Foto de Rodrigo de Freitas / divulgação.
O cantor e compositor carioca Paulo Beto faz do seu segundo disco, “Uniram-se”, previsto para chegar ao mundo em breve, um pedaço de críticas intensas. O primeiro gostinho desse trabalho é “Isso Não É Brasil”, canção que questiona a ainda atual exploração internacional, mesmo que bastante camuflada.
É nesse cenário temático pouco explorado por artistas brasileiros que o músico fluminense ataca a nossa própria falta de consciência em relação a esses processos de colonização. “Isso Não É Brasil” segue a retórica linguística, mas também dá todo seu apoio a resistência dos povos originários do nosso continente e as expressões culturais como o carnaval, as religiões indígenas e afro-brasileiras, e também as línguas como a Tupi.
“Exaltamos – por influência espirito-semântico-linguística – a latinidade como uma definidora e potente característica que nos diferenciaria positivamente, como algo que nos orgulhamos de ser, sem perceber que assim, estamos, enquanto colonizados exaltando os colonizadores, e pior, querendo nos vestir com seus atributos. ‘Isso não é Brasil’ suscita o problema da linguagem, tanto no que tange a sua incapacidade de dimensionar a natureza dos fenômenos como em sua instrumentalização a forjar e fazer prevalecer a narrativa dos vencedores”, explicou Paulo a respeito do termo “latino-americano”.
“A língua que criamos nos cria, e desta maneira, vamos sendo lapidados a nos adequar a ela, a caber naquilo que cabe nela. Meditar acerca deste paradigma, apontando pra uma prevalência da expressão íntima de nossa natureza, como o canto, a dança, a música, sobre as tentativas da linguagem de algemar o espírito, de ludibriar o ser, impedindo-o de realizar-se. Por mais que a Civilização Ocidental logre exterminar a essência do ser, ela permanece, nos povos originários, no DNA, no toque do atabaque, nos ícaros sagrados”, completa ele.
FICHA TÉCNICA
Voz: Paulo Beto
Guitarras: Augusto Feres
Trombone: Flavin Raggaman
Samples, Synths, Beats e Guitarra: Gilber T
Saxofones Barítono e Tenor: Lincoln Marques
Baixo (Up right): PH Rocha
Congas, Chocalho, Caxixi, Talking Drum, Repique, Surdo, Caixa, ruídos e efeitos: Reppolho
Direção Musical: Paulo Beto
Produção Musical e Mixagem : Augusto Feres
Co-Produção Musical: Gilber T
Masterização: Pedra Garcia
Coordenação de Produção: Catarina Dall’orto
Fotografia e Direção Criativa: Rodrigo de Freitas
Mídias Digitais: Milla Ramos
Assessoria de Imprensa: Build Media
Distribuição: MusicPro
Realização: Transbordo Produções
Este projeto foi viabilizado pelo Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro através da Lei Aldir Blanc.