5 de dezembro de 2024
Música

Flamengo além do futebol – Edu Kneip transforma jogos históricos do time em canção

(Foto de Edu Kneip)

 

Enquanto alguns fanáticos brigam por causa de futebol, o músico flamenguista Edu Kneip resolveu transformar seu amor pelo Flamengo em música, com o projeto “Vencer, vencer, vencer”, que engloba faixas que contam histórias de jogos marcantes da trajetória do Rubo Negro. Essa ideia de fazer arte em cima do Flamengo surgiu ainda criança, quando Edu brincava de desenhar os gols do time, aos 9 anos de idade.

Mais adiante, o músico teve a ideia de fazer canção sobre o Flamengo. Tudo começou quando Edu ia à shows no tradicional bar “Carioca da Gema”, no Bairro da Lapa. “Eu estava assistindo a noite de samba quando o grupo que estava tocando anunciou uma canja: era Leovegildo Lins Gama Junior, o lendário Junior Capacete, craque da lateral esquerda daquele time mágico. Parecia que eu estava diante do batman, um desses heróis míticos da infância”, comentou ele que presenciou Júnior cantando “O poder da criação”, do João Nogueira e do Paulo Cesar Pinheiro, e o “Samba Rubro Negro”, do Wilsom Batista. No mesmo dia, Edu chegou em sua casa e inspirado, compôs uma canção sobre o Flamengo que recebeu o nome de “Manto Sagrado”. Logo depois veio a ideia das crônicas musicais de cada jogo.

Essa história não poderia passar em branco, e por isso, entrevistamos Edu. Ele falou tudo sobre o projeto. Veja:

 

Em release, você disse estar preocupado em ver que não há nenhum cuidado por parte do Flamengo em restaurar e digitalizar as imagens daquele período. Na sua opinião, o projeto “Vencer, vencer, vencer”, faz um resgate histórico do Flamengo? Se sim, como acontece esse resgate?

A ideia, de fato, é contribuir pra isso sim. Acho que um clube como o Flamengo, de tantas tradições, precisa de um museu com fartas informações em todo tipo possível de suporte. Trabalhei no museu villa-lobos, nosso principal compositor, por 13 anos e aprendi um bocado sobre a manutenção da memória de personagens importantes como ele. O Flamengo precisa ter em seu acervo, por exemplo, todas as imagens, vídeos e áudios possíveis daquele período. E nem é tão difícil, já que o time foi montado numa época em que a televisão colorida já estava solidificada, já havia vídeo tape. Acho que o sujeito que vai visitar o clube tem que chegar lá e encontrar por exemplo uma edição em dvd ou bluray, com imagens restauradas, reportagens de vestiário, entrevistas, etc, da grande decisão do brasileiro de 1980, Flamengo 3 x 2 Atletic Mg. Assim como de todos os grandes jogos desse período. Essas imagens precisam estar em alguma plataforma visual do clube também. As narrações de rádio de Jorge Curi, o maior narrador esportivo de todos do Rio de Janeiro, talvez do Brasil. e flamenguista doente.

 

(Foto de Edu Kneip)

 

Você acha que o público flamenguista vai aprovar o projeto? Essa é a intenção ou tem outro objetivo por trás deste novo trabalho?

Olha, o projeto está acontecendo todo de coração. É a paixão pelo Flamengo que me move e que move os envolvidos: Josimar Carneiro – arranjos e produção musical; Gabriel Geszti – teclados; Matiias Correia – baixo; Carlos Cesar – bateria; Naífe Simões – percussão; Mariana Zwarg – flauta; Aline Gonçalves – clarinete.

Não sei qual será a receptividade da torcida de uma maneira geral. Acho que é um projeto muito interessante para o meio musical, jornalistas culturais e especialmente esportivos. É um projeto que traz algo novo, abordando um tema ainda pouco usual em nossa música, e de maneira inédita fazendo crônicas ricas em detalhes sobre esses jogos fantásticos do Flamengo.

 

Você mencionou várias músicas criadas a partir de jogos históricos do Flamengo. Como foi o processo de composição? Você teve que pesquisar os jogos ou era algo que já estava gravado em você?

Muito dos jogos eu me lembro. Como disse, são coisas que me marcaram muito profundamente, principalmente por terem acontecido justamente durante a infância. Mas, claro, na hora de compor as canções, fui assistir os jogos pra ter mais certeza de como foi o andamento de cada partida. Tem muita história dentro do futebol. Coincidências fantásticas, histórias de superação, dramas, heroísmo, união. O universo do futebol é bem mais profundo do que parece e do que se fala. Mesmo hoje em dia.

 

Em trabalhos anteriores, você já usou o Flamengo como ponto de partida para a criação, que foi dividida também com outros compositores…

Uma ou outra citação. Mas eu tinha medo de não fazer esse link de forma satisfatória. Achava que Jorge Ben já tinha feito isso tão brilhantemente que não deveria tentar. Mas acho que, a minha maneira, achei algo diferente pra trabalhar. E esse foi um ponto importante, pois acho que o compositor, o artista de uma maneira geral, precisa buscar algo diferente, que ainda não foi dito, não foi falado ou cantado.

 

Foi muito inesperado você falar do Flamengo, abordando a história de jogos do clube. Como teve essa ideia?

Acho que todos aqueles jogadores, os jogos, as jogadas, tudo precisa ser melhor registrado. Aquilo tudo foi um acontecimento antológico e clássico. Um jogo como Flamengo 3 x 2 Atlético Mg é como o filme “Casablanca”, ou “a Doce vida”. Algo a ser relembrado e celebrado. Uma obra prima. E eu sou um compositor. O que fiz foi encontrar a minha maneira de registrar isso tudo. Temos que tentar. Foi uma tentativa, e acho que foi bem sucedida.

 

Afinal, qual a mensagem que o projeto “Vencer, vencer, vencer” crava aos amantes do futebol e à todos os brasileiros?

Acho que a mensagem é a de viver intensamente o futebol de seu clube. Procurar acompanhar o time, vibrar muito quando sentir que se formou um grupo de jogadores de talento. Vivemos uma época em que tudo é exagerado, nos eventos de massa, o talento é valorizado ao extremo, a visibilidade. É muito dinheiro envolvido. E os clubes brasileiros tem dificuldades em manter seus jogadores de destaque, o que é um problema. Quando se monta um grande time, não dura mais de dois anos no máximo. Aquele Flamengo durou 5 anos. Poderia ter durado muito mais se fosse alguns anos antes. a saída de Zico logo depois do título brasileiro de 1983 quebrou a corrente. Mas a mística continua, mesmo com a falta do maracanã, mesmo com os jogadores extra série não ficando aqui. O amor à camisa é eterno.

 

 

 

 

 

administrator
Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.