO SÓ”, um compilado de 12 faixas inéditas, que dialogam um olhar introspectivo sobre o indivíduo em relação ao mundo. Vertin, também é ator de cinema, séries e teatro.
Abaixo, você confere na íntegra uma entrevista que fizemos com o músico a respeito do álbum, e também da sua caminhada em lançar um trabalho independente. Confira logo abaixo do vídeo.
De onde vem essa inspiração para um álbum tão diferente e cheio de influências?
O álbum “PÁSSARO SÓ” está conectado a necessidade de expressar o que vivi, o que senti. Carrego influências em tudo que compõe este disco, em cada verso de cada letra, na sua sonoridade, as cores e capa, na maneira como eu toco e canto. Eu sou pernambucano, região marcada pela resistência e superação de muitos obstáculos, então me coloco num lugar de arte resistente, esta resistência que vem do interior é inspiração. Assim como o sentimento universal do amor, que vem do interior do ser é-me também um motor, uma inspiração para habitar a canção brasileira.
Para você, o que dizem as letras das canções?
Como sou um amante do pensamento filosófico, tento, enquanto compositor, poeta, escritor, tratar de temas “ditos” universais, busco nas letras passar algo sincero e questionamentos que nos impulsionem a buscar nosso autoconhecimento. Sentimentos, experiências subjetivas, a complexidade do nosso pensamento são todos ambientações para o surgimento das minhas letras que falam e são pessoas, lugares e acontecimentos que meus sentidos e intuição captam e os enxergo como cristais diários que me excitam e eu assim canto, toco, interpreto e lanço no ar.
Você produziu o álbum de forma independente. Como você enxerga a realidade dos trabalhos musicais independentes no Brasil e como foi esse processo para você?
Todo trabalhador do Brasil atualmente sofre com escassez de condições de efetuar o próprio trabalho. O artista independente é igual ao trabalhador autônomo, ao ambulante. Tem sua mercadoria ou mão de obra para negociar, mas a desvalorização do trabalhador limita seu desenvolvimento e reflete a precariedade nas produções e profissões. Como falei na pergunta sobre a inspiração, minha arte é de resistência, então quando se trata de mercado independente também seguimos porque temos coragem e amor pelo que fazemos. Eu faço porque se não fizer eu morro, porque é necessário e isso torna a arte independente por si só. E durante a jornada artística a gente vai encontrando amigos que vivem assim, fazendo porque acredita. E é da união destas pessoas que nasce uma produção artística com um grau maior de independência dos recurso e estruturas estatais e privadas. Logicamente que quanto mais recurso para se produzir é sempre bom, mas quando estamos em campo de criação, inventamos os meios de produção, nos adaptamos e assim é que existimos e resistimos.
Você traz algo da carreira de ator para o álbum “PÁSSARO SÓ”?
Como o início da minha carreira artística aconteceu no teatro, o show “PÁSSARO SÓ”, pode se dizer, que é um espetáculo teatral também, porque é roteirizado aos moldes de performance, intervenção. A música dialoga sempre com a luz, o cenário, o figurino. O teatro é um ponto alto e também básico para a concepção do show “PÁSSARO SÓ”, como também da minha postura cênica nos diversos palcos, seja da música, cinema ou o teatro mesmo.
O quanto há de “Pernambuco” no álbum?
Há minha vida e história que é fundada lá, minha família, nossas lutas. Tem Arcoverde – minha cidade natal; há também a cor verde, e tem o Recife e Petrolina, o rio Velho Chico. O povo indígena, o samba de coco, a Estação da Cultura, onde dei meus primeiros passos artísticos…Eita! É tanta história…
Essa pergunta eu vou aproveitar pra citar alguns nomes que há em Pernambuco e que são influências, parceiros, amigos e etc: Zeto, Helton Moura, Lirinha, Isabela Moraes, Chico Science, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Luiz Gonzaga, Izidro, Juliano Holanda, Hugo Schuler, Danilo Goncalves, Rafael Waladares, Almério, Flaira Ferro, Otto, Lenine, Lula Queiroga, Alex Nicolas, Igor de Carvalho, Olívia Fancello, entre outros. Eu carrego eles e o ar e mais um “tantin”, isso só falando de Pernambuco.
O que você pretende passar com o álbum?
A paz, primeiramente. Que dali o ouvinte possa se reinventar e quando ouvir o passarinho sentir-se no conforto da existência, da criação divina, da natureza. E o amor, sempre o amor.
Tem alguma história ou curiosidade interessante que queira nos contar?
Todo mundo sempre me pergunta de onde vem esse nome “Vertin”, vou contar oficialmente pela primeira vez: Me chamo Hewerton no batismo de minha mãe, mas o pai dela, seu José Laurindo, meu avô, pela minha vaga memória, nunca se habituou a pronunciar este nome “Hewerton” e sempre dizia “E..bertin” “é…vertin” até que virei Vertin desde criança, na boca da família e amigos de infância, e sou Vertin, e quando não me chamam Vertin, estranho mesmo.