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Eu, Matheus Luzi, já conheço o trabalho de Marc Yann há algum tempo. Seu jeito, sua música, e sua forma de se conectar com o público são características marcantes deste jovem artista paranaense de 26 anos.
Ele se diz “uma poc, gorda, afeminada e queer”, e sua arte é um misto de ousadia, coragem, música pop e letras geniais, que algumas vezes soam frenéticas, abusadas (no bom sentido da palavra, claro) e muito reflexivas, apesar do tom dançante.
100% independente, ele é um gestor de sua própria carreira, essa iniciada oficialmente com a chegada do seu primeiro disco digital, “Cartas para Charles”, entregue ao mundo em 2017. Depois disso, Marc lançou o álbum “Sem Lágrimas”, que, pelo menos na minha visão, apresenta a sua evolução artística e humana. Evolução que não para de acontecer.
Fora o som como um todo, que também engloba uma série de singles, Marc tem vários clipes lançados, com roteiros e danças que são características dele, mas também se apresenta como um bom influenciador digital, já que seus vídeos no Instagram (principalmente) levam seu fazer artístico muito além.
Marc Yann é um músico completo, que, aos poucos, conquista seu merecido espaço dentro do cenário pop brasileiro. Nós, inclusive, torcemos para que isso aconteça sem muita demora.
Matheus Luzi – Fazer música pop totalmente independente é possível. Você é a prova prática disso!
Marc Yann – Fazer música independente é possível, mas se você quiser seguir esse caminho, precisa entender que vai ter que trabalhar três vezes mais, estudar muito e enxergar sua carreira como um negócio que demanda tempo e dedicação. É transformar esse sonho em um objetivo real.
Matheus Luzi – Levando a questão anterior em consideração, te pergunto: como é criar suas músicas e todos os processos de gestão da sua carreira?
Marc Yann – Não existe uma fórmula para cada música. Para mim, nasce da perspectiva em responder uma pergunta: “o que eu quero entregar para mundo nesse projeto? ”, e isso pode ser um sentimento, uma história, um aprendizado, uma crítica. A partir daí crio um plano de como chegar nesse objetivo final dividindo em pequenas tarefas. Sempre digo que, você precisa ir um passo de cada vez, na produção de uma música é assim e no lançamento dela também, olhando para o que eu tenho e como dar visibilidade com os recursos disponíveis.
Matheus Luzi – Ainda sobre o pop, como você enxerga o cenário brasileiro e internacional?
Marc Yann – Estamos cada vez desmistificando esse mercado de forma que a cada dia surgem novos criadores de conteúdo, rompendo as barreiras de gravadora, verba, distribuição. São pessoas se conectando com pessoas, e não somente com uma música de dois minutos e trinta segundos. Cada vez mais vejo o mercado se nixando e as pessoas interagindo com aquilo que realmente faz sentido no mundo delas, e isso abre as portas para nós artistas independentes que estamos nesse universo mais pequeno.
Matheus Luzi – Sobre as letras que você escreve que envolvem muita ousadia: quais suas considerações? E mais, quais os comentários positivos e negativos a respeito?
Marc Yann – As letras que exploram ousadia fazem parte do meu processo de aceitação em entender que, não preciso tentar me encaixar em nada quando eu mesmo sou meu próprio universo e meu próprio padrão.
Matheus Luzi – Sobre os comentários negativos, como você lida com eles? Sei que é de um jeito amigável, pois você aparenta ser um artista e ser humano que gosta de seguir o seu próprio caminho, sem ligar muito para a visão alheia.
Marc Yann – Eu ligo para a visão alheia quando ela me desperta para algo que preciso melhorar, até porque, ninguém aqui é perfeito e estamos todos para evoluir e a gente evolui melhor em colaboração. Porém, quando o comentário não compreende minha jornada ou vem de um lugar de ódio, ele não me importa. É apenas mais uma pessoa frustrada no universo.
Matheus Luzi – Outra coisa curiosa no seu trabalho são as suas coreografias!
Marc Yann – [RISOS] E eu nunca soube dançar. Eu sempre quis colocar dança na minha carreira e achei a pessoa perfeita para fazer isso que é o coreografo e dançarino Bernardo Conrado, aqui da minha cidade, que soube entender minhas limitações e me ajuda a ir além. Encontrar amigos que te apoiam é isso: te mover para frente.
Matheus Luzi – Marc, eu sei que é difícil responder isso, mas para qual estação você acredita que o trem da arte irá te encaminhar?
Marc Yann – Para o trem onde me conecto com mais pessoas e que eu consiga viver da música, até porque, tenho boletos para pagar e quero poder pagar por meio da minha arte.
Matheus Luzi – Dentre todos os seus lançamentos, há algum ou alguns que você acredita ter sido um destaque(s) na sua trajetória artística?
Marc Yann – Com certeza o lançamento do meu primeiro álbum totalmente produzido por mim, onde consegui entregar uma era do pop completa: clipes, lives, performances, mesmo tendo pouca visibilidade; fiz isso gerenciando meu próprio negócio e adquirindo habilidades que me destacam na multidão.
Matheus Luzi – Fora o universo musical, o que você faz no dia-a-dia?
Marc Yannn – Trabalho com marketing e produção de conteúdo para o setor da educação. Sou honrado em trabalhar na maior empresa de educação digital do país, o Descomplica, e isso facilita o gerenciamento da minha carreira porque penso em estratégia 24 horas por dia. Fora isso, estou sempre no meu quarto criando algo para mim ou para meus artistas parceiros.
Matheus Luzi – Há alguma história ou curiosidade que você queira nos contar?
Marc Yann – Que no próximo ano vocês vão ver a minha segunda era e posso adiantar que é meu álbum mais coeso e vamos elevar as coisas. Será uma história e você vai querer saber para onde ela vai.
Matheus Luzi – Agora deixo você totalmente à vontade para falar o que bem entender.
Marc Yann – Quero agradecer a oportunidade em poder me conectar com as pessoas que estão lendo e agradecer por vocês abraçarem de verdade artistas independentes e nos ajudar a dar voz a nossa arte. Isso sim é ajudar e motivar, e vocês estão de parabéns.