11 de setembro de 2024
Clipe Entrevista Música

Cantora andradinense Letícia Esteves foge dos clichês no clipe “Até em Planeta”

(Frame do vídeo / Divulgação).

Nascida em Andradina, pequena cidade do interior paulista, a jovem cantora e compositora Letícia Esteves é daquelas artistas que da falta de inspiração encontra a própria inspiração. Dessa forma, nasceu “Até em Planeta”, canção que ela apresentou em clipe no Youtube há pouco tempo.

Escrita em janeiro deste ano, a música sucedeu o lançamento de “BIÁS”, EP que Letícia jogou no mundo, mas que transbordou tanto que, aparentemente, sua criatividade havia sido bloqueada. No entanto, em uma conversa inspiradora e motivacional com um amigo (Zé), veio a sugestão de que ela poderia usar a própria ausência de tema como norte.

Como ela havia dito muito sobre uma única pessoa no EP de estreia, seu amigo então disse: “Por que não escreve sobre essa indecisão? Você tá indecisa sobre o que escrever, então fale sobre isso na música. Sobre ter tanta coisa boa pra falar de alguém, que você chega a ficar perdida e não sabe o que falar.’’ Assim, os primeiros versos foram ganhando vida ao lado deste mesmo amigo, e a melodia vinha em alta velocidade logo em seguida.

ASSISTA “ATÉ EM PLANETA”

“A canção fala sobre indecisão. Quando você tem tanta coisa boa pra falar de alguém, que não sabe por onde começar. Já o nome da música ou até mesmo a parte da letra ‘’teu nome tem até em planeta’’. Eu fiz pensando na pessoa na qual dediquei a música. Na realidade a pessoa que me inspirou a fazer essa música, tem o mesmo nome de um satélite natural de Urano. Foi aí que surgiu esse nome e essa parte da letra.”, explicou Letícia.

Produzida por Junior Abreu e com audiovisual dirigido por Asaph Guedes, a música é um aperitivo das próximas novidades da artista.

Matheus Luzi – “Até em Planeta” é uma demonstração de que os artistas vêm inspiração em tudo!

Letícia Esteves – Comecei a escrever ‘’Até em Planeta’’, em Janeiro de 2021. Lembro que quando fui escrever a música, não sabia ao certo sobre o que escrever. Até porque em 2020, eu tinha feito várias músicas pro meu ep ‘’BIÁS’’, e isso me deixou com um bloqueio criativo. Eu lembro que estava muito inspirada, mas não conseguia escrever quase nada, a não ser umas frases sem contexto. Nisso, mandei mensagem pra um amigo meu e o convidei para fazer a música comigo. Ele me perguntou qual seria o assunto da música, e eu disse: – “Não sei, queria escrever sobre a mesma pessoa que me inspirou para fazer ‘’BIÁS’’, mas acho que já escrevi tanta coisa sobre ela, que agora to perdida’’. Em seguida, lembro dele me responder: – Por que não escreve sobre essa indecisão? Você tá indecisa sobre o que escrever, então fale sobre isso na música. Sobre ter tanta coisa boa pra falar de alguém, que você chega a ficar perdida e não sabe o que falar. Você fica toda boba…’’

Foi assim que a música começou a ganhar forma. Começamos a escrever juntos, e no mesmo dia a música ficou pronta. “Até em Planeta”, fala sobre indecisão. Quando você tem tanta coisa boa pra falar de alguém, que não sabe por onde começar.  Na realidade, a pessoa que me inspirou a fazer essa música, tem o mesmo nome de um satélite natural de Urano. Foi aí que surgiu o nome da música e a parte da letra ”Teu nome tem até em planeta”.

Matheus Luzi – Apesar da letra estar enquadrada em relacionamentos afetivos, tema comum nas músicas ao redor do mundo, você escreveu versos que fogem dos clichês. Assim, acho legal você nos contar os seus momentos de criação e o quais artistas te influenciaram nesta música e na sua poesia como um todo.

Letícia Esteves – Acredito que o lugar que eu mais tenha feito músicas, tenha sido no meu quarto, não foi diferente com ”Até em Planeta”. Todo o processo de criação se iniciou lá, assim como terminou. Mas, creio que nessa música quem mais me influenciou foi a ‘Mallu Magalhães, Anavitoria e Clarice Falcão.

Matheus Luzi – Musicalmente, você explora a nova MPB. Sobre tal assunto, o que você tem a dizer? Quais são suas referências nesse sentido?

Letícia Esteves – Acho que MPB é o estilo de música que eu mais tenho escutado e o que eu sempre mais gostei. Musicalmente, eu tenho muita influência do Marcelo Camelo, Mallu Magalhães, Anavitoria e Vitor Kley. São os artistas da ”nova mpb”, que eu mais tenho influência, porém tenho tido muita inspiração voltada a outros estilos musicais. Assim como samba, bossa, rock nacional etc.

Matheus Luzi – Você é da mesma cidade que eu, ou seja, de Andradina-SP. É interessante demais você nos contar como é investir na música em uma cidade interiorana como a nossa. Quais os desafios e vantagens, no seu ponto de vista?

Letícia Esteves – Bom, Andradina é uma cidade onde nunca se teve investimento em ”cultura e arte”, até pelo fato da cidade ser pequena, isso acaba influenciando. Então, acredito que um dos maiores desafios, é conseguir conquistar espaço em um lugar onde não se tem investimento pra isso. Apesar disso, conheci e tenho conhecido muitas pessoas que sempre me deram muitas oportunidades e acreditaram em mim, não sei se em uma cidade grande, eu encontraria isso. O fato de morar no interior também tem muito peso quando se trata de compor, pelo menos pra mim.

“[…] não penso tanto no futuro no momento, o que a vida trouxer, eu vou estar feliz.”

Matheus Luzi – Aqui outra pergunta para reflexão: em meio a outros ritmos que prevalecem nos streamings, como o sertanejo e o funk, como é fazer este tipo de música como “Até em Planeta”?

Letícia Esteves – É muito gratificante, porque vejo que acaba sendo ”inovador”, não é ”modinha” nem nada do tipo. Ao mesmo tempo é um pouco arriscado. Muitas das vezes uma música que não tem um conteúdo ”bom” é um hit do momento, porque tem um pessoal que gosta, principalmente jovens. Então, dá medo fazer certo tipo de música, em uma geração que a maioria só tá acostumada a ouvir ”Funk ou sertanejo”.

Matheus Luzi – A gravação do clipe de “Até em Planeta” deve ter sido muito emocionante para você!

Letícia Esteves – Posso afirmar que foi um processo incrível! Quando a música ficou pronta, eu e o Asaph [videomaker], combinamos de gravar o clipe e discutir as ideias. Criei um roteiro tentando representar ao máximo a pessoa no qual me inspirei para fazer a música, tanto em cenas do cotidiano, lugares que me marcaram muito, ou coisas que foram utilizadas pra gravar o clipe. Como por exemplo, um desenho e várias cartas que aparecem ao longo das cenas. Meu amigo, o José, gravou o clipe junto comigo. Nós representamos um casal. Como se eu estivesse cantando lembrando de alguém, e esse alguém fosse ele. Ao longo do clipe dá pra perceber que ele aparece desenhando o mesmo desenho que aparece em outras cenas. Depois, esse desenho aparece em cima de uma mesa com alguns poemas e textos, como se ele tivesse feito aquilo pra mim, e eu tivesse guardado. Ou seja, o universo em que o clipe se passa, é no passado. Sou eu cantando e vagando pelas minhas lembranças, buscando memórias de um relacionamento que acabou.

Cena do clipe.

Matheus Luzi – Até onde você acha que a música irá te levar? O que virá no futuro próximo e distante da carreira de Leticia Esteves?

Letícia Esteves – A música sempre me levou a lugares e me deu oportunidades que eu nunca imaginei ter. Sempre será algo essencial na minha vida. Pretendo fazer outros projetos, lançar novas músicas, novos clipes e fazer parceria com outros artistas. Enfim, não penso tanto no futuro no momento, o que a vida trouxer, eu vou estar feliz.

Matheus Luzi – Há alguma curiosidade ou história que rolou com você no assunto “música” que você queria deixar registrado nesta entrevista?

Letícia Esteves – Eu sempre utilizei a música como forma de me expressar, até porque, acabo sendo tímida pra falar o que eu sinto. A coisa mais ”doida” que eu fiz voltado a música, inclusive é uma curiosidade. Foi fazer o meu EP (álbum) voltado a uma pessoa só, ou seja, todas as músicas que eu fiz foram para uma única pessoa. Isso como forma de me ”declarar”, então tudo acaba tendo um contexto por trás, o nome do EP ”Biás”, as letras das músicas, as capas e enfim. Foi algo muito arriscado, mas necessário pra mim. Eu nunca tive a intenção de fazer um ”EP”, nunca foi algo planejado, eu só precisei fazer. Não esperava que as pessoas fossem gostar, mas percebi que tinham gostado, assim como ”Até em Planeta”.

Matheus Luzi – Agora deixo você a vontade para falar o que quiser.

Letícia Esteves – Estou muito feliz com o resultado da música e do clipe, foi um dos projetos mais lindos dos quais tive a oportunidade de realizar. Queria agradecer a quem me inspirou pra fazer a música, ao José que escreveu junto comigo, ao Junior Abreu, por ter me dado a oportunidade de produzir a música com ele, e ao Asaph por ter me dado a oportunidade de gravar o clipe junto com ele e por ter me ajudado a registar um sentimento que eu acho tão lindo. Sou muito grata a todos que me ajudaram e compartilharam o meu trabalho! Logo, logo, tem coisa nova por aí 🙂

Cena do clipe.

→ Ficha técnica – Videoclipe

Roteiro: Letícia Esteves e Asaph Guedes

Direção, montagem, edição e finalização: Asaph Guedes (@asaphfotografia)

Direção de Arte: Asaph Guedes

Assistente: The Barba

Ator: José Ferraz

→ Ficha técnica – Música

Autores: Letícia Esteves e José Ferraz

Voz/Violão: Letícia Esteves

Produção Musical: Junior Abreu

Mixagem: Junior Abreu

Masterização: Junior Abreu

administrator
Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.